Ainda
estava acordando, ontem, e o telefone tocou. Era meu bom e velho
amigo, Carlos – Doido, para uns, Anormal, para outros – com uma
euforia de dar gosto informando sobre a vinda de Paul McCartney ao
Recife. Igualmente a ele, estou eufórico e incrédulo. Apenas cinco
meses depois de Ringo, mais um beatle aportará no Recife. Para quem
não é beatlemaníaco, é apenas um show, para nós não, é a
comprovação mais que perfeita de que o impossível, realmente, não
existe.
Falam
que o show será no Arruda, o templo sagrado do Santa Cruz. Estou
sempre por lá torcendo, sofrendo, sorrindo com o meu clube do
coração que vem se erguendo aos poucos. Quando fui ver Ringo levei
uma faixa do Santa, se realmente Paul cantar no Arruda será mais uma
dessas coincidências que embelezam a vida. E quem é Paul? Paul é
aquele cara lá daquela cidadezinha portuária e cinzenta da
Inglaterra que ajudou a transformar uma bandinha de colégio numa
fábrica perene de sonhos. Ele é um dos caras que ajudaram a me
manter vivo nos momentos dificílimos por que passei lá pelos meus vinte
e poucos anos. Enquanto uns rezavam e outros faziam análise, eu
ouvia música numa velha vitrola. Ouvia Beatles, sobrevivi por isso,
não tenho dúvidas.
Quem
transita por aqui sabe que ele não é o meu beatle favorito, Lennon
ocupa o posto de ídolo precípuo, mas Paul também é um gigante. É
um dos lados do mais famoso duo do pop rock mundial. É o boa-praça
dos teclados requintados, do imortal baixo Hofner, do amor eterno por
Linda, do toque romântico da banda, dos pés descalços na faixa, do
olhar engraçado. A violência nas partidas de futebol me afastou do estádio nos dias de clássico. Se Paul vier mesmo cantar no Arruda,
abrirei uma exceção, esse clássico eu não perco!