Há tempos eu queria
escrever um post sobre a ditadura militar. Dentre as tantas histórias de horror
envolvendo esse período negro do passado recente do Brasil, repousa a memória
da pernambucana Ranúsia Alves Rodrigues. Nascida na cidade de Garanhuns, era estudante
do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco. No
meio universitário, Ranúsia começou a militar no diretório acadêmico e
rapidamente chegou ao PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário).
Atuando
na clandestinidade, Ranúsia (que também usava os codinomes de: Florinda, Nuce e
Olívia) teve uma filha, Vanúsia. Por conta da militância política, Ranúsia teve
que abdicar da filha e como seus pais não aprovavam o envolvimento dela com
essa atividade clandestina, também não quiseram saber da criança. A
menina terminou ficando aos cuidados de uma empregada da família, Almerinda de
Aquino. Hoje em dia Vanúsia mora na periferia do Recife, no bairro da
Mangueira.
Ela
só tomou conhecimento da história da mãe em 1991, aos 22 anos, quando os
arquivos do DOPS foram abertos. Ranúsia tinha muito medo que a filha sofresse
algum tipo de represália por causa das suas atividades políticas. Não estava
errada. Em 1968, Ranúsia foi presa em Ibiúna, São Paulo, quando participava do
XXX Congresso da UNE, e libertada logo em seguida. Fiel à sua ideologia,
continuou lutando contra a ditadura militar. Foi brutalmente assassinada na
Praça Sentinela, Jacarepaguá (RJ), no dia 27 de outubro de 1973, juntamente com
Almir Custódio de Lima, Ramirez Maranhão do Vale e Vitorino Alves
Moitinho.
Os
três últimos morreram carbonizados dentro de um automóvel que explodiu com a
saraivada de balas. Ranúsia morreu metralhada fora do carro. Esse episódio foi
retratado na série “Anos Rebeldes”, da Rede Globo: a personagem usava o nome
fictício de Heloísa e foi brilhantemente interpretada por Cláudia Abreu. Na
série, por opção do autor Gilberto Braga, os companheiros de Heloísa (Ranúsia)
escapam ilesos. Confiram a cena na íntegra no vídeo a seguir :
Para mais informações sobre a biografia e a militância política de Ranúsia Alves Rodrigues acesse clique AQUI
Comments
24 Responses to “MARCAS DA DITADURA: A HISTÓRIA DA GUERRILHEIRA PERNAMBUCANA RANÚSIA”
Eu desconhecia o fato de a morte de Heloisa, de Anos Rebeldes, ter sido inspirada num episódio real.
Uau... eu não conhecia esse fato também e fiquei chocada ao saber.
É realmente muito complicado falar da ditadura militar, pois é um assunto complexo. Mas eu curto muito falar disso, pois foi uma época onde as pessoas lutavam pelos seus idéias e não tinham medo de nada, ao contrário de hoje.
Abs
Muitas histórias fantásticas e dramáticas poderiam ser contadas sobre as vítimas da repressão e do ponto de vista dos próprios repressores. Não entendo como os cineastas brasileiros deixam passar essas verdadeiras sagas...
Olha!! Dizer que eu sou a favor da ditadura não seria mto verdade, mas em termos, com certeza os dias atuais não seriam essa bundalização e essa pouca vergonha no governo.. Tudo bem que as coisas aconteciam por debaixo dos panos, mas...
É um assunto difícil de se falar.. se até obras de Jorge Amado foram censurados.. imagina o que seria hoje...
Chamo de Heavy Metal o conjunto da obra, afinal o melódico não deixar de ser uma vertante do Metal!!
Obrigada,pelo comentário!!
=*
Pois é, Ed... e eu ainda nao acredito que exista tanto adolescente dizendo que "bom mesmo era a ditadura militar"... Acho que só quem viveu naquela época (ou pelo menos estudou sobre ela) sabe como é angustiante viver com medo. A democracia é uma dádiva para os crentes e uma conquista do povo para os ateus... em ambas, é uma coisa BOA.
Eu não sabia disso, mas gostei bastante de saber...
Bom a ditadura militar foi uma coisa horrivel pelo que diziam meus avos...
Legal o blog
bjs
bom ainda há muitas coisas que não sabemos (eu tenho certeza)...foi uma época tensa mas algo ainda mágico que me envolve quando pego esse assunto para ler, me inspirar, ou até mesmo em uma discussão boba....
Ahhh só uma dica: para texto extensos o melhor seria letras com serifas, pois não cansa a visão do leitor...
=)
tchau
Ja li alguns livros que contam como era viver na epoca da ditadura....bacana seu texto,
bjao
Muito bom o texto, e bastante informativo!
eu acredito que existam muitas historias sobre a ditadura que poucos sabem...
Não me interesso sobre esse assunto mas tenho que admitir que foi bastante interessante e construtivo.
Parabéns!
www.jlouthings.blogspot.com
Legal
Belo post
Parabens
Ben
Eu admito que fiquei um pouco emocionado, na verdade faço parte indiretamente desta fato histórico.
Ed vc conseguiu fazer a entrevista que vc queria fazer com Nuzi?
Parabéns, o post ficou interessante agora sabemos mais a fundo do acontecido histórico.
Abraço e viva os 471 anos de Recife!
Essa é uma das cenas mais fortes de um dos trabalhos mais fortes de Gilberto Braga na TV. Bom saber o que há por trás disso.
SINOPSE INACABADA
Linkado, camarada.
abraço.
Uma história impressionante. Valeria um bom filme.
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Faltou apenas citar que a referida revolucionária, assim como Olga Benário, Luiz Carlos Prestes, Carlos Lamarca e outros que a mídia se encarregou de eternizar, não lutaram pela democracia, mas sim pela ascenção de uma nova ditadura, de corte soviético.
Por isso, não canto suas glórias.
Eram tão criminosos quanto os gorilas militares.
Nossa, não conhecia essa história!!! Muito interessante! Adorei seu blog.
Voltarei mais vezes.
Juliana Fernandes
Cultura
o/
É sempre bom ver relatos como esse... Valeu.
Nossa que legal ler iso, não conhecia a história desta garanhuense forte e guerreira, muito bom mesmo, conhecer um pouco da história, porém como falou o Pr Claudio Moreira, não sabia que as pessoas na ditadura lutavam pela vinda do comunismo, sempre achei os estudantes buscavam abertura , a democracia, coisa que não combina com o socialismo.
pois é, Walderia, muitos dos que lutaram contra a ditadura tinham objetivos diferentes da democracia.
Obrigado pela visita!
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