
O Teu Cabelo Não Nega - Lamartine Babo – Irmãos Valença
O teu cabelo não nega mulata/ Porque és mulata na cor/ Mas como a cor não pega mulata/ Mulata eu quero o teu amor
Os versos acima, apesar de creditados também ao Lamartine Babo, foram compostos apenas pelos Irmãos Valença. O próprio Lamartine confessou o delito. A canção revela um forte preconceito racial quando o homem diz que quer o amor da mulata seguro que não vai “pegar a sua cor”.
Fricote – Luiz Caldas
Nêga do cabelo duro/ Que não gosta de pentear/ Quando passa na baixa do tubo/ O negão começa a gritar/ Pega ela aí pega ela aí/
Pra quê
Pra passar batom
Mais uma com preconceito racial. A negra que não penteia o cabelo nem gosta de se maquiar, como se isso fosse uma obrigação.
Loira Burra – Gabriel pensador
Existem mulheres que são uma beleza, mas quando abrem a boca, hum, que tristeza/ Não é o seu hálito que apodrece o ar, o problema é o que elas falam que não dá pra aguentar. Nada na cabeça, personalidade fraca, tem a feminilidade e a sensualidade de uma vaca.
Loira burra! Loira burra!
O preconceito contra as loiras é um estereótipo clássico da cultura brasileira. O preconceito não é percebido porque o alvo é uma mulher branca. Imagine se a canção falasse de uma “negra burra”. A letra denigre a imagem da mulher quando a compara com uma vaca.
Odeio Rodeio – Chico Cesar
Odeio rodeio e sinto um certo nojo/ Quando um sertanejo começa a tocar/ Eu sei que é preconceito, mas ninguém é perfeito/ Me deixem desabafar/
A calça apertada, a loura suada, aquele poeirão A dupla cantando e um louco gritando “segura peão”.
Essa canção não tem registro em cedê, é apenas tocada nos shows. O próprio autor confessa nos versos que está sendo preconceituoso. O alvo da crítica é o modelo de rodeio adotado no interior paulista, totalmente copiado do modelo estadunidense.
Cabeleira do Zezé – João Roberto Kelly
Olha a cabeleira do Zezé/ Será que ele é/ Será que ele é/
Será que ele é bossa nova/ Será que ele é Maomé/ Parece que é transviado/ Mas isso eu não sei se ele é/ Corta o cabelo dele!
Rua Augusta – Ronnie Cord
Entrei na Rua Augusta a 120 por hora/ Botei a turma toda do passeio pra fora/ Fiz curva em duas rodas sem usar a buzina/ Parei a quatro dedos da vitrina/ Hay, hay, Johnny/ Hay, hay, Alfredo/ Quem é da nossa gang não tem medo/
Meu carro não tem breque, não tem luz,não tem buzina/ Tem três carburadores, todos os três envenenados/ Só pára na subida quando acaba a gasolina/ Só passa se tiver sinal fechado/ Toquei a 130 com destino à cidade/ No Anhangabaú eu botei mais velocidade/ Com três pneus carecas derrapando na raia/ Subi a galeria Prestes Maia/ Tremendão/ Hay, hay, Johnny/ Hay, hay, Alfredo/ Quem é da nossa gang não tem medo
Essa canção do Ronnie Cord é um clássico da Jovem Guarda. A letra inteira exalta as infrações de trânsito. Absurdamente impensável nos dias de hoje.
Bata Nego – Helder Lopez
A minha mulher gostava/ Quando eu lhe batia/ Quando mais ela apanhava mais ela dizia/ Bata nego pode bater/ Bata com força que eu não sinto doer/ Não me incomodo que a vizinha/ Me chame de biriteiro/ Que eu não tenho dinheiro/ Pra comprar o pão/ Tenho satisfação sou/ Mulher de verdade/ Te peço por caridade/ Não deixe de bater não/ Bata nego pode bater/ Bata com força que eu não sinto doer
Essa música é mais conhecida aqui no Nordeste. Foi um grande sucesso na voz do forrozeiro Arlindo Julião. É um descarado hino machista.
Comments
7 Responses to “LETRAS DE MÚSICAS POLITICAMENTE INCORRETAS”
Amei esse post!!!Interessante como repetimos automaticamente certas letras sem ter consciência da ideologia nelas contida!Terrível dizer: "mas como a cor não pega" ,quer dizer que se a cor pegasse...
Na letra de Gabriel, em vez de preconceito, vejo uma crítica às "cabeça-oca de plantão" que só pensam em futilidades,em beleza exterior,que não têm cultura,conversa...
Cabeleira do Zezé é terrível,nem preciso comentar!
Rua Augusta deixa claro que é uma gang que comete essas infrações,ainda bem!Mas 120 por hora é mara,kkkkkkkk
Bata nego,recuso-me a comentar!Lixo!!!!!!!!!!
Depois da nossa conversa tive a ideia do post. Estou escrevendo uma segunda edição! Obrigado pelas sugestões!
Ed, ensaios resumidos geralmente ficam a dever. Sempre fica faltando algo cuja essência é óbvia. Não neste.
Sem palavras.
Abraço.
Poxa,que legal contribuir com esse blog que amo e admiro!Não precisa agradecer,sabe que é com muito gosto que participo dessa equipe!sugestões: panela velha- lavou tá nova- negra do cabelo duro,qual é o pente que te penteia...
Oi, Ed! Tudo bom?
Quanto tempo não passo por aqui! O blog tá lindo!
Olha, existem muitas músicas por aí que realmente demonstram enormes preconceitos e discriminações. Mas existem os preconceitos e existem os gostos pessoais. Eu, por exemplo, não sou nada a favor de rodeios, tanto pelo tipo de música tocada, pela forma de pensar dos grupos que participam dessas festas, mas, ainda mais por que acho o rodeio uma prática abominável. Deveria ser proibido por lei. Tô com Chico Cesar nessa!
http://sarapateldecoruja.blogspot.com/
Cara, sugiro Getting Better dos Beatles
"I uesed to be cruel to my woman and beat her and kept her apart from the things the she loves" (Costumava ser cruel com minha mulher, batia nela e a mantinha longe das coisas que gostava)
Vou pensar em mais...
Interessante, adorei esse e eh ótimo levar o conhecimento para pessoas q não tem, eu particulamente não conhecia essas músicas e hj sei q existem outras músicas imbecis q tbm denigrem a imagem da mulher em geral...
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