Numa
cidade com a geografia do Recife, o anúncio de chuvas é algo assustador. Cortada
por rios e com um sistema de drenagem quase inexistente, os alagamentos são
constantes. A última calamidade veio com
as chuvas da madrugada da quinta-feira (17/05) para a sexta. Uma chuva constante e pesada, literalmente
parou a cidade.
Acordei de madrugada para uma necessária
micção e, por curiosidade, abri a janela. Uma névoa branca contrastando com a
noite fria e a chuva intermitente. Confesso que fiquei assustado. Moro em um local bem alto, a água não alcança,
mas fico praticamente ilhado. No dia
seguinte fiquei impossibilitado de ir trabalhar. Passei a acompanhar via
internet, rádio e tevê os relatos da calamidade.
Em
tempos de interatividade, a informação chega instantaneamente. O mais
interessante é que ela vem acompanhada de som e imagem. As redes sociais,
nessas horas, cumprem um papel importantíssimo. Dei minhas contribuições
postando as fotos de algumas ruas - incluindo a minha – alagadas aqui do meu
bairro.
Recife,
nesses momentos, é uma cidade verdadeiramente assustadora. Quando a chuva deu uma trégua saí para
comprar pão e vi, numa rua em que morei há dois anos, carros com água até o
teto. A cidade não tem suporte para
sanar problemas com essas dimensões. O que os assustados moradores sempre fazem
é contemplar o dilúvio pela janela, ou sofrer quando alcançados pelas águas da Veneza
Brasileira. E a vida segue, de barco ou a pé, a vida segue.