LEMBRANÇAS DO MAD

Com a casa em reforma, precisei esvaziar o quarto onde guardo minhas memórias. Mexendo numa das gavetas, esquecidas, dei de cara com os poucos exemplares que restaram da minha coleção “Mad”. Rapaz, que saudade dessa revista! Humor inteligente, negro às vezes, mas com muita consistência. A crítica aos desvarios da sociedade sempre foi um prato cheio para essa turma.

Para quem não conhece, a revista veio ao mundo, em 1952, pelas mãos do empresário Willian Gaines e pelo editor Harvey Kurtzman, ambos integrantes da lendária linha de revistas EC Comics. Ironicamente os primeiros ilustradores que trabalharam na produção das primeiras revistas da linha “Mad”, eram os que produziam as revistas com textos bíblicos, primeiro produto da EC Comics.

No Brasil, a revista fez sucesso e virou um artigo Cult. Pelas mãos de Otacílio D’assunção, o Ota, começou a ser publicada em julho de 1974, na editora Vencchi, com o nome de “Mad em Português”, fazendo um híbrido entre textos americanos e nacionais. A revista teve altos e baixos, passando a ser publicada, posteriormente, pelas editoras Record (Mad In Brazil-1984), Mythos (Novo Mad - 2000) e atualmente pela editora Panini.

Há tempos não leio a revista, tenho dificuldade de encontrá-la aqui no Recife. Dei uma vasculhada e vi que a edição de abril desse ano já saiu. Não sei se continua com a mesma qualidade (ou melhor), mas o certo é que “Mad” tem uma história marcante e mora no imaginário de muita gente por aí afora. A quem interessar, descobri uma página interessante onde é possível acessar várias informações sobre a revista no Brasil, inclusive todas as capas. Clique aqui e confira.

QUANTUM OF SOLACE - GOD SAVE THE BOND


Sempre fui fã do James Bond, aprendi com meu pai. Vi vários filmes do 007 nas inúmeras reprises, das madrugadas, na tevê. No cinema vi todos com o Roger Moore, o segundo melhor a encarnar o famoso agente britânico (dizem). Outro dia, de tanto ouvir meus alunos falarem, fui ver o “Quantum of Solace”, segundo filme do novo James Bond, Daniel Craig. O cara é tudo, menos James Bond. Várias cenas me lembraram o “Duro de Matar”. O charme do personagem se dilui completamente nas intermináveis cenas de ação. É preciso ter muito fôlego e paciência para acompanhar. Você percebe que o James Bond mudou para pior quando “M”, personagem da Judi Dench, suplica: “por favor, faça um esforço para não matar ninguém”. Mas ele sempre mata, mata friamente.
O que escrevo aqui, falei com alguns amigos que, de imediato, chamaram-me de velho. Alardearam que James Bond está adequado aos tempos atuais, à “linguagem do cinema atual”. Sou analfabeto nesse assunto, mas argumentei que seria estranhíssimo ver o Ben-Hur dilacerando cabeças e sorrindo depois de cravar uma espada no peito de um infeliz qualquer. O mítico personagem perderia o brilho. “Quantum of Solace” é um espetáculo visual, não é cinema. Transformaram James Bond num matador de aluguel sem charme nem carisma. Não sou radical, assisto a todo tipo de filmes. Mesmo assim, vendo esse “novo” James Bond, senti-me como se estivesse vendo um filme com o Carlitos falando ou Super-Homem atirando em bandidos. Gostei não!

DIFÍCIL É SER DIFERENTE

Outro dia, minha filha mais nova me falou: “minhas amigas ouviram meu Mp4 e não gostaram de nenhuma música”. Perguntei o porquê e ela falou: “elas ouvem brega, swingueira (o que será isso?) pagode. Fiquei felicíssimo! Nem tudo está perdido. Já escrevi aqui que me acostumei aos guetos e o amigo Grijó, do Ipsis Litteris, corrigiu-me dizendo que os pequenos grupos, que gostam de coisas de que a maioria não gosta, não são guetos, mas focos de resistência. Seja como for, a realidade é essa. As pessoas vão sempre estranhar que você não goste daquele cantor que aparece no Faustão, ou daquele sensacional intérprete que ganhou o concurso do Raul Gil. Você vai ser sempre o diferente. Claro, não falei essas coisas para minha filha mas ela vai descobrir com o tempo. Dei como exemplo a música, mas esse modelo aplica-se a todos os segmentos da cultura. Agora, uma coisa é certa: para ser diferente é preciso ter personalidade forte e muito, muuuuuuuuuuuito saco para aguentar a chateação dos outros!

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NÃO, NÃO FOI UM SONHO, O IRON MAIDEN VEIO MESMO AO RECIFE

No início da década de oitenta Recife estava longe do circuito dos grandes shows de rock. Que eu me lembre, tivemos por aqui apenas o showzaço do Rick Weikman acontecido em 1981. Eu e meus amigos ficávamos a pensar: “quando o Iron Maiden virá ao Recife?” Bom, depois de quase trinta anos o grande dia chegou. Acordei ansioso quase não acreditando que a minha banda de have preferida, com sua formação clássica (Bruce Dickinson no vocal), tocaria logo ali, do lado da minha casa. O Iron Maiden é uma lenda viva do rock dito pesado. Tem uma legião de fãs pelo mundo afora. Nas ruas em torno do jóquei clube, local do show aqui no Recife, dezenas de ônibus de todo o Nordeste. Muita gente acampou em frente ao local. A turma de preto invadiu a cidade.

O show? Sensacional! Antes teve um "shouzinho" de abertura com a filha de Steve Harris, o baixista do Iron. Apresentação chinfrim, mas ela é a filha do “home”, aí a turma dá essa colher de chá. Mas quando o Iron subiu ao palco, agradeci por estar ali! Que show! Com o palco ainda escuro eles tocaram um trecho de Transylvania. Mas a abertura, de fato, aconteceu de forma apoteótica com Aces High, literalmente uma explosão. A banda continua com o mesmo gás. O grande destaque, claro, foi a garganta potente de Bruce Dickinson. Quem conhece a história dessa banda sabe que a saída de Paul Dianno e a entrada de Bruce Dickinson foi um divisor d’água. E o Dave Murry? Dentre as três guitarras do Iron, a dele se sobressai. É o eixo central de todos os solos. Meu amigo Mané, que assistiu ao show do meu lado, por várias vezes me alertou sobre o virtuosismo desse cara. Foram duas horas de puro êxtase. Que venham outros dinossauros! Segue um vídeo com a abertura do show gravado do meio da galera, dá para sentir o real clima do show.

UMA BELA MÚSICA, UM VELHO AMIGO E AS AGRURAS DA VIDA

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Outro dia encontrei, por acaso, um velho amigo! Joselito ou Lito, como sempre o chamamos. Infelizmente, ele não anda bem de saúde, vive num mundo paralelo. Há muitos anos , lá pela década de 80, eu andava alucinado por ter descoberto os Beatles. Lito, que era um dos amigos que compartilhavam comigo dessa euforia, foi o responsável por eu descobrir uma bela canção do Fab four. Lembro que numa tarde estava a ver tv quando ele chegou com um disco (vinil) e me pediu que escutasse uma canção. Era “In My Life”, que ele ouvira no vinil emprestado de um tio beatlemaníaco. Adorei a música com aquele inusitado solo de cravo. Entrou para minha lista das preferidas. A letra dessa linda canção, de Lennon e McCartney, fala de amores e amigos, coincidentemente. Eis um trecho:
“Há lugares dos quais vou-me lembrar por toda a minha vida, embora alguns tenham mudado. Alguns para sempre, e não para melhor. Alguns se foram e outros permanecem. Todos esses lugares tiveram seus momentos com amores e amigos, dos quais ainda posso-me lembrar. Alguns estão mortos e outros estão vivendo. Em minha vida, já amei todos eles”. Dedico esse post ao meu velho amigo Lito, de tantas noitadas, violões e, muitos, muitos sonhos de ser pop star. Torço para que se recupere e aproveito para agradecer por ter-me apresentado a essa linda e inesquecível canção! Ouça:

OS ADORÁVEIS (E INCOMPREENDIDOS) ANOS OITENTA

Dias atrás estive envolvido numa sadia discussão no Ipsis Litteris, ótimo blog do amigo Grijó. Página bem frequentada, boa para troca de ideias. Algumas questões interessantes foram levantadas nas críticas feitas ao glorioso rock dos anos oitenta. Falou-se da falta de grandes instrumentistas, virtuoses. Discordei, claro, e deixei minha lista de instrumentistas que incluía Edgar Scandurra. Houve quem falasse que ele era mediano e não conhecia escala porque tocava com as corda soltas (???). Hilária essa afirmação. Não sou um virtuos0, mas também toco guitarra e estudei, por quatro anos, violão clássico. Basta ouvir o (ótimo) solo de “Dias de Luta” pra sacar que o Edgar conhece, sim, escala. Fiquei me perguntando: quem dos Beatles era um virtuoso instrumentista? Ao que me consta, só lá no Rivolver é que o George começou a mostrar seus rif’s. Mesmo assim os Beatles produziram discos antológicos que servem de referência até hoje. Em quase todas as listas de grandes discos, feitas nos Estados Unidos e na Europa, tem sempre, pelo menos, dois discos do Clash entre os 20 melhores. Nessa banda ninguém sabia cantar e tocavam pouquíssimo. Não me venham falar de razões mercadológicas porque música punk não toca no rádio!!!!!

E o Renato Russo? Depois que esse grande letrista virou artista popular, virou estampa de camiseta como o Che Guevara, passou a ser detestado pelos intelectuais. Sim, muita gente tem vergonha de dizer que o Renato é grande, afinal, o povo gosta, né? Se ele ficasse esquecido no underground longe do “embreguecimento” da mídia, tenho certeza, veríamos justos elogios a canções como “Tempo Perdido”, “Metal Contra As Nuvens”, “Teatro dos Vampiros”. Sou uma pessoa melhor porque ouvia (e ainda ouço) essas canções, não tenho dúvida. Memória afetiva? Sim, afetiva, criteriosa e calcada na razão. Segue um vídeo com versão ao vivo da belíssima Teatro dos Vampiros, Legião Urbana.

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