Esse exemplo pode ser aplicado aos dias de hoje. Mudaram-se as fontes de informação – agora temos internet e tv – mas a premissa é a mesma: os mais bem informados dominam o mundo. Note, não falo apenas do conhecimento sistematizado. As informações adquiridas ao longo da vida são importantíssimas para determinar a posição do indivíduo na sociedade. Outro exemplo que ilustra bem essa máxima, refere-se ao Padre Cícero. Quem nos conta é o pesquisador Câmara Cascudo: “o padre Cícero era um homem querido e poderoso. Quando ele chegava num lugarejo qualquer do interior, ele tratava logo de conquistar o representante dos correios. Feito isso, ele confiscava todas as cartas e fazia uma leitura prévia antes que o destinatário a recebesse. Nos seus sermões ele fazia “revelações” (obtidas com a leitura das cartas) para os fiéis. Quando as informações se confirmavam, ele era chamado de santo. Tudo porque ele detinha informação”.
Quem já leu “O Príncipe”, de “Maquiavel”, está familiarizado com essa prática “ciceroniana”. Negar informação à população ajuda a perpetuar a dominação das elites. Fernando Henrique Cardoso quando era presidente do Brasil vetou a obrigatoriedade do ensino de filosofia nas escolas públicas. Sendo ele sociólogo, humanista, um ato desses nos leva a pensar que o veto tinha interesses não muito nobres. Termino esse post com um lema iluminista: “o homem só progride quando se livra das trevas da ignorância”.