A
cidade do Recife, como é sabido, teve uma ocupação desordenada e acelerada,
dadas as facilidades da sua geografia sem grandes elevações. O reflexo disso
percebe-se nos incontáveis problemas urbanos que a população enfrenta
diariamente. Dois desses problemas, trânsito e alagamentos, quando combinados ,
resultam num caos urbano que se repete de tempos em tempos na “Veneza
Brasileira”.
Ideias
sobre como resolver esses problemas aparecem muitas, mas, o “como fazer”, quase
nunca acompanha os mirabolantes projetos. Para ilustrar o que discorro nesse
breve post, faço um parêntese e lembro a fábula dos ratinhos e do queijo, cujo
autor desconheço. Fui apresentado a essa historinha pelo nobre professor, Jorge
Santana, numa aula de planejamento:
"Dois
ratinhos estavam dentro de um buraco observando um suculento pedaço de queijo
que repousava ao lado de um enorme gato. Ficaram os dois discutindo sobre qual deles correria o enorme risco de tentar pegar o queijo. Um deles se aventurou e foi
abocanhado pelo gato. Ainda vivo, na
boca do gato, o ratinho clamou para o amigo:
-Me
ajuda, por favor?
O
amigo que, estava protegido no buraco, mandou essa:
-Tenho
uma ideia: você se transforma num cachorro e detona o gato!
Intrigado,
o infeliz ratinho perguntou:
-Boa
ideia, mas COMO FAÇO ISSO? Ao que respondeu o planejador amigo:
-Bom,
eu dei a ideia, o COMO FAZER é com você, te vira!"
Uma
ideia que não é exequível, não é uma ideia, é um sonho. Todos os dias nos
deparamos com sonhos de reordenamento, rodízios, eclusas nos canais, túneis,
elevados, horário bancário noturno blá, blá, blá. No
meio desse turbilhão de problemas estava eu voltado do trabalho quando deparei-me com um aparato de guerra montado para escoltar o ônibus da seleção da Espanha
que resolveu treinar no horário de pico do trânsito do Recife. Os batedores iam ordenando o trânsito para
que a “Fúria” não ficasse engarrafada. Funcionou. Ficamos no caos e eles
seguiram tranquilos para treinar. Ao menos naquele momento, o “como fazer”
pareceu-me algo simples.