"O CAMPO DOS BALÕES GIGANTES" (MY STRAWBERRY FIELDS)

Tive uma infância paupérrima em recursos materiais, mas riquíssima em aventuras e histórias pra contar. Lembrei-me, outro dia, do “Campo do Jiquiá”, um local arborizado espremido entre a linha férrea e o bairro onde eu cresci, a Mangueira. Eu e meus amigos brincávamos nesse local. Costumávamos ir ao campo, (que chamávamos de “marinha”, pois o local abrigava um quartel dessa arma) para pegar frutas e passarinhos. Nessa época, entrar na “marinha” era uma aventura e tanto. O local era vigiado por guardas navais que perseguiam os garotos invasores. Quem fosse preso ficava detido prestando serviços no posto: varrendo, limpando banheiro, essas coisas. Eu morria de medo, mas nunca fui pego. Entre os locais que “visitávamos” estava uma velha torre coberta pelo mato rasteiro. Os mais velhos diziam que era “a torre onde soltavam balões gigantes”. Essa lírica definição referia-se aos dirigíveis, costumeiramente chamados de “Zeppelin”, uma referência ao seu inventor. Não tínhamos noção ,na época, mas a Torre da Marinha era o antigo campo de atracação de Dirigíveis, o “Campo do Jiquiá”. A torre existe até hoje: é a única no mundo preservada em sua estrutura original. Nem na Alemanha existe uma relíquia dessas. Ela foi conservada não por consciência histórica das autoridades, mas por estar fincada numa área que sempre foi militar. O governo, aliás, cometeu um equívoco imperdoável. Construiu, ao lado da torre, uma estação de tratamento de esgoto. Algumas entidades protestaram e existe agora uma possibilidade desse patrimônio ser recuperado. O local foi transformado em área de preservação ambiental e o governo do estado promete restaurar essa importante relíquia. Eu ainda moro no bairro da Mangueira e sempre vejo a torre da janela do metrô. O sonho de ver ali construído um parque temático ainda povoa o meu imaginário. Confira abaixo algumas imagens do local e da passagem do Graf Zeppelin pelo Recife:

O RECIFE VISTO DO ZEPPELIN - 1936

O ZEPPELIN SOBREVOA O
CENTRO DO RECIFE - 1936
IMAGEM ANTOLÓGICA: O ZEPPELIN
SOBREVOANDO A CÚPULA DO PRÉDIO
DO DIÁRIO DE PERNAMBUCO
O RECIFE DA DÉCADA DE 30 VISITADO POR UM GIGANTE VOADOR O ZEPPELIN CHEGANDO AO CAMPO DO JIQUIÁ - 1936 O ZEPPELIN ATRACADO NO CAMPO DO JIQUIÁ - 1936 A MENINADA DO BAIRRO DA
MANGUEIRA FAZENDO FESTA
COM A VISITA DO GRAF ZEPPELIN QUE
APARECE AO FUNDO - 1936 O ZEPPELIN NO CAMPO DO JIQUIÁ VISTO DO BAIRRO DA MANGUEIRA
TORRE DO ZEPPELIN
CAMPO DO JIQUIÁ - 2008

Atualizado em 16/03/2012

Depois de anos de espera, finalmente, a Prefeitura do Recife anunciou a criação de um parque temático no Campo do Jiquiá. O parque, segundo informações da assessoria de imprensa da Prefeitura, abrigará um planetário e um museu de ciências. Abaixo, um vídeo do JC eito durante a apresentação do projeto realizada no dia 16 de março de 2012.

Comments

25 Responses to “"O CAMPO DOS BALÕES GIGANTES" (MY STRAWBERRY FIELDS)”

Luiz Marconi disse...
9 de outubro de 2008 às 19:59

que legal velho, até este momento nunca me oassou pela cabeça que tinha um lugar especifico de onde saiam os dirigíveis uhauahuaadshd nunca parei rpa pensar.

Danilo Cruz disse...
9 de outubro de 2008 às 20:09

Muito interessante! Você dever ter muitas histórias para contar, mesmo.

Anônimo disse...
9 de outubro de 2008 às 20:14

legal o blog!

Yara Lopes disse...
9 de outubro de 2008 às 20:14

Nossa gostei muito do texto
e principalmente das fotos

bjoo

http://www.jujubacombanana.blogspot.com/

Luccas Balacci disse...
9 de outubro de 2008 às 21:50

eu queria ver um zeppelin voando na minha frente!
Acho que a maior relação que eu tenho com um zeppelin é a banda Led Zeppelin!
xP

Abraços!
http://blogtroublemaker.blogspot.com/

Anônimo disse...
9 de outubro de 2008 às 21:56

Quero eu ter dessas coisas para me lembrar quando for mais velho.

Não que eu tenha nove anos, mas, minha infância (que ainda existe) foi toda na rua, brincando, mas... não tenho nada disso, de história, lugares especiais. Todo meu cenário era industrial, só.

=)

Você escreve bem (y)

James Bond disse...
9 de outubro de 2008 às 22:00

Adorei essas fotos, muito legal.

Flá Romani... disse...
9 de outubro de 2008 às 22:05

Caramba, que texto legal. Nunca imaginaria ler um texto sobre esse assunto em nenhum blog. E as fotos.... hummm, amo fotos antigas, adoreiiii

Anônimo disse...
9 de outubro de 2008 às 22:19

nossa,eu nunca vi um dirigível de perto ( comentário mais idiota do mundo!!! kkkk)
achei o seu texto bem legal e as fotos tb!!!
bjs

Viviane Righi disse...
9 de outubro de 2008 às 22:48

Nossa, que post interessante!
Não pude deixar de voltar no tempo e lembrar de algumas peripécias da minha infância.

Ela é uma época que não volta mais, "fisicamente" falando, mas na nossa mente, podemos regressar sempre que quisermos dentro de um belo e inesquecível Zeppelin.

Grande abraço!

Anônimo disse...
9 de outubro de 2008 às 23:04

Sempre adorei zeppelins! Eles têm um quê de sonho. Não parecem máquinas deste mundo. Aliás, não parecem máquinas. Abraços!

Erich Pontoldio disse...
10 de outubro de 2008 às 10:55

Que fotos maravilhosas ... eu adoro fotos antigas.

Parabéns pelo texto e pelos dados. Conhecimento é sempre bom adquirir.

Anônimo disse...
10 de outubro de 2008 às 11:21

Poxa, Ed, que fotos maravilhosas. Eu sou fascinado pela história que as edificações antigas escondem.

Fiz uma reportagem pra faculdade, inclusive, sobre um roteiro que eu criei de casas e galpões antigos aqui em SP. É uma viagem no tempo e uma aula de história.

10 de outubro de 2008 às 11:27

Oi, Ed!

A sua cidade é uma das mais lindas do Brasil, isso não resta dúvida. Ler a sua história agora, que conta também de uma forma tão intimista a história da cidade, é muito interessante. Faz tempo que não vejo um balão desses...sou doido para voar disso...deve ser mágico!

Abraço,

------------------
http://cafecomnoticias.blogspot.com

Unknown disse...
10 de outubro de 2008 às 15:26

Meu velho,voçê me surpreende a cada texto,maravilhooooooooso!!!,parabéns, e o bom é que eu vou viajando junto com voçê nessas aventuras.Já levei algumas carreiras dos navais daquela época,voltei ao tempo e me vi jogando bola no campo da marinha e depois tendo que me lavar nos barreiros que ali existiam ou ainda existem,não sei.VALEU!!!Adorei as fotos,sim passei um e-mail para o jornália do ed depois dá uma olhada.BLZ?

blog disse...
11 de outubro de 2008 às 06:02

Vc falou em definições líricas, Ed, mas lirismo, de verdade, são essas fotos.
Que maravilhas!
Espetaculares.

ED CAVALCANTE disse...
14 de outubro de 2008 às 00:12

Vandré,meu nobre, obrigador por ser leitor do meu espaço. Quanto aquele e-mail com a Amazônia internacionalizada, é falso. Aquilo alí roda na internet, mas não existe nenhum livro de geografia nos Estados Unidos que mostre as figuras descritas. Isso é coisa de internauta. Muito obrigado pela contribuição, pode enviar outras se quiser.

Anônimo disse...
14 de outubro de 2008 às 22:54

Acho muiot lindo um dirigível, quem me dera um para dar umas voadas por ai.

Belas fotos garoto que acervo maravilhoso, parabéns

RUBENS CORREIA
www.blogdorubinho.cjb.net

Anônimo disse...
16 de outubro de 2008 às 00:16

Relíquias estas fotos hein... Não sabia que em 1936 já existia zeppelin no Brasil, achei cedo demais. Mas que bom, sinal de desenvolvimento.

ED CAVALCANTE disse...
16 de outubro de 2008 às 11:18

Caro Oiyes, os Dirigíveis que aportaram em Recife no ano de 1936 não eram brasileiros. Eles eram alemães. Ok?

Abraço!

Bete Meira disse...
16 de outubro de 2008 às 14:55

Belo texto,belíssimas fotos... pena que você nunca foi capturado pra prestar serviços,eheheheheh... infância movimentada,caro Ed,boas lembranças! Parabéns!Bjin

Bete Meira disse...
23 de outubro de 2008 às 23:46

Voltei pra dizer que te reconheci por trás da garotinha e ao lado do loirinho,na foto que mostra a visita do Zeppelin à Mangueira,tá com um lindo sorriso,caro Ed,kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Unknown disse...
26 de outubro de 2008 às 12:04

muito legal profesor,mais não lembro alí em jiquiá daquela torre.. o senhor deve ter muitas historias mesmo pra contar.

Anônimo disse...
2 de janeiro de 2012 às 10:31

Show de bola. Precisámos de gente como você que mantenha viva a história pernambucana de uma forma saudosista, poética e atual. Abraços. Sérgio

ED CAVALCANTE disse...
2 de janeiro de 2012 às 19:42

Sérgio, obrigado pelo elogio e pela visita!

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