Por
esses dias estive viajando revisitando um lugar que eu não via há vinte e
cinco anos. Trata-se de uma cidadezinha litorânea, Maragogi, coladinha com
Pernambuco, lá no litoral sul. Uma maravilha. Na minha estada anterior, no longínquo
ano de 1988, fui a trabalho. Na verdade, era mais diversão do que labuta, eu
era crooner de uma banda de baile e fui animar uma festa de padroeira. Na época, Maragogi era apenas uma vila de
pescadores que se estendia margeando a BR. Atualmente, a cidade ganhou
equipamentos urbanos e oferece uma boa infraestrutura para atender os turistas
que chegam diariamente para nadar na imensa barreira de corais.
Nos
dias que passei por lá, além de me divertir bastante, fiquei observando o
cotidiano da cidade, que segue um ritmo de vida bem menos frenético do que eu
estou acostumado. Deu para perceber, claramente, que algumas pessoas sentiam-se
extremamente felizes com a vida que levavam ali. Lembrei-me, então, de um amigo
que sempre falava: “Meu pai precisa de pouco pra ser feliz, chega me irrita”. O
que ele queria falar, na verdade, era que o pai não tinha ambições que fossem
além do "pouco" que a vida lhe oferecia. Ele entendia aquela felicidade como
conformismo.
Hoje,
alguns anos mais velho, percebo que a felicidade não tem uma forma nem um
tamanho definido e isso é muito bom. Eu mesmo sou um exemplo disso, houve uma época da
minha vida que minha felicidade resumia-se a uma valise do tipo 007. Lá pela
minha adolescência eu era uma criança retraída que sonhava em ser cantor, escrevia
letras de músicas compulsivamente e as guardava dentro de uma valise preta que
era o meu maior tesouro. Meus melhores momentos resumiam-se as várias noites de
solidão com minha valise e meus textos que guardo até hoje. Até a solidão, um
monstro que assusta muita gente, era algo imperceptível diante da felicidade
que eu tinha em escrever aqueles textos.
Esse
modo de pensar foi levado ao pé da letra durante o movimento hippie em que
pessoas se desfaziam do supérfluo para viver, apenas, com o necessário em
harmonia com a natureza. Não cheguei a tanto, mas estive perto. O tempo foi
passando e eu fui adicionando – ou deixando chegar – outros elementos que
proporcionavam felicidade a minha vida. Um violão, um toca discos, um gravador,
minha coleção de discos, de revistas, meus livros, meus poucos amigos e meus muitos sonhos.
Viver bem, ao final das contas, é o resultado das suas escolhas e da
preservação do que realmente te traz felicidade.
Comments
2 Responses to “O NECESSÁRIO PARA A VIDA”
Ed, que belo texto. Me vejo nele, a felicidade não está nas coisas, nos outros, está em como vc vê as coisas e como convive com os outros. E quando a gente é feliz com o que tem, talvez seja realmente felicidade!
Oi Ed!
Já ouvistes falar "Simplicidade voluntária" ? Tudo a ver com este post. Optar por correr contra a correnteza do consumismo, capitalismo, do excesso, do luxo, do exagero.
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