
Quando eu era garoto, lá pela década de 70, um dos meus programas preferidos era ir ao centro do Recife. Nessa época ,meu pai e seus irmãos tinham uma fábrica de bolsas na rua de Santa Rita, centro velho da cidade, um lugar cheio de história. O prédio ,onde funcionava o fabrico ,era perto do tradicional Mercado de São José. Meu pai tinha (tem até hoje) muitos amigos por lá. Em um dos boxes, onde ele sempre parava ,tinha uma placa com a inscrição “MAURITZSTADT”. Não lembro o nome do dono, mas certa vez lhe perguntei:
-O que significa isso? E o velho me respondeu orgulhoso:
-Esse era o nome do Recife na época dos holandeses.
Anos depois, na escola, descobri detalhes desse período glorioso da história de Pernambuco e o porquê dessa epígrafe. Quando “Johann Moritz of Nassau-Siegen” aportou no Recife, em
Maurício de Nassau também soube lidar com as diferenças de culto. Calvinista de formação, permitiu que os nativos ,que haviam se convertido ao catolicismo ,e os portugueses continuassem com suas práticas religiosas. O mesmo tratamento foi dado aos judeus, muito perseguidos pelos lusitanos. Nassau era um obstinado: queria transformar o Recife numa cidade moderna seguindo os moldes da Europa. Todo o traçado urbano dos bairros de São José e Santo Antônio remonta dessa época. Era o que ele denominava “Projeto da Cidade Maurícia – a Mauritzstadt”.
O projeto de Maurício de Nassau foi interrompido porque ele entrou em conflito com a Companhia das Índias Ocidentais que estava cobrando empréstimos feitos aos senhores de engenho. Nassau não concordava com a forma de cobrança (deveria ser parcelada e estavam cobrando de uma só vez). Ele entregou seu posto e voltou para a Europa em 1644. Maurício de Nassau morreu no dia 20 de dezembro de 1679 na cidade de Kleve. No Recife ele virou lenda, fez até um boi voar. Mas isso é história para um outro post!