MAIS UM DILUVIO RECIFENSE


Numa cidade com a geografia do Recife, o anúncio de chuvas é algo assustador. Cortada por rios e com um sistema de drenagem quase inexistente, os alagamentos são constantes.  A última calamidade veio com as chuvas da madrugada da quinta-feira (17/05) para a sexta.  Uma chuva constante e pesada, literalmente parou a cidade.

Acordei de madrugada para uma necessária micção e, por curiosidade, abri a janela. Uma névoa branca contrastando com a noite fria e a chuva intermitente. Confesso que fiquei assustado.  Moro em um local bem alto, a água não alcança, mas fico praticamente ilhado.  No dia seguinte fiquei impossibilitado de ir trabalhar. Passei a acompanhar via internet, rádio e tevê os relatos da calamidade.

Em tempos de interatividade, a informação chega instantaneamente. O mais interessante é que ela vem acompanhada de som e imagem. As redes sociais, nessas horas, cumprem um papel importantíssimo. Dei minhas contribuições postando as fotos de algumas ruas - incluindo a minha – alagadas aqui do meu bairro. 

Recife, nesses momentos, é uma cidade verdadeiramente assustadora.  Quando a chuva deu uma trégua saí para comprar pão e vi, numa rua em que morei há dois anos, carros com água até o teto.  A cidade não tem suporte para sanar problemas com essas dimensões. O que os assustados moradores sempre fazem é contemplar o dilúvio pela janela, ou sofrer quando alcançados pelas águas da Veneza Brasileira.  E a vida segue, de barco ou a pé, a vida segue.

O CANTEIRO DE OBRAS E UM GRANDE DESCASO


Para quem ainda não percebeu, a cidade virou um canteiro de obras, são os bons reflexos da Copa das Confederações e, sobretudo, da Copa do Mundo que se realizará em 2014. Transito entre Olinda e Recife cotidianamente e vou fitando, ao longo do trajeto, as alterações que estão em curso.

Duas grandes obras estão no meu caminho: O Túnel da Real da Torre e a modernização do eixo viário da Avenida Caxangá.  As obras do túnel, ainda em fase inicial, inacreditavelmente transcorrem sem causar grandes alterações no trânsito. Já a Caxangá, com o estreitamento da das duas vias, provoca longas retenções.  Hoje cruzei a avenida e notei que as gigantescas paradas (ou estações, não sei como vão chamar) de ônibus já começam a ganhar corpo.

Minhas observações urbanas, entretanto, constataram um grande descaso. Estive no Zoo de Dois Irmãos e fiquei desolado. Aquele imenso santuário, uma rica reserva de Mata Atlântica, abriga um zoológico entregue às baratas. Vários ambientes vazios com placas de obras que não existem. O parque está literalmente sucateado. Os próprios funcionários se queixam que os visitantes sempre se decepcionam ao constatarem o descaso.

Um zoológico sem girafa, sem búfalo, sem elefante, sem onça, sem hipopótamo, sem pavão, só pra citar as ausências mais marcantes. O museu e o aquário estão fechados assim como várias jaulas e covas.  Talvez seja por esses motivos que, em pleno sábado à tarde, o zoo estivesse vazio. Triste demais.  Espero que as obras de modernização da cidade contemple também esse importante espaço ecológico, afinal, receberemos muitos turistas.

TENTE ENTENDER A ESCADA ILUSÓRIA

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Imagens: Catsmob

OS TORCEDORES IMORTAIS


Pois então, hoje tem jogo do Santa aqui em Recife e eu não vou. Não vou porque não quero me submeter aos desígnios de quem detém o poder econômico e manda no pobre futebol brasileiro. Entretanto, não queimo meus neurônios tentando criticar a grade de programação da “Vênus Platinada”.  Eles compraram o evento, são os donos da festa. As críticas devem ser direcionadas aos que se venderam.

A tevê determinou, inclusive, mudanças no sistema de disputa. Proibiu a cobrança de penalidades. A lógica comercial: a partida de futebol é um evento da grade de programação, portanto, tem que ter hora para começar e terminar. Cobranças de pênaltis, em geral, extrapolam os horários pré-estabelecidos. 

Isso não é de agora, há alguns anos, a tradicional “Corrida de São Silvestre”, que era disputada na virada do ano, teve seu horário modificado para atender uma ordem  da tevê. Transmitindo no horário do réveillon o “programa” concorria com uma festa tradicional e perdia audiência. A longa história da corrida foi triturada para se adequar à programação.

O mais grave, no que se refere à “organização” esportiva, é a desvalorização de tradicionais times fora do eixo Rio-Minas-Sul-São Paulo. A tevê sempre privilegia na grade os times de lá. Os programas esportivos, mesmo nas edições nacionais, privilegiam os times de lá. O torcedor que aparece na novela é do time de lá, assim como o escudo na parede etc., etc., e etc.

O mostro foi criado e se alimenta da alienação dos torcedores pelo do Brasil afora que se esquecem de torcer pelos times locais e torcem pelo time que a tevê impõe. Eles passam a acreditar no que aquele locutor ufano brada descaradamente, veste a camisa de uma equipe que não tem nada a ver com ele. Antes eram só as crianças, hoje em dia, muito adulto com opinião formada entra na onda.

Dessa doença a torcida do meu clube do coração, o Santa Cruz, não sofre. O time foi jogado no limbo, no subsolo do inferno, mas a torcida não foi na onda da tevê. Pelo contrário, bateu recordes de presença no estádio e a tevê, mesmo a contragosto, teve que mostrar essa história. Se o monstro é invencível, nós, heroicos torcedores, somos imortais.

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QUESTÃO DE LÓGICA


A INTERNET A SERVIÇO DO MAL

Depois das explosões criminosas ocorridas na Maratona de Boston, mais uma vez, o mundo voltou-se para os noticiários americanos a fim de tentar entender - se é que isso é possível – as razões de mais um ataque terrorista. Como de praxe, várias conjecturas surgiram nos instantes seguintes à tragédia: norte-coreanos? Al-Qaeda? Taliban?

As respostas a esses questionamentos, dessa vez, foram assustadoras. O atentado que vitimou três pessoas e mutilou dezenas, nasceu da mente de um jovem imigrante russo que, segundo relatos dos amigos americanos mais próximos, parecia normal. Tamerlan  Tsarnaev, na verdade, conjugava duas personalidades bem distintas.  Numa investigação mais aprofundada, percebeu-se que em alguns lugares ele se comportava como um jovem introspectivo, muito calado. Com os amigos americanos, era falante.

A mente revoltada dele contaminou seu jovem irmão,  Dzhokhar, de 19 anos. O mais interessante nessa história é que a articulação desse sofisticado ataque terrorista teve origem em conhecimentos adquiridos na internet.  Da mesma forma que os conteúdos disponíveis na rede servem para o bem, atendem, também,  aos desejos de quem quer praticar atos de maldade.

Nas primeiras declarações de Dzhokhar no hospital, ele revelou que a confecção do artefato explosivo que seu irmão Tamerlan construiu resultou de tutoriais acessados na rede. Dentre eles, um manual terrorista publicado pelo Taliban.  O pior de tudo é que vários malucos pelo mundo afora certamente tomarão o feito dos irmãos Tsarnaev como um ato heroico e tentarão algo parecido.

Digitando no Google a expressão “como fazer uma bomba”, o site, instantaneamente apresenta milhares de opções de tutoriais de artefatos explosivos letais e de efeito moral. Se a pesquisa for feita em inglês, o idioma universal, a quantidade de sites quase dobra. O mesmo ocorre quando se digita “como fazer uma arma caseira”. O lado negro da força transita por esses sites. Pior: jovens sem nenhum tipo de desvio psicológico, alimentados por dramas e revoltas comuns na adolescência, acabam usando essas páginas para extravasar tornando-se terroristas sem causas, um comportamento ainda pouco estudado.

Dentre as muitas lições tiradas desse triste evento em Boston, a principal foi a assustadora constatação do poder maléfico da internet.  Como a rede é um universo quase que incontrolável que está presente na casa de qualquer um em qualquer lugar do planeta, pouco se pode fazer para barrar os conteúdos ruins.  Mais: o que muitos classificam como “ruim”, outros tantos classificam como necessário.  Os inaceitáveis manuais terroristas do Taliban são bibliografia obrigatória em vários países muçulmanos radicais.  Dizer se isso ou aquilo é ruim, depende de qual grupo social você pertence, esse é o problema.

CENA DA VIDA REAL

A INVERSÃO DA REALIDADE


Vi, nos últimos dias, várias matérias abordando o que a mídia, quase em uníssono, chamou de “descaso absurdo”. Em várias escolas de Pernambuco crianças assistindo as aulas sentadas no chão, improvisando cadeira como carteira e dividindo carteira com o colega. Essa realidade é, verdadeiramente, um absurdo.  A avalanche de matérias sobre o assunto, como de costume, culpou apenas o poder público. Errado!

Sou professor de escola pública há muito tempo, no meu cotidiano vejo que a origem do absurdo propagado na mídia está  no vandalismo dos próprios alunos.  As bancas – como são chamadas as carteiras aqui em Pernambuco – começam a ser quebradas no dia em que chegam.  De uma forma incompreensível, os móveis são destruídos sem nenhum sentimento de culpa.

Não vi nenhum pai de aluno na tevê reclamando do comportamento do filho ou do colega do filho por ter danificado uma banca. Mas, no fundo, todos sabem quem tem mais culpa nesse problema.  O poder público peca por omissão. A legislação é paternalista, protege quem comete esses delitos. Nas escolas militares, onde existe rigidez e punição para atos de vandalismo, a realidade é outra.

Transferência de responsabilidade

O pai falha na educação do filho e diz que a culpa é da tevê.  Aliás, a culpa era da tevê, agora é da internet.  A falta de estrutura familiar, na verdade, é que produz alunos quebradores de bancas, que desrespeitam os professores, que matam para roubar tênis, que se perdem nas drogas, que não respeitam as diferenças.  Enquanto a cultura da transferência de responsabilidades continuar, nada mudará.

A VOLTA POR CIMA DO LONG PLAY


Quem me conhece sabe, um dos meus maiores prazeres é colecionar coisas: revistas, devedês, cedês, livros, revistas e elepês, muitos elepês.  A época de ouro para os colecionadores das bolachas pretas foi o período de transição em que os cedês começou a tomar conta do mercado. Os velhos discos passaram a ser sinônimo de atraso, coisa ultrapassada. O preço despencou e nós, que nunca desacreditamos do valor deles, nos fartamos.

Lembro-me de um dia que fui ao centro para comprar materiais para o meu pai que fabrica bolsas. Ao passar pela rua Tobias Barreto (Centro do Recife), dei de cara com uma loja que exibia dezenas de caixas de papelão cheias de elepês.  Tudo vendido a cinquenta centavos a unidade.  Comprei, na ocasião, uns sessenta discos. Eram todos do espólio da Rádio Globo que havia mudando de nome – passou a ser CBN - e de foco, tornou-se um canal de notícias e desfez-se da sua discoteca. Ótimo para nós!

Para a minha felicidade – e de muitos – os elepês venceram a barreira da pós-modernidade e sobreviveram ao tecnicismo sonoro.  Os argumentos – sempre refutados – sobre a pureza e a fidelidade sonora dos discos a laser foram se perdendo no tempo.  Os aparelhos toca-discos sumiram por um tempo das lojas mas, aos poucos, devido à resistência de milhões de consumidores pelo mundo afora, voltaram a ser fabricados, inclusive, com as adaptações necessárias para serem acoplados aos equipamentos atuais.

A produção reduzida dos elepês tem reflexo negativo no preço do produto atualmente. Um lançamento gira em torno de oitenta a cem reais. Isso limita o consumo dos discos, inclusive, para muitos colecionadores, não só para o público em geral.  No que se refere à aquisição de equipamentos e acessórios, o corre o mesmo, os preços são bem salgados. Entretanto, com o crescimento atual do mercado, a tendência é que haja uma queda acentuada nos preços.

Para quem está interessado em readquirir toca-discos ou precisa de acessórios, uma das melhores lojas do Brasil – com vendas também online – é a “Casa dos TocaDiscos”. Confesso que estou eufórico com tudo isso e já voltei a comprar elepês.  O próximo passo será montar meu equipamento.  Já estou juntando os trocados!

A GEOGRAFIA DA DITADURA EM PERNAMBUCO


O Diário de Pernambuco publicou na sua edição de domingo, 31 de março, uma matéria especial sobre os momentos cruciais do início da ditadura militar de 1964 ocorridos no Recife.  A matéria contou com depoimento de ex-presos políticos como Francisco de Assis e Carlos Alberto Soares que relembraram as terríveis torturas sofridas nas dependências do DOPS. Além da matéria escrita o DP online divulgou um vídeo especial – confira abaixo – mostrando a “geografia da ditadura” em Recife. Em onze minutos, Francisco de Assis, Carlos Alberto Soares e o jornalista Marcelo Mário Melo revelaram detalhes dessa página sombria da história recente do Brasil. Marcelo, faz ainda, graves acusações: segundo ele, o Senador Jarbas Vasconcelos declarou em entrevista a ele que vários militantes do "CCC" (Comando de Caça aos Comunistas) ocupam ou ocuparam cargos públicos em Pernambuco. A denúncia teria sido entregue a Comissão Nacional da Verdade que investiga crimes ocorridos durante a ditadura militar. Confiram no vídeo.

Para saber sobre outros fatos da ditadura militar envolvendo pernambucanos, clique aqui

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