Pois então, curtindo o começo das minhas merecidas férias, achando o dia longo demais, fui rebuscar velharias num arquivo morto. Procurava por uma letra de música que escrevi há anos e acabei encontrando um relíquia – um julgamento particular, claro – da minha adolescência. No longínquo ano de 1979, quando eu cursava a 6ª série do ensino fundamental, revoltei-me contra meus colegas de classe porque eles não se interessaram em comprar livros.
Na época, diferentemente de hoje, livros paradidáticos nas escolas públicas eram artigos raríssimos, quase inexistentes. Vez ou outra aparecia um representante de editora oferecendo promoções coletivas. Numa dessas visitas, o representante de uma editora deixou um catálogo e alguns brindes para os alunos. A recomendação era de que só aceitariam pedidos a partir de dez livros. Escolhi um, convenci meu pai e dei meu nome a professora. Dias depois, a triste notícia: o pedido não poderia ser feito porque apenas eu me interessei pelos livros.
Diante dessa decepção, resolvi recorrer diretamente à editora. Fiz o meu pedido individualmente, contrariando a orientação do representante. Solicitei a compra de "A Ilha Perdida (Maria José Dupré)", o primeiro livro que li na vida. Também fui à diretoria e fiz uma queixa contra a professora de português. Argumentei que ela não se esforçou em convencer os alunos a adquirirem os livros. Fui repreendido por isso. Ganhei a antipatia dos colegas e da professora. Quanto a editora, bom, segue, abaixo, a resposta que me deram na época. Durante muito tempo entendi como um ato de respeito. Entretanto, analisando o fato hoje em dia, percebo que faltou sensibilidade ao gerente comercial da empresa. Rejeitar o pedido de um garoto de treze anos foi, no mínimo, grosseiro. O livro poderia até ter sido enviado como brinde, o que serviria como propaganda para os outros garotos também adquirirem.
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