
Outro dia, folheando minha velha Carteira de Trabalho, deparei com a cifra de 780 Cruzados, meu salário na época. Puxei pela memória e não consegui construir uma imagem que me desse noção do que representava essa soma de dinheiro naquele tempo. Sei que não era muito porque se tratava de um salário de comerciário. Estranho é não poder materializar uma soma monetária que existiu há tão pouco tempo.
O dinheiro brasileiro tornou-se volátil por causa da inflação galopante. Mensalmente a moeda era triturada e perdia valor como num passe de mágica. Na década de 80, do século passado, a caderneta de poupança, por exemplo, era reajustada mensalmente num percentual superior a 50%. Era a chamada correção de inflação. Na verdade, o rendimento era quase o mesmo de hoje, pouco mais de meio por cento. Exemplificando: Num reajuste de 52%, 51,5% correspondiam à correção de inflação e 0,5%, ao rendimento real.
No início da década de 90, o piloto Michael Shumacher protagonizou uma história que serve de exemplo para se entender a volatilidade das moedas brasileiras. Ele estava no Rio de Janeiro para participar, pela segunda vez, do Grande Prêmio Brasil de Fórmula Um. Shumacher pegou um táxi e, ao final da corrida, tentou pagar com algumas notas de Cruzeiro Real que guardara do ano anterior. O taxista, sorrindo, informou-lhe que aquela soma de dinheiro (que pagara a corrida do ano anterior) não pagava nem um cafezinho.
Os anos se passaram, chegamos ao Real e nos acostumamos com a estabilidade econômica. Hoje em dia, é inimaginável pensar em cédulas de dez mil ou cem mil, como era comum na época do dinheiro volátil. Refresque sua memória e relembre (ou conheça), abaixo, algumas cédulas que circularam no Brasil nos últimos setenta anos:
Comments
4 Responses to “ERA UMA VEZ O DINHEIRO VOLÁTIL”
Bacana vc ter escrito esse post.
A geração atual (a maioria dos blogueiros é bem jovem) nem faz idéia de como era a vida com inflação - q desapareceu em 1994, com o plano Real.
Lembro-me que as coisas tinham preços diferentes de manhã e à tarde, que muita coisa passou a ser cotada em dólar.
Outros tempos!
Lembro-me bem de muitas dessas notas. :)
Foi por causa da inflação galopante, que surgiram hábitos como a compra do mês, que vem deixando de ser um costume aos poucos. É complicado imaginar uma inflação de 80% ao mês. É como receber no dia 1 e no dia 30 esse dinheiro não valer mais nada! Ainda bem que não peguei essa época...
Abraços, Robson
www.atrilhasonora.blogspot.com
Podia pegar um povo dos dinheiros velhos (Carlos Gomes, Vila-Lobos, etc.) e colocar nas notas novas pra embonitar.
Interessante seu post.
Meu avô colecionava moedas, tem cada moeda antiga na coleção dele, que nunca tinha visto.
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