
Por analogia, lembrei-me de outras situações em que a releitura fez sombra sobre o original. Obviamente, a lista abaixo baseia-se na subjetividade do meu gosto e provocará discordância.
Stand By Me (Jerry Leiber – Mike Stoller) – Essa canção, originalmente gravada por “Ben E. King” em 1961, foi regravada por John Lennon em 1975 no álbum Rock 'n' Roll. Virou um mega hit a ponto de muitos acharem, hoje em dia, que essa versão é que é a original.
Mr. Moonligth (Roy Lee Johson) – Essa canção é um clássico do rhythm & blues britânico gravado, originalmente em 1962, pelo lendário pianista negro “Piano Red”. A versão feita pelos Beatles em 1964, incluída no álbum “Beatles For Sale”, é parecidíssima com a original. Batidinha de bolero, segunda voz o tempo todo. Duas diferenças, entretanto, podem ser notadas: o órgão caribe usado no solo (no original o solo foi feito com uma guitarra estilo havaiana) e a voz estridente de Lennon muito diferente da melodiosa voz do Piano Red. A versão dos Beatles ficou bem melhor e fez sombra sobre o original.
Vapor Barato (Jards Macalé – Wally Salomão) – Esse clássico da chamada “mpb cabeça”, aquela linha de músicas cultuadas no meio universitário, teve dois remakes que ficaram melhor do que o original e fizeram mais sucesso. A primeira releitura veio em 1971, com Gal Costa, no disco “Gal Fatal”. A música ficou eternizada na voz da diva da emepebê. Em 1996, o grupo carioca “O Rapa” fez uma releitura da canção para o disco “Mapa Mundi”. A música virou um hit nacional, fez tanto sucesso que até Gal Costa voltou a cantá-la nos seus shows naquele ano. Vale ressaltar que a versão original é intimista, não foi concebida para tocar no rádio. Mesmo assim, esse é mais um caso em que a releitura fez sombra sobre o original.
Você Não Me Ensinou a Te Esquecer (Fernando Mendes – José Wilson – Lucas) – Esse clássico da música brega (refiro-me ao estilo musical e não à classificação pejorativa) foi gravada originalmente em 1979 por um de seus autores, o cantor Fernando Mendes. A música virou um dos maiores hits do gênero na época. Em 2003 foi incluída na trilha sonora do filme “Lisbela E O Prisioneiro” e ganhou uma versão feita por Caetano Veloso. A música voltou às paradas de sucesso e perdeu o estigma de “música brega”. As rádios especializadas em emepebê tocaram a versão do Caetano sem o menor preconceito. Mais um caso em que o remake fez sombra sobre o original.
Como Os Nossos Pais (Belchior) – Em 1976 o cantor cearense Belchior gravou essa épica canção. A música virou um dos hinos da emepebê da década de setenta. Nesse mesmo ano, Elis Regina gravou a antológica versão incluída no álbum “Falso Brilhante”. A interpretação dela conferiu à canção o status de clássico da emepebê. Mais um caso em que uma releitura fez sombra sobre a obra original.
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2 Responses to “QUANDO O REMAKE FICA MELHOR DO QUE O ORIGINAL”
Ed, mais um post seu que me deixa instigado a pensar em outros exemplos... rapidamente lembrei de All Along The Watchtower de Bob Dylan regravada por Jimi Hendrix. O próprio Dylan disse que a versão ficou melhor e ele nos shows a executa. Um outro exemplo é Got My Mind Set On You que George Harrison foi buscar num lado B de compacto dos anos 50 (nesse momento não recordo que a gravou primeiro) e transformou no seu segundo maior hit em 1989 (o primeiro foi My Sweet Lord de 1971).
Pretendo fazer uma segunda edição desse post, suas duas dicas estão anotadas. Gosto demais de Got My Mind Set On You, tinha esse disco em LP.
Abraço!
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