terça-feira, 14 de outubro de 2008

MÓRBIDO MARKETING (ENSAIO SOBRE A TRISTEZA)

Outro dia, assistindo ao filme “Capítulo 27”, que conta a história do assassinato de John Lennon sob a ótica do seu algoz, Mark Chapman, acabei percebendo uma coisa: algumas pessoas e alguns lugares entraram para história alavancados pelo mórbido marketing de um crime. No caso do assassinato do Lennon, um lugar e duas obras foram “beneficiados”. O lugar, claro, o soturno edifício Dakota, onde tudo aconteceu. O prédio (construído no século XIX) também foi cenário do filme “O Bebê de Rosemary” e sempre atraiu a atenção das pessoas por conta dessa aura mórbida. A obra: O livro do J. D. Salinger, “o Apanhador No Campo de Centeio”, que Chapman trazia consigo no dia do crime e que ficou folheando após consumar o ato. Durante suas viagens psíquicas ele imaginava ser o "Holden Caulfield", personagem principal do livro. A outra obra é a música dos Beatles, “Helter Stelker”, que Mark Chapman gostava justamente por estar ligada a outro crime: Em 1969, a atriz “Sharon Tate” (A Dança dos Vampiros), esposa de Roman Polanski, foi morta pelo lunático “Charles Manson” e por seus seguidores, que alegaram ter se inspirado na canção para cometer o crime.
A cidade de “La Higuera”, na Bolívia, é mundialmente conhecida porque foi palco de uma morte ilustre: no dia 09 de outubro de 1967, Ernesto Guevara de La Serna, o “Che Guevara” , foi morto pelo exército boliviano. A cidade vive do turismo e das lembranças dessa ilustre tragédia. História parecida aconteceu em “Angicos”, uma fazenda do sertão de Sergipe. Nesse local o cangaceiro “Lampião” foi morto junto com seu bando. O lugar é conhecido no nordeste inteiro como “a última parada de Lampião”. A clássica (e mórbida) imagem das cabeças expostas na escadaria da fazenda (que você confere clicando aqui) correu o mundo, foi publicada no New York Times.
O lugar mais famoso e visitado da cidade de “Dallas” (EUA) é a avenida “Dealey Plaza”. O local ficou mundialmente conhecido no dia 22 de novembro de 1963 quando, diante de uma multidão e das câmeras de TV, o presidente dos Estados Unidos, John Fitzgerald Kennedy, foi assassinado. Turistas que visitam a cidade fazem questão de tirar uma foto no local. Na avenida, existe uma demarcação no asfalto indicando o local exato da tragédia.
Termino esse post lembrando-me de Hiroshima e Nagazaki. Essas duas cidades entraram para a história com o mórbido marketing de aproximadamente 200 mil mortos. No espaço de três dias, duas bombas atômicas, “Little Boy” e “Fat Man”, produziram uma carnificina que trasformou essas duas cidades em símbolos eternos da estupidez humana. Melhor seria o anonimato.

15 comentários:

blog disse...

Uma postagem no mínimo curiosa, Ed, sobre morte e publicidade. Holden Caufield, o célebre "revoltado" de Salinger, não merecia ser citado por Chapman, afinal HC é um personagem positivo, intrigante - apesar de parecer o contrário.
Só uma pergunta: Che não morreu em 1967?

Abraço.

ED CAVALCANTE disse...

Certíssimo, Grijó, o Che Guervara morreu em 1967. Foi um lapso já corrigido!


Obrigado!

Philipe Satheler disse...

Bem... eu não entendo muito este assunto pois sou muito novo! (14 anos)

Pra mim isso tudo é abrobinha, mas quero parabenizar o autor do blog. O blog é simples e muito bem organizado, tudo certinho. Parabéns!

http://maluconews.blogspot.com/

.. disse...

Muito boom! Muito bem escrito, muito bem pensado!

Nat Valarini disse...

Boa noite!

É este post me fez pensar quantas vidas, fatos e coincidêcias ligam um lugar ao resto do mundo.

Alegre ou triste, amado ou odiado, traz lembranças suaves ou densas?

Tudo depende a experiência de cada indivíduo.

Anônimo disse...

Isto é mesmo um fato. Lembramos mais das bizarrices e eventos mórbidos do que as coisas agradáveis. A mídia ajuda... Li esta semana sobre Mark Chapman e em como, até hoje, ele narra o acontecido, para os ouvintes ávidos de morbidez. Acho que o filme que farão é baseado neste livro que você cita, a história sob a ótica dele.

Gostei da lembrança do delicioso filme "Dança com Vampiros" de Roman Polansky, embora tenha sido citado em uma situação tão triste.

Quero também agradecer sua visita e espero que continue acompanhando o conto. Ainda virão mais emoções impróprias.

Beijos

Bruno Moura disse...

Destino ou Acaso ?
Segundos algumas pessoas... DEja vu, seria qndo vc se vê em uma cena até então já vivida por Vc, em uma outra ocasião!
Talves fosse o tal do deja vu, que aconteceu no mundo.. ainda acontece né.
Ah Certas Tragedias que eu fico mero desconfiado.. com a pulga atras da orelha..
Mas é isso ai, gostei do Post!

D Z disse...

Ed, é incrível como coisas negativas, muitas vezes, mais que as positivas, se tornam inesquecíveis...

Parabéns pelo blog e pelo texto

Abraços,

Dany Z.

Erich Pontoldio disse...

Toda vez que saio em visita guiado por alguma cidade, o guia sempre mostra os locais trágicos. No final do passeio adivinha o que é que vc lembra??? Lógico...a tragédia chama muito mais a atenção.

Anônimo disse...

Acho que estou precisando me atualizar um pouco... nunca assisti nenhum dos filmes citados, nem o livro, nem a música =D Mas conheço a foto com as cabeças expostas, uma foto daquela é difícil de esquecer...

Bete Meira disse...

Parabéns,ED!Mais um texto muito bem escrito e verdadeiro.Concordo que melhor seria ficar no anonimato do que ser lembrado por tragédias!

Anônimo disse...

Adorno está impaciente em sua cova. O marketing cultural sempre se apoiou naquilo que não é a obra. Grandes obras que só tem tamanha proporção graças a fatores externos, sejam eles crimes, acidentes ou não. O ultimo capitulo dessa história é o filme do Batman, nada poderia alavancar mais o filme que a morte de Ledger.

Dário Souza disse...

Po muito legal,axo que vc devia fazer um parte II desse post,falando de fatos brasileiros relacionados ao assunto,tipo o edificio joelma.

Dedinhos Nervosos disse...

Nossa, quantos fatos interligados. Mas a morbidez sempre atraiu a maioria das pessoas. É só ver o caso do "momento", o dessa moça que foi assassinada pelo namorado maluco depois de mantê-la presa durante dias com a amiga. Se uma mera desconhecida conseguiu juntar 5 mil num enterro, imagine o que personalidades como essas que vc citou? É curiosidade pra sempre.
Bjos.

Iara De Dupont disse...

Muito legal teu blog! Se puder me visite, http://sindromemm.blogspot.com
Valeu!

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