Vi,
por acaso, o efusivo discurso do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso criticando a morosidade das obras que darão suporte a
realização da Copa do Mundo aqui no Brasil. Não foi surpresa vê-lo
tentando alfinetar um governo do PT. Fez isso durante todos os
mandatos de Lula e volta à tona, agora, para bombardear Dilma. O que
me causou surpresa foi o tom de voz e as palavras usadas por ele. O
velho político, que sempre ostentou o perfil de gentleman, subiu nos
saltos e gritou ao microfone: “Os aeroportos não ficarão prontos
a tempo e farão puxadinhos...”.
Hilário
ver o renomado sociólogo que, durante um de seus mandatos,
contrariando a sua formação humanística, vetou a obrigatoriedade
do ensino de filosofia nas escolas públicas do Brasil, falando em coerência. O lado
político falou mais alto. Quem estuda filosofia desde as séries
elementares, aprende a abstrair, a conhecer a si próprio, a
questionar. Que político, afinal, defenderia isso? Coube ao
“iletrado” Lula corrigir o equívoco do seu antecessor.
A
mesma matéria do telejornal que apresentou o furioso FHC mostrou
que ele agora corre o mundo levantando a bandeira da
descriminalização da maconha. O ex-presidente, no seu final de
carreira, resolveu construir uma imagem que eu definiria como “o Al
Gore dos noiados”. Qual é a do FHC, quer ser presidente de novo?
Sua peregrinação e seus gritos diante das câmeras já estão
surtindo efeito. A mídia está noticiando. O negócio é aparecer
para não ser esquecido.