80 ANOS DO MESTRE CHICO ANYSIO: MEUS DEZ PERSONAGENS PREFERIDOS

Sei que essa história de fazer listas sempre gera polêmica. A lista abaixo, do alto da sua subjetividade, leva em consideração apenas o meu gosto particular. Chico criou, ao longo de mais de sessenta anos de carreira, cerca de 150 personagens. Listar apenas dez constituiu-se numa tarefa dificílima. Deixei de fora personagens que eu curto muito como Meinha, Washington, Popó, Haroldo, só pra citar alguns. Depois de queimar alguns neurônios, elegi os dez que listo a seguir:



Professor Raimundo: Raimundo Nonato Nepomuceno é um dedicado professor brasileiro que, apesar do baixo salário, esforça-se para educar seus inusitados alunos. Foi um dos primeiros personagens criados por Chico Anísio tendo sido apresentado, primeiramente, no rádio e depois na tevê. O sucesso do Professor Raimundo foi tão grande que ele acabou ganhando um programa próprio: “A Escolinha do Professor Raimundo”. Bordões: “É vapt-vupt!”, “Vai comendo, Raimundo” e “E o salário, ó!”.


Nazareno: Nazareno Luiz do Amor Divino é um funcionário público que vive a maltratar sua horrorosa esposa Sofia (Leila Miranda) e a paquerar sua gostosa empregada. Nazareno humilha Sofia utilizando ditados populares e frases de para-choque de caminhão. Bordões: “Calada!” e “Tá com pena? Leva pra tu”.


Painho: Ruy de Todos os Santos é um típico pai de santo baiano que atende a pessoas famosas para falar sobre o futuro. Ajudado por várias filhas de santo, Painho sempre implica com a menina Cunhã. Esse esquete sempre se encerra com Painho levando um rapaz (às vezes um convidado famoso) para o seu cafofo. Bordões: “Afe, tô morta!”, “Sou doido por essa neguinha”.

Alberto Roberto: o caricato ator, e apresentador de um talk show, fez história ao lado do diretor Da Júlia (Lúcio Mauro). Alberto Roberto é uma sátira àqueles artistas que endeusam a si próprios e perdem a humildade. Nesse esquete, Alberto Roberto recebe um convidado – normalmente um artista- e suas gafes acabam tirando do sério o Da Júlia e o entrevistado. Bordão; “Te cuida, (nome de alguém famoso)”.


Pantaleão: Pantaleão Pereira Peixoto é um aposentado especialista em causos. Leva a vida contando histórias sentado na sua cadeira de balanço sempre assistido por sua esposa Tertuliana “Terta” (Suely May) e seu ignaro filho Pedro Bó (Joe Lester - foto acima). O personagem Pantaleão é uma colagem de várias personalidades conhecidas. O rosto foi inspirado em Dom Pedro II, a voz e o sotaque eram uma homenagem a Luiz Gonzaga e o jeito de ser lembra os velhos coronéis nordestinos. Bordão: “É mentira Terta?”.

Bento Carneiro: Valdevino Bento Carneiro é um vampiro brasileiro e caipira. Anda sempre com seu ajudante Calunga (Lug de Paula - foto acima) e tem como principais características a falta de coragem e a incapacidade de assustar as pessoas. Bordões: “Não creu neu, se finou-se”, “Bento carneiro, o vampiro brasileiro, ptzzz!”, “Tomou, papudo” e “Minha vingança sará maligrina”.


Justo Veríssimo: Justo Veríssimo de Santo Cristo é uma escrachada sátira ao político corrupto. Com seu característico bigode vassourão, Justo destila sua ojeriza contra os pobres e tudo que possa beneficiá-los. Bordões: “Eu tenho horror a pobre!” e “Eu quero que o pobre se exploda”.


Azambuja: Paulo Maurício Azambuja é um típico malandro carioca. Ex-músico e ex-jogador de futebol, vive aplicando golpes ajudado pelo seu fiel escudeiro Linguiça (Wilson Grey). Quando o golpe dá errado, Azambuja se safa e Linguiça paga o pato. Bordões: “Tô contigo e não abro”, “Arrebenta a boca do balão” e “Tá dando, tá dando”.


Tavares: Altino Belo Tavares da Cunha é um malandro carioca que deu o golpe do baú. Casou-se com a horrenda Elizabeth (Zezé Macedo), “carinhosamente” chamada de Biscoito. Alcoólatra e descolado, Tavares vive dando em cima da empregada gostosona. Bordões: “Sou, mas quem não é?” e “Business, business”.

Tim Tones: Timothy da Silva é uma paródia ao fanático religioso Jim Jones, famoso por organizar um suicídio em massa nas Guianas. Tim Tones organizava cultos para arrecadar fundos para a sua “caridade”. Nesse esquete, Tim Tones é inquirido por pessoas da plateia e suas respostas, quase sempre, são críticas à realidade brasileira. Bordões: “Podem correr a sacolinha” e “Que a paz de Tim Tones esteja em todos os lares”.



"CRIANÇA É PRA BRILHAR"

Outro dia assistindo a um episódio da sexta temporada de Supernatural me deparei com um questionamento proposto pelo roteirista: ceifar vidas é um duro oficio até mesmo para a morte. Explico: Dean, um dos personagens principais do seriado, recebeu da Morte a seguinte incumbência:”Serás um ceifador por um dia, adianto que, antes que o dia termine, desistirás dessa missão”. Ele aceitou o desafio e foi à luta. Acompanhado de uma belíssima ajudante ele deparou-se com uma cena de assalto em que o bandido perderia a vida. Com um leve toque no corpo do rapaz, Dean ceifou-lhe a vida. Fácil e prazeroso, pensou inicialmente. A segunda morte, porém, baratinou a cabeça do rapaz. Tratava-se de uma criança com câncer, uma linda menina de 13 anos, que teria sua breve existência encerrada.

Dean não cumpriu sua missão, não teve coragem de levar à morte a criança e desencadeou uma série de acontecimentos ligados a essa sua recusa. Até mesmo na ficção, pensar em crianças morrendo, pareceu-lhe inaceitável. Foi exatamente assim que me senti quando vi as imagens do massacre de Realengo. Criança morrendo é inaceitável, criança morrendo daquela forma é algo inimaginável na vida real. Investigar os motivos dessa barbárie, do alto da minha leiguice, parece irrelevante. Como prever a insanidade ou um acesso repentino de fúria?

Dizem que cada sociedade tem suas neuras. Pela segunda vez no Brasil, um ceifador maluco com discurso póstumo misturando religião e psicose, promoveu uma chacina e nos aproximou da tenebrosa prática tão comum nos Estados Unidos. Já tem gente alertando que se levantarem o número de mortes ocorridas dentro de escolas pelo Brasil afora, um genocídio virá à tona. Seja como for, saber de crianças morrendo me provoca uma tristeza profunda.

OS BRINQUEDOS QUE EU NÃO TIVE



Quando eu era garoto, lá pela adolescência, um dos meus maiores sonhos era ter um Forte Apache. Hoje em dia, obviamente, o “politicamente correto” aniquilou quase todos os brinquedos que colocam os índios como vilões e os brancos como mocinhos. Nos anos setenta era diferente, ninguém ligava, todo garoto queria ter o danado do “Forte Apache”, supra-sumo do imperialismo ianque. Não realizei esse sonho, birncava com miniaturas de índios e cowboys que minha mãe comprava no Mercado de São José.


Outro ícone dos brinquedos setentistas que eu sonhei e não consegui foi o truculento “Falcon”. Por ser um personagem militar lançado em 1977, durante a ditadura brasileira, a Estrela, fábrica de brinquedos que criou e distribuiu o boneco, sofreu duras críticas por fazer apologia ao militarismo. Lógico que a garotada não tava nem aí, todos queriam ter um exemplar do boneco que tinha cabelo e barba de verdade. O Falcon fez tanto sucesso que a Estrela lançou mais duas versões do brinquedo: ambas com uma tonalidade de pele mais morena e um deles sem a famosa barba. Em 1982, o herói barbudo saiu de linha e virou peça de colecionador.

Na linha eletrônicos, o brinquedo que eu mais detestei não ter tido foi o clássico “Genius”. Um simples sequenciador de luzes coloridas e som que virou febre na década de oitenta. A brincadeira consistia em repetir com toques a sequencia de sons e cores produzidas, aleatoriamente, pelo brinquedo com cara de disco voador. O sucesso foi tanto que a ideia virou um conceito repetido por vários games e brinquedos produzidos a partir de então. Ainda em catálogo, o brinquedo foi rebatizado de “Genius Simon”. Ainda terei um!


É muito triste, sem que muitos terão pena de mim, mas eu não tive um Caloi. Todo mundo teve, menos eu. Cansei de deixar aqueles bilhetinhos infames espalhados pela casa, “Não esqueça a minha Caloi”, mas sempre esqueciam. Ao menos, na época, os órfãos dessa bicicleta (sim, bicicleta, a Caloi não era uma 'bike') tinham as “garagens de locação”. Eu torrava minha mesada semanal alugando bicicletas, era muito divertido. Minha primeira e única bicicleta (que não era Caloi) ganhei num sorteio quando era funcionário de uma multinacional lá pelos meus vinte e cinco anos de idade.


Para finalizar esse meu leque de frustrações de infância, dois dos maiores clássicos dos brinquedos de todos s tempos: “O “Autorama” e “Ferrorama”. O primeiro foi inventado em 1912 mas só chegou ao Brasil em 1963. Desde então povoa o imaginário de quase todos os garotos. Se os garotos gostam de brincar com carrinhos, imagine com carrinhos de corrida numa pista particular? Um sonho! E o Ferrorama, quem nunca sonhou em ter um? O brinquedo reinou no Brasil na década de oitenta mas acabou saindo de linha na década seguinte.


Os apaixonados pelo brinquedo, desde que a Estrela encerrou sua produção, criaram campanhas, comunidades que pediam a volta do Ferrorama. Houve um grupo de aficionados que criou um desafiou: Provar sua fé pelo Ferrorama fazendo o Caminho de Santiago. Um site foi criado para divulgar a saga dos loucos apaixonados pelo trenzinho. Em 2010, enfim, a Estrela anunciou a volta do brinquedo. Todos comemoraram e aguardaram, ansiosos, o relançamento. A frustração foi total. A estrela importou um trem fabricado na China e nominou de “Novo Ferrorama”. Diferentemente da versão original, bem acabada, com riqueza de detalhes, o brinquedo atual mais parece uma peça descartavel.

Essas frustrações de infância, aparentemente, não deixaram sequelas, a tristeza ficou para trás e não passa de lembranças... buááááááááááááááááááááááááááááááááá!

A IMPORTÂNCIA DE SE PRESERVAR A MEMÓRIA


Outro dia, num desses momentos de reflexão, lembrei-me dos bons tempos de escola, dos amigos (sobretudo dos que não tenho mais contato), das farras, da inconsequência, enfim, desse mundo efêmero que, invariavelmente, para todos, se perde no tempo. Dessa época feliz da minha vida, além das lembranças, restou-me uma foto clicada em 1986 que ilustra esse post.

Pois bem, o resultado dessa minha viagem ao passado foi uma ideia: institur a foto oficial da turma. Claro, essa é uma prática antiga e tradicional em muitas escolas pelo mundo afora, mas nas redes públicas de ensino aqui em Pernambuco, esse importante registro escapa. Diriam os críticos derrotistas: “Em algumas escolas, sequer, eles tem o básico, que dirá foto oficial”. Indiferente a possibilidade de ouvir comentários como esses levei a ideia adiante que foi prontamente aceita pela coordenação e pela direção da escola.

Na base do improviso, fizemos quase todas as fotos. Os alunos das séries iniciais, da Alfa até o quito ano, trataram o evento como uma grande e importante novidade. Já com os adolescentes do sexto ao nono ano, com idades entre onze e quinze anos, os problemas começaram a aparecer. Aquela velha frase, “adolescente é complicado”, não saía da minha cabeça. Explicamos a importância daquele registro, que anos depois ele teriam um privilégio que não é comum nas escolas públicas de Pernambuco, relembrar através das fotos amigos, a escola, mas não adiantou. Alguns caminharam para o local da foto como se estivessem a caminho do cadafalso.

Os alunos do nono ano, os mais velhos, colocaram tantos obstáculos que resolvemos não fazer o registro. Numa breve análise da situação, facilmente, identificamos alguns indícios do porquê desse problema. Em algumas turmas pude perceber que o grupo foi contaminado por pequenos lideres que impuseram o seu pensamento de revolta contra uma atividade que vinha da instituição propagando a ideia de que a foto era “um mico”. Outros tantos não se identificam com a escola, não têm orgulho de estudar numa escola pública e não querem, portanto, eternizar esse período. Fora isso, tem o comportamento natural do adolescente de ser eternamente do contra.

Seja como for, fiquei, mais uma vez, triste com a falta de interesse dos alunos. Esse tipo de comportamento, aliás, inibe muitos profissionais de educação a buscar inovações. Sair do cotidiano da sala de aula, trabalhar com atividades voltadas para novas tecnologias, requer uma boa dose de paciência e perseverança para superar velhos hábitos. Muitos desistem pelo caminho.

ERA UMA VEZ EM 95


O ano de 1995 foi especialíssimo para mim: ingressei no mundo acadêmico depois de anos sem estudar e numa época em que, diziam as estatísticas, apenas um em cada dez estudantes de escolas públicas chegava à universidade, sobretudo à pública. Teve também o título do meu time do coração, o Santa Cruz. Mas nada se compara a emoção de ser pai. Exatamente às dez horas e trinta minutos do dia 22 de novembro de 1995, uma quarta feira, estava eu ansioso no apartamento do Hospital Nélson Chaves, aqui em Recife, vendo pela tevê o clip remake da canção “Free As A Bird”, dos Beatles, quando a enfermeira bateu na porta e informou: “Pai, sua filha chegou”. A partir dali, me tornei outra pessoa.

Lembro-me que minha irmã, Lene, estava do meu lado. Fiquei na janelinha de vidro olhando um enfermeiro manipulando, friamente (julgamento meu, claro), aquela linda criança de cabelos negros, minha filha Thais. Naquela mesma noite tentei confortar um pai que, entristecido, me deu os parabéns e me falou que seu bebê não nascera vivo.

Desse dia em diante me tornei mais responsável, perdi aquela inconsequência juvenil que teimava em não arrefecer apesar dos meus trinta anos. Os dias ficaram mais longos e alegres, absolutamente tudo ficou diferente. Ela era um bebê diferente, dormia ao som de Chico Science, tinha medo do carro de bombeiro, fugia por um buraco do portão (eu ficava desesperado) e me imitava quando eu estava tocando violão.

Agora ela está com 15 anos, moramos em casas diferentes, mas o sentimento é o mesmo, talvez maior. Minha filha é o meu bem mais precioso, por isso estou sempre por perto, será sempre assim. O cabelo dela agora é vermelho, está linda, anda escutando umas músicas estranhas (sei que isso passa, mas que passe logo), tem os problemas típicos da adolescência que, certamente, serão superados, e faz um velho professor, careca e tricolor muito feliz sempre que sorri e diz: “Dindo, quero falar contigo”.

Ave, Liz!

Um colunista social de um grande jornal de Los Angelis, ao ficar sabendo do oitavo casamento da atriz Elizabeth Taylor, comentou: "Ela deve ser uma péssima dona de casa, por isso vive se separando!". Quando tomou conhecimento desse comentário, a grande Liz Taylor soltou a seguinte pérola: "Ele está redondamente enganado, eu sou uma ótima dona de casa, todas as vezes que eu me separei eu fiquei com a casa." (Publicado, originalmente, 25 de dezembro de 2007)


PS: Republicado em homenagem a grande Elizabeth Taylor

DESCASO: PAINÉIS DE LULA CARDOSO AYRES DANIFICADOS PELA CHUVA


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Nesse breve post quero manifestar minha indignação com o descaso do Metrorec  em relação aos painéis(1984) do grande pintor pernambucano, Lula Cardoso Ayres, que "decoram" a Estação Central do Metrô do Recife. Como mostram as fotos, uma infiltração esta atingindo a moldura de uma das obras que corre sério risco de ser danificada. Pela importância desse artista e de sua obra, não se justifica tamanho descaso. Rogo aos responsáveis que se pronunciem quanto a esse absurdo.

SOBRE AS TRAGÉDIAS E A POBREZA

Nos últimos dias, as tristes notícias vindas do Japão, subverteram algumas “verdades” que, para muitos, pareciam inalienáveis. A certeza de que os japoneses podiam tudo e sabiam tudo sempre foi aceita por quase todo mundo. Outro dia, no rádio, um físico brasileiro explicava o porquê da fragilidade das usinas nucleares deles. Segundo ele, como o Japão não tinha tecnologia para construir suas usinas, terceirizou o projeto. Acentuou o cientista: “Quando você contrata uma empresa para fazer algum serviço, obviamente, ela faz de tudo para gastar menos e ter  mais lucro”.

As usinas japonesas foram construídas na década de setenta e são, para os parâmetros atuais, absolutamente obsoletas. A tragédia dos terremotos e dos tsunamis revelou essa mácula da, antes inabalável, reputação de onipotência nipônica. Desde então, todos os dias, surgem notícias mostrando defeitos e detonando críticas ao outrora perfeito modelo econômico japonês: “Os japoneses trabalham muito, a altíssima concorrência no mercado de emprego faz com que muitos jovens desempregados cometam suicídio ou vivam em depressão”.

Existe hoje, na internet, vários pedidos de donativos para os japoneses. Confesso que achei estranho. Tive o mesmo sentimento quando vi na tevê as vítimas do Katrina em New Orleans. Imagens que fazem parte do cotidiano dos países subdesenvolvidos e miseráveis, quando vistas associadas a países ricos e desenvolvidos parecem ter um peso diferente. No caso do Japão, a tristeza é ainda maior. No passado sofreu com duas bombas atômicas, agora, sofre com tragédias ligadas a três elementos da natureza: Terra (terremoto), água (tsunami) e ar (nuvem radioativa).

Perguntarão alguns: E o Haiti, os países africanos, os esfomeados da América Latina, por que ninguém faz nada? Pobre sofrendo e morrendo, ao que parece, é coisa normal.

EU, OS AZULEJOS E O COMERCIANTE

Tenho um hábito cotidiano: tomar café na padaria. Não sei o porquê, mas o café, o queijo e até o pão com manteiga são diferentes. Frequento uma padaria antiga, de nome Lisboa, como tantas outras pelo mundo afora. A padaria fica em frente a um movimentado ponto de ônibus por onde transito desde criança. Lembro-me que ficava fascinado com o desenho de uma caravela e de uma torre pintados nos azulejos logo acima das prateleiras. Ao longo dos anos, o senhor tempo transformou esse simples estabelecimento comercial numa das minhas mais ternas lembranças de infância.

Outro dia, chegava eu para o meu café matinal e dei de cara com um monte de tapumes. O local estava em obras e eles atendiam num anexo. Mendes, o atual dono, revelou-me, orgulhoso, que a padaria estava sendo ampliada. Perguntei-lhe: “E os desenhos nos azulejos?”. Friamente, o COMERCIANTE respondeu: “Derrubei tudo!” Engoli seco e tornei a perguntar: “Mas não tinha como retirar para recolocar na parede nova, ou conservar a relíquia?”. Ele me respondeu: “Nada, a parede tava atrapalhando”.

Esse, sem dúvida, foi o café da manhã mais indigesto que tomei desde que me entendo por gente. As fotos que ilustram esse post foram tiradas com o meu celular, numa manhã do mês de junho (notem os balões) do ano passado enquanto eu tomava café. Não, não vou mudar o meu velho hábito, mas decidi: quando o novo estabelecimento COMERCIAL for inaugurado, mandarei emoldurar as fotos dos azulejos e darei de presente ao COMERCIANTE.

O JORNÁLIA DO ED ULTRAPASSOU A MARCA DAS 100 MIL VISITAS. OBRIGADO AOS LEITORES!

CAPITÃO ZUZINHA E A GÊNESE DO FREVO PERNAMBUCANO

Um dos nomes mais importantes da história do frevo, sem dúvida, é o Capitão Zuzinha, figura praticamente desconhecida do grande público. Nascido na cidade de Catende, no dia 10 de fevereiro de 1889, José Lourenço da Silva, o Capitão Zuzinha, participou ativamente da gênese do ritmo musical que hoje é a marca registrada do carnaval pernambucano.

Com apenas 17 anos, Zuzinha começou sua carreira de regente estando à frente, nessa época, da Banda Saboeira de Goiana. Foi nessa época também que começou a compor: escreveu a valsa “Saudades da Minha Mãe” para homenagear sua genitora. Zuzinha passou toda sua infância na cidade de Goiana transferindo-se depois, já com 26 anos, para a cidade do Recife onde assumiu a função de mestre da banda da polícia militar.

As raízes do frevo estão intimamente ligadas com a prática da capoeira. No inicio do século XX, os capoeiras eram fortemente reprimidos pela polícia. Os foliões que acompanhavam bandas de frevo pelas ruas do Recife, nessa época, sofriam a mesma repressão. Valdemar de Oliveira, em um artigo publicado na obra “Bandas Centenarias” escreveu sobre esses episódios:

“Em 1901, vinha chegando de Pau d'alho, Zuzinha, hoje capitão José Lourenço da Silva, mestre da banda da Força Policial de Pernambuco. Tomou a batuta da banda do 40° de Infantaria. Ele, e mais Juvenal Brasil, do Lenhadores, e Manuel Guimarães, do Vassourinhas, é que começaram a dar forma ao frevo. Já o Carnaval botava na rua grandes clubes pedestres — os Caiadores, os Lenhadores, as Pás, os Empalhadores do Feitosa... Por esse tempo, a introdução do frevo ainda era calma. O povo se mexia pouco. Talvez, porque nesse tempo, a polícia tivesse começado a campanha contra os capoeiras, mandando Valdevino, João de Totó e Jovino dos Coelhos para a detenção, outros para Fernando de Noronha, outros, diretamente, para o necrotério. Pouco a pouco, as introduções foram tomando o seu caráter violento, impetuoso, desabrido. O povo se foi expandindo, deixando de cantar, tomando gosto na coreografia, firmando os passos. Chegou, o frevo, ao que hoje é, sem muita diferença com o que era há dez ou quinze anos passados.”

Capitão Zuzinha faleceu no Recife, em 1952, aos 63 anos, deixando, estre as suas mais famosas composições, o Hino de Olinda. Sua maior contribuição, entretanto, foi ter ajudado a transformar o frevo na maior expressão cultural de Pernambuco. Meus respeitos, Mestre Zuzinha!

Fontes:

* Ponto de Cultura - Bandas Centenárias

* Site Prefeitura de Olinda

* Fundação Joaquim Nabuco

TOP 10 FREVOS DE BLOCO

1 - VALORES DO PASSADO (EDGAR MORAES)




2 - EVOCAÇÃO Nº1 (NELSON FERREIRA)




3- MADEIRA QUE CUPIM NÃO RÓI (CAPIBA)




4 - HINO DE BATUTAS DE SÃO JOSÉ (JOÃO SANTIAGO)


5 - ÚLTIMO REGRESSO (GETÚLIO CAVALCANTE)


6 - FREVO DA SAUDADE (NELSON FERREIRA - ADEMAR PAIVA)


7 - A DOR DE UMA SAUDADE (EDGAR MORAES)



8 - AURORA DE AMOR (ROMERO AMORIM - MAURÍCIO CAVALCANTI)



9 - O BOM SEBASTIÃO (GETÚLIO CAVALCANTI)



10 - TERCEIRO DIA (JOSÉ MENEZES - GERALDO COSTA)
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