DIALOGANDO COM A CANÇÃO

Epitáfio (Sérgio Brito)

Devia ter amado mais

Ter chorado mais

Ter visto o sol nascer

*Devia mesmo. Amei pouco, quase nada. Já o choro, sempre correu solto comigo, mas sempre chorei escondido. Vi o sol nascer inúmeras vezes. Cada vez foi diferente da outra. A aurora é um fenômeno que se renova todo dia.

Devia ter arriscado mais

E até errado mais

Ter feito o que eu queria fazer...

*Arrisquei pouco, essa é uma das minhas frustrações. Deixei o tempo passar achando que em algum momento as coisas aconteceriam como na tv. Errei pouco porque arrisquei pouco. Pequei por omissão, devia mesmo ter feito o que eu queria fazer

Queria ter aceitado

As pessoas como elas são

Cada um sabe alegria

E a dor que traz no coração...

*Aí eu acertei a vida inteira. Nunca alimentei a ilusão de querer mudar alguém. Alegria e dor são sentimentos particulares. Alguns sorriem de situações que nos outros causam lágrimas. As pessoas, felizmente, são diferentes.

O acaso vai me proteger

Enquanto eu andar distraído

O acaso vai me proteger

Enquanto eu andar...

*Ficar ao sabor do acaso combina com a minha aura de incrédulo. Não é fácil, mas é um caminho. Acredito que as coisas acontecem independentemente da fé ou da ausência dela.

Devia ter complicado menos

Trabalhado menos

Ter visto o sol se pôr

*Quem me conhece agora, acha que trabalhei muito. Que nada. Até os vinte e oito anos eu vivi de luz. Alimentava-me dos acordes do meu violão, que encobriam os gritos do meu pai e curavam minha tristeza.

Devia ter me importado menos

Com problemas pequenos

Ter morrido de amor...

*Nunca me importei com as chatices do dia-a-dia. Tem gente que se irrita e perde o dia apenas porque o arroz grudou na sandália ou porque o creme dental estava sem tampa. Nunca fui assim! Morrer de amor? Isso não é pra mim (nem pra ninguém).

Queria ter aceitado

A vida como ela é

A cada um cabe alegrias

E a tristeza que vier...

*Aceitar a vida como é, soa como comodismo pra mim. Esse erro eu cometi. Briguei pouco (quase nada) pelos meus sonhos. Isso faz você envelhecer duas vezes mais que os outros.

O acaso vai me proteger

Enquanto eu andar distraído

O acaso vai me proteger

Enquanto eu andar..

Devia ter complicado menos

Trabalhado menos

Ter visto o sol se pôr...

BREVE COMENTÁRIO SOBRE O BIG BROTHER BRASIL

O Big Brother Brasil chega à décima edição tendo como ponto central o conflito. A produção escalou participantes polêmicos e excluiu a inclusão na casa através do sorteio. Isso impedia a escolha do perfil, já que qualquer um poderia sorteado. Para ocupar essas duas vagas, a produção do BBB resgatou antigos participantes que tiveram a chance de voltar à casa numa prova em que dependiam dos novatos para confirmarem o regresso.

O que se verificou, depois de duas semanas de programa, é que a produção do BBB 10 resolveu explorar a face negra dos indivíduos. Em uma das provas os participantes tiveram que pichar a foto dos concorrentes para eliminá-los. O resultado, claro, foi o conflito. Muitos se sentiram ofendidos por terem seus rostos pichados e revidaram. Após a realização da prova continuaram os comentários e os ânimos foram acirrados.

No domingo passado, o BBB começou a sortear automóveis para os telespectadores que ligaram para o programa. Até aí tudo bem. Entretanto, um detalhe do sorteio revelou o verdadeiro intuito da produção: para ganhar o carro, o sorteado teria que delatar um dos BBB's entregando seu voto do paredão. Assim foi feito. Dicesar, que votou na “amiga” Tessália, teve o voto revelado em público. Obviamente a delação rendeu mais um conflito.

A grande diferença, entre essa edição e as anteriores, é que a produção do programa está criando situações que induzem os participantes ao conflito. Por quê? Muito simples: os melhores índices de audiência foram registrados justamente quando aconteceram barracos. Como o que move o programa é a audiência, essa fraqueza humana continuará sendo explorada em cadeia nacional.

BAADER-MEINHOF E O SONHO DA LUTA ARMADA

A primeira vez que ouvi falar do grupo guerrilheiro “Baader-Meinhof” foi em 1985, ouvindo Baader-Meinhof Blues, da Legião Urbana. Duas frases dessa canção ficaram marcadas em minha mente: “A violência é tão fascinante” e o sensacional trocadilho “Não estatize meus sentimentos, pra seu governo, o meu estado é independente”. Dias depois, pesquisando, seria apresentado à sensacional história da “Facção Exército Vermelho”, o RAF (Rote Armee Fraktion).

Acostumado com o estereótipo de que os alemães são sempre os bandidos, custei a acreditar que um grupo paramilitar alemão pudesse lutar contra a ideologia nazi. Como a maioria das organizações, que partiram para a luta armada, o RAF teve suas raízes nos movimentos estudantis. No início da década de 60 (século XX), grupos de estudantes, simpatizantes da extrema esquerda, começaram a se organizar para protestar contra a pobreza nos países do Terceiro Mundo e contra o que eles chamavam de “rejeição do passado”, a grande relutância da sociedade alemã em aceitar o passado nazista, tão contestado no mundo ocidental. Além do mais, segundo os estudantes, a política praticada naquela época, na Alemanha Ocidental, tinha muitas semelhanças com o passado nazista.

O primeiro grande conflito registrado entre os estudantes de esquerda e a polícia, ocorreu no dia 02 de junho de 1967. Durante um frustrado protesto contra a visita de um xá do Irã ao Ópera de Berlim, houve um grande tumulto e o estudante Benno Ohnesorg foi morto por um policial. Esse trágico incidente, para muitos, marcou definitivamente o início do RAF.

Um ano depois do incidente no Ópera de Berlim, a estudante Gudrun Ensslin e seu namorado, o também estudante Andreas Baader, deram início à luta armada. As primeiras ações aconteceram em Frankfurt onde, ajudados por Horst Söhnlein e Thorwald Proll, detonaram bombas incendiárias que provocaram apenas danos materiais. Esses primeiros atos terroristas renderam ao grupo uma condenação de três anos em 1968. Os quatro foram libertados por meio de um recurso mas, em 1969, o Tribunal Federal ordenou que o grupo regressasse à prisão. Apenas Horst Söhnlein acatou a decisão.

Agora na clandestinidade, Baader e Ensslin conseguem a adesão do advogado Horst Mahler e do jornalista Ulrike Meinhof . Na primeira ação do novo grupo, Andreas Baader foi preso. No dia 14 de maio de 1970, o RAF conseguiu libertar Baader do instituto onde ele estava detido. Na ação, dois funcionários foram feridos à bala. A partir desse momento, a imprensa passou a se referir ao RAF como “Grupo Terrorista Baader-Meinhof”, numa referência direta aos dois guerrilheiros.

Cronologia da extinção do RAF

*1970: o RAF recebe treinamento militar na Jordânia orientado pela Frente Popular para a Libertação da Palestina.

*1971: Jan-Carl Raspe, Marianne Herzog e Ali Jansen passam a integrar o RAF

*1972: Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Ulrike Meinhof, Holger Meins, Jan-Carl Raspe e Igmard Möller são presos e iniciam uma greve de fome.

*1974: Holger Meins não resiste e morre.

*1975: Começa o julgamento do RAF, conhecido como “Julgamento de Stammheim”.

*1976: Ulrike Meinhof foi encontrada morta em sua cela, enforcada com uma toalha. Supostamente, teria se enforcado. Essa versão é contestada até hoje.

*1977: Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Jan-Carl Raspe e Igmard Möller são considerados culpados por crimes de terrorismo.

*18 de Outubro de 1977: Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe foram encontrados mortos, com ferimentos à bala. Igmard Möller, também ferida, sobreviveu. As autoridades declararam que se tratou de um suicídio coletivo. Versão, obviamente, contestada até hoje.

*1994: Igmard Möller é libertada e vive no anonimato até os dias de hoje.

Declarações de Igmard Möller revelaram que as mortes na prisão foram todas articuladas pelas autoridades alemães como represália aos ataques terroristas do RAF. O sonho de mudar o mundo através da luta armada, mais uma vez, não teve êxito. A violência, enfim, parece não ser tão fascinate.

Para melhor compreensão da saga do Baader-Meinhof, recomendo o ótimo filme do Uli Edel, “Der Baader Meinhof Komplex” , que retrata com fidelidade essa intrigante história.

POR ONDE ANDAM AS CHACRETES?

Outro dia, navegando pela web, dei de cara com uma foto do Chacrinha ladeado por suas famosas Chacretes. Confesso, fui tomado por uma nostalgia que me remeteu ao passado. Sempre fui fascinado pelo universo anárquico do Velho Guerreiro e, por tabela, pela beleza das Chacretes. O sucesso dessas dançarinas de palco era tão grande que o termo “chacrete” tornou-se uma forma genérica para designar toda e qualquer dançarina de palco. Bastava aparecer uma bela mulher dançando num programa de tevê, alguém sempre falava: “olha lá uma Chacrete”.
Elas eram mais do que dançarinas, eram verdadeiros ícones da sensualidade numa época em que esse assunto ainda era um tabu na tevê. Chacrinha sabia disso e usava e abusava da beleza das meninas. Quando algum cantor romântico se apresentava ele sempre dava um jeito de jogar uma Chacrete em cima do cidadão. A plateia (e o cantor) adorava.
Ao longo de quase três décadas de programa, muitas histórias envolvendo as Chacretes, e algumas celebridades, circularam nos bastidores e são lembradas até hoje. Recentemente, por ocasião do lançamento do documentário “Alô, alô, Terezinha!” de Nelson Hoineff, a ex-Chacrete, “Vera Furacão” revelou que teve um caso com o empresário “Silvio Santos”: “Nós tivemos um lance em 1971. Como dizem agora, ‘ficávamos’. Na época, ele era um simples apresentador da TV Globo e não estava casado. Namoramos, mas não me apaixonei. Ele era louco por loura e brigamos, porque descobri que ele saía com mais duas Chacretes ao mesmo tempo, Soninha e Sandra Mattera. Ele era muito namorador”. Para aumentar mais ainda a polêmica, Vera declarou que rompeu com Silvio porque ele não era bom de cama.
Dentre todas as Chacretes, a mais polêmica, sem dúvida, foi Rita de Cássia Coutinho, 55 anos, mais conhecida como “Rita Cadilac”. Ela, na verdade, continua a polemizar. Depois que deixou o ofício de Chacrete, enveredou pelo mundo da música, fez shows em presídios e, mais recentemente, filmes pornôs. Quem viveu a época das pornochanchadas deve lembrar que ainda quando Chacrete, ela fez vários filmes desse gênero. Rita Cadilac é uma espécie de diva no universo trash brasileiro.
O ambiente de glamour e sensualidade em que viviam as Chacretes contrasta com o esquecimento com que a maioria delas tem que conviver nos dias de hoje. Elas raramente são lembradas, muitas desempenham funções subalternas e não aceitam mais aparecer em público. Confira abaixo, como estão algumas das mais famosas Chacretes hoje em dia:


Clique aqui e acesse as comunidades no Orkut de mais de 60 Chacretes.
Clique aqui e acesse o blog As Chacretes, um memorial dedicado as dançarinas do Chacrinha.

ELVIS PRESLEY – 75 ANOS

Eu nunca considerei Elvis o rei do rock. Esse, para mim, é um título mercadológico. Entretanto, seria tolo se negasse a importância que esse mitológico artista tem para a história do rock mundial. Apesar da pose de mauricinho, no início da carreira, Elvis transgrediu mais do que imagina a vã filosofia dos críticos. Afrontou a reacionária, tradicional e racista sociedade sulista estadunidense da década de 50 (século XX).

Na verdade, ele traiu essa sociedade. Elvis começou sua carreira ostentando o símbolo do “bom moço”. Na sua primeira gravação – a lendária historinha do disco de acetato da Sun Rcords - fez uma homenagem a sua mãe e depois, já famoso, largou tudo e se alistou no exército. Seu rebolado e sua presença de palco excessivamente (para a época) sensuais, desmontariam a égide de bom moço.

Não chegou a ser um bad boy - esse papel ele deixou para o transloucado Jerry Lee Lewis, também sulista – mas sofreu críticas e foi perseguido pelas carolas. Quem quiser saber de onde veio esse rebolado e essa aura de rebeldia, corra para o mapa dos Estados Unidos e localize a pequena cidade de Tupelo, nordeste do estado do Mississipi. Foi ali que nasceu Elvis Aron Presley, em 1935. Para os desavisados, o Mississipi é o coração da música negra estadunidense. É dessa origem negra que vem a rebeldia e a mise-en-scène dele.

Elvis Presley é o número um em vários critérios: é recordista em hit's na parada estadunidense, é o artista morto que mais vende no mundo inteiro e o mais cultuado. Ninguém tem mais covers do que ele. O estranho é que os imitadores eternizaram a imagem do Elvis decadente, acima do peso e usando roupas extravagantes. A pior fase do “Rei do Rock”, o momento em que ele vivia problemas de saúde e pessoais, virou um estereótipo copiado nos quatro cantos do planeta até os dias de hoje.

Se vivo, Elvis Presley completaria amanhã, dia 08, 75 anos. Difícil imaginá-lo com essa idade. Abaixo, um vídeo da melhor fase dele na minha opinião:

BORIS CASOY, RUBENS RICUPERO E AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ

No dia 31 de dezembro de 2009, o Jornal da Band, no seu encerramento, mostrou um grupo de garis desejando feliz ano novo para o povo brasileiro. Sem saber que o áudio ainda estava aberto, o âncora Boris Casoy fez o seguinte comentário: Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras. Dois lixeiros, o mais baixo da escala do trabalho”. Essa infeliz declaração, carregada de preconceito, circulou pelos principais sites e redes sociais da internet.

A repercussão foi tanta, que o jornalista viu-se obrigado a pedir desculpas no ar. Mas o seu “pedido de desculpas” foi motivo para mais críticas. Quando todos esperavam por uma retratação pública, Boris Casoy veio com essa: Ontem, durante o programa, eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eu peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”. Mais uma vez a repercussão foi negativa, mas, o jornalista manteve-se firme e, em entrevista à Folha de São Paulo, lamentou apenas o fato do áudio ter vazado, não a infeliz declaração.

O episódio protagonizado por Boris Casoy, foi muito parecido com o caso conhecido como “Escândalo da Parabólica”, em que o áudio e as imagens de uma conversa informal entre o Ministro Rubens Ricupero e o jornalista Carlos Monforte (cunhado do Ricupero) foram captados por antenas parabólicas e vazaram. Um militante do PT gravou em Brasília e distribuiu para as tevês. Na conversa, o Ministro revelou várias manobras do governo Itamar Franco para manipular a opinião pública e beneficiar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso. Desse episódio, ficou marcada uma frase dele: "Eu não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".

O interessante é que na cobertura do “Escândalo da Parabólica” o então âncora do TJ Brasil (SBT), Boris Casoy, ironizou o fato: “Satanás está à solta nas tevês brasileiras”. Uma década e meia depois, o jornalista incorreria no mesmo erro. Os desafetos de Boris Casoy, que sempre acentuaram a sua inclinação nitidamente direitista, aproveitaram para relembrar antigas acusações feitas a ele. Segundo o escritor Altamiro Borges (A Ditadura da Mídia - Editora Anita Garibaldi), em 1968 a Revista “O Cruzeiro” acusou Boris Casoy (na época estudante do curso de jornalismo da Mackenzie) de ser militante do “CCC”, o Comando de Caça aos Comunistas. Boris Casoy também carrega a mácula de ter sido secretário de imprensa no governo biônico de Abreu Sodré (SP) e assessor de imprensa do Ministério da Agricultura no governo Médici, uma das fases mais negras da ditadura militar do Brasil.

Depois do episódio dos garis, o conhecido bordão do Boris Casoy ecoou pelos quatro cantos (virtuais) da rede: “Isso é uma vergonha!”. As voltas que o mundo dá!

O Escândalo da Parabólica

ENCICLOPÉDIA URBANA: AS TRIBOS

Quem vive em cidade grande está acostumado a se deparar com grupos de jovens que compartilham, entre outras coisas, de uma ideologia (às vezes questionável, é certo), um modo de vestir e agir. São as chamadas tribos urbanas, um fenômeno social alimentado, na maioria das vezes, pelas injustiças da sociedade capitalista.

Existe um ponto que é comum a quase todas as tribos sociais: a liberdade. Na maioria dos discursos é possível encontrar uma palavra de ordem que brada contra qualquer tipo de controle social. Contraditoriamente, a maioria desses grupos impõe aos seus signatários um rígido controle: a música ouvida e os modos de vestir, falar e pensar, são absolutamente padronizados. Quem destoa, é expulso. Conheça, abaixo, as principais tribos urbanas de todos os tempos:

Skinheads: é uma subcultura nascida na Inglaterra entre os jovens brancos de classe média e classe média alta, a partir da década de 80. Originalmente, os skinheads não estavam ligados a movimentos xenófobos. A mudança ocorreu quando os cabeças raspadas juntaram-se a grupos neonazistas. A estética skinhead apresenta um estilo característico de se vestir: usam coturnos, suspensórios e camisetas. Praticam musculação, o que caracteriza um excessivo culto à virilidade.

Clubber: termo surgido na década de 90 usado para designar os frequentadores de danceterias especializadas em Techno, um estilo de música eletrônica. Os clubbers, em geral, vestem-se de maneira extravagante exagerando nas cores e no brilho.

Grunge: foi um movimento musical independente nascido na cidade de Seattle, Estados Unidos, no início da década de 90. Alguns sites classificam esse “movimento” como algo inventado pela mídia interessada em promover a cena musical de Seattle. Seja como for, a onda grunge correu o mundo e mais uma tribo urbana ganhou vida. A estética grunge exaltava a melancolia e a depressão. O maior ícone do movimento grunge foi o vocalista da banda Nirvana, Kurt Cobain, que se matou em 1994.

Nerd: é uma forma pejorativa de se designar uma pessoa extremamente intelectualizada. No Brasil os nerds também são chamados de CDF, abreviação da expressão “cu de ferro”, usada para designar pessoas que passam longas horas sentadas estudando. Hoje em dia, o termo nerd perdeu quase que totalmente o seu caráter pejorativo, já que as pessoas que se enquadram nesse estilo se assumem como tal.

Metaleiro: termo usado para designar os fãs do estilo musical heavy metal entre as décadas de 70 e 80. Também conhecidos por “headbangers”, hoje em dia os metaleiros são vistos como uma tribo decadente e ultrapassada. Foram os metaleiros que criaram a saudação em forma de corneto muito usada até hoje nos shows de rock pesado.

Indie: O termo nascido da abreviação de “independent” refere-se à indústria pop que se estruturou paralela às grandes empresas do ramo. Toda e qualquer atividade, do mundo das artes e do entretenimento, que se sustenta de forma independente é chamada de indie.

Hippie: movimento surgido em 1965 na cidade de São Francisco que pregava, entre outras coisas, uma sociedade alternativa. O movimento ganhou força com o surgimento dos beatniks, um grupo, de escritores e artistas, que exaltava e copiava a estética hippie. No Brasil, o movimento hippie sofreu distorções e era constantemente associado à vagabundagem.

Gótico (versão pop): nascida no início da década de 80, a cultura gótica está intimamente ligada a um estilo musical da mesma década. Influenciado pelo niilismo e pelo hedonismo, o movimento exalta temas normalmente evitados pela sociedade: tristeza, morbidez, depressão e outros. Os góticos vestem-se sempre de preto, usam maquiagem e cabelos extravagantes.

Emo: nascido da abreviação de “emotional”, o termo surgiu na capital dos Estados Unidos, Washington, para designar bandas de rock que faziam uma música carregada de lirismo. No início da década de 90 a estética emo já havia se difundido pelos Estados Unidos e pela Europa. A partir de então surgiram muitas outras tribos derivadas dessa estética. O emo é facilmente identificado pelo cabelo – geralmente uma franja caída sobre os olhos – e pelo comportamento excessivamente emotivo.

Punk: o movimento punk surgiu nos subúrbios de Londres em meados da década de 70. Filhos de operários começaram a se reunir para criticar e protestar contra o que eles chamavam de “decadência social inglesa”. Várias bandas de rock surgiram nessa época fazendo uma música de poucos acordes e letras de protesto. O movimento cresceu sob a articulação do produtor Malcolm McLaren.

SALVO DO EFEITO “SEXO E CARATÊ”

A partir da segunda metade da década de 80 (século XX), os cinemas do Recife (assim como no resto do Brasil) entraram em processo de extinção. Fui um frequentador contumaz das salas de exibição do centro. Cada cinema tinha seu charme especial, um detalhe particular que o outro não tinha. Essas pequenas diferenças produziram tribos urbanas que elegiam esse ou aquele cinema como preferido.

Os irmãos gêmeos Astor e Ritz, localizados na Visconde de Suassuna, tinham fama de elitizados. E eram mesmo. Lembro que nessas duas salas sempre tinha um clássico em cartaz. O Veneza, localizado na Rua do Hospício, era a sala hi-tec. Foi o primeiro cinema do Recife a utilizar sistema de som estéreo. Fui testemunha ocular, quero dizer auditiva, desse avanço. Na exibição do musical “Xanadu”, que mostrava a inusitada parceria entre Gene Kelly e Olivia Newton John, os efeitos sonoros causaram espanto na plateia. O Cine Veneza tinha uma curiosidade: estava localizado no térreo de um prédio que nunca foi utilizado, diziam, por problemas na execução da obra. Paradoxalmente, o cine hi-tec funcionava no prédio condenado.

O Cine Moderno, localizado na Praça Joaquim Nabuco, ao lado do tradicionalíssimo Restaurante Leite, tinha a mais bela sacada. O Moderno era um cinema com cara de cinema. No cruzamento da Rua da Palma com a Matias de Albuquerque, localizava-se um dos meus cinemas preferidos: o Art Palácio. Era o cinema dos jovens e o único do centro que não pertencia ao grupo Severiano Ribeiro. Por essa razão, ao invés do noticiário “Atualidades Atlântida”, assistíamos ao “Canal 100” nos intervalos. Por trás do Art Palácio, já na Av. Guararapes, localizava-se o cinema que eu menos curtia, o Trianon. Fui poucas vezes a essa sala. Lembro-me de ter assistido ali ao inesquecível “Califórnia Adeus”, com Giuliano Gema.

Na Av. Dantas Barreto, no 13º andar do Ed. AIP, localizava-se o minúsculo Cine AIP. Era o cinema com a melhor vista e o melhor serviço. Tinha um belo bar com vista para o Atlântico. A decoração da sala era muito bonita. Vários pôsteres em preto e branco de ícones do cinema mundial. O AIP era muitíssimo parecido com um multiplex. Ali eu assisti ao musical “Grease”, com John Travolta e Olivia Newton John. Na Praça do mercado de São José, localizava-se o Cine Glória, único cinema do centro que eu não frequentei. A praça do mercado ficava deserta nos finais de semana e, mesmo na década de 80, era perigoso circular por ali.

No bairro de Afogados, perto do centro, localizava-se o Cine Eldorado, um dos poucos cinemas de bairro pertencentes ao grupo Severiano Ribeiro. Foi o primeiro cinema que frequentei. Meu primeiro filme foi King Kong, com Jessica Lange. Por estar localizado próximo a minha casa, foi a sala que eu mais frequentei.

Finalmente, na Rua da Aurora, próximo da Ponte Duarte Coelho, diante do Capibaribe, LOCALIZA-SE o meu cinema preferido, o São Luiz. Sim, localiza-se, ele resistiu bravamente ao tempo e ao “efeito sexo e caratê”. O primeiro sinal que determinava o início do processo de decadência de um cinema, no final da década de 80, era quando ele começava a exibir filmes de sexo e caratê em sessões alternadas. Era como um selo de falência. O Cine São Luiz foi o último a ser fechado, mas a sua belíssima sala não foi desativada. O espaço permaneceu inativo desde 2005 e passou por várias promessas de reformas que não se concretizaram. Finalmente, esse ano, a FUNDARPE tombou a sala e decidiu criar ali um espaço cultural. No dia 28 passado, o cinema foi reaberto – apesar das quedas de energia – com a exibição do longa pernambucano “O Baile Perfumado”. O São Luiz teve uma trajetória inversa à da maioria dos cinemas que, depois de fechados, viraram templos religiosos. Ele nasceu no local onde antes funcionava uma igreja protestante. O processo de tombamento da Fundarpe descreveu assim o cinema:

O vestíbulo externo de acesso ao cinema conta com duas bilheterias e pé direito duplo, enfatizando, assim, sua monumentalidade, que é também ressaltada pela existência das vistosas galerias que envolvem grande parte do edifício. O acesso ao cinema acontece por meio de esquadrias de vidro, que dão acesso a um hall principal com rico tratamento arquitetônico, à base de materiais nobres tais como o mármore, vidros espelhados e bronze, enfatizando, assim, o luxo das funções ali instaladas.

Neste ambiente o piso e as paredes são revestidos de mármore branco; as esquadrias e portas são de madeira fosca; nas paredes laterais são fixadas grandes lâminas de espelhos em tom cobre e de frente um belíssimo painel de Lula Cardoso Ayres; as luminárias e barras de proteção da esquadria de acesso e do painel de Ayres são fabricadas originalmente em bronze; e os sanitários que, originalmente, eram revestidos em azulejo preto, (...)

O interior do cinema é decorado com pinturas e trabalhos em alto-relevo em tons dourados, vermelhos e esverdeados, inclusive no teto, e painéis laterais que remetem a trabalhos feitos a ouro. (...) A decoração conta ainda com brasões espelhados, dispostos de par em par”. Seguem algumas imagens do Cine São Luiz:

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Vista interna do São Luiz depois da reforma
Foto do Cine São Luiz no lançamento do filme "Alien, O Oitavo Passageiro", 1979
Hall de entrada do São Luiz
Sala de espera do segundo pavimento
Fachada do São Luiz em 2005

A HISTÓRIA SOB SUSPEITA

O grande problema da produção de textos históricos, para muitos, é o fato deles terem sido escritos sob a ótica do vencedor. A história é sempre vista a partir do ponto de vista de quem colonizou, em detrimento da versão do colonizado. Obviamente esse importante detalhe produziu distorções que, aos poucos, vêm sendo corrigidas.

Aqui no Brasil é possível destacar algumas dessas injustiças. Zumbi dos Palmares, o herói negro que teve uma importante atuação no combate à escravidão negra no Brasil, ainda é visto em muitos livros, pejorativamente, como um personagem folclórico. Uma saga riquíssima que é citada nos livros didáticos de forma superficial. Pense: quantos livros de história, que você leu, dedicaram ao menos um capítulo para narrar esse importante fato?

Os efeitos desse descaso com a verdadeira história têm reflexos diretos na sociedade e nos meios de comunicação. O Negro é sempre colocado em posição subalterna. Numa das poucas vezes em que um escravo protagonizou uma novela no Brasil – Escrava Isaura – deram um jeito de colocar uma personagem branca, contrariando todo e qualquer senso de realidade histórica do Brasil escravocrata.

Mas as distorções dos fatos também acontecem por questões políticas. A Inconfidência Mineira, fato histórico que produziu o maior mártir da história brasileira, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, é bastante contestada. Durante a implantação da República no Brasil, existia uma disputa aberta entre os republicanos e os monarquistas saudosistas. A figura de Tiradentes como grande herói nacional foi trabalhada em diversas publicações da época e usada como propaganda política da República. A imagem do mártir se sobrepôs ao fato. A partir da década de 60 (século XX), sobretudo depois do golpe militar, todas as “glórias” atribuídas a Tiradentes ganharam adjetivos superlativos. Atualmente, na maioria dos textos históricos, a Inconfidência Mineira é abordada sem a paixão provinciana dos antigos textos produzidos no período anterior a década de 60.

Outro fato conhecido em que a história foi distorcida, para satisfazer o vencedor, foi a trágica Guerra do Paraguai. Um dos grandes genocídios da humanidade – seguramente o maior da América – ainda é tratado como motivo de orgulho em muitos livros de história. A versão brasileira da história produziu mais um “herói”: Duque de Caxias. De fato, o que aconteceu no Paraguai, entre dezembro de 1864 e março de 1870, foi uma grande carnificina. As três maiores nações sul-americanas da época, Brasil, Argentina e Uruguai, uniram-se e dizimaram setenta por cento da população paraguaia. O motivo: a insatisfação da Inglaterra. O Paraguai estava construindo uma economia sólida, tornando-se independente da tutela inglesa. A Inglaterra usou sua influência para provocar a guerra e destruir o país. Depois do genocídio, o Paraguai passou por várias epidemias de fome e tornou-se uma das economias mais atrasadas da América do Sul.

Muitos livros de história do Brasil narram esse fato de forma distorcida, vangloriando o “grande” feito do Brasil na guerra contra a invasão do território nacional. Os paraguaios, claro, rechaçam essa versão. No conhecido episódio em que o polêmico goleiro Chilavert cuspiu no rosto do jogador brasileiro Roberto Carlos, num jogo entre Brasil e Paraguai, o arqueiro lembrou o genocídio da Guerra do Paraguai para justificar seu ato extremo. Fica claro que a história serve a quem , conveniente, lhe interpreta.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O NATAL


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O final do ano chegou e as luzes do Natal enfeitam a cidade. A força do capitalismo transformou a celebração religiosa numa celebração comercial, basta lembrar que nas grandes cidades pelo mundo afora, sobretudo para os mais jovens, a grande celebração do Natal acontece nos shoppings. Na sua essência mais pura o Natal é mesmo uma celebração religiosa que muda de acordo com o credo professado. 
Nos países muçulmanos a celebração correspondente ao Natal cristão é o “Mawlid”, a comemoração do nascimento de “Muhammad “ (Maomé). Não existe um consenso em torno da data e da própria comemoração. Muitos muçulmanos são contrários à festa por entenderem a celebração como uma inovação religiosa, algo que fere o Alcorão (Livro sagrado dos muçulmanos). Até mesmo entre os que celebram existe divergência. Muitos comemoram em 12 de Rabi al-Awwal (terceiro mês do calendário árabe). Já os xiitas comemoram o nascimento de Muhammad em 17 de Rabi al-Awwal (oitavo mês do calendário árabe).
Nas comunidades judaicas o nascimento de Jesus não tem o mesmo significado dos países cristãos, os judeus reconhecem Jesus como um grande profeta, não como o filho de Deus. A celebração judaica mais próxima do Natal cristão é o Yom Kipur, a comemoração do ano novo, que acontece entre os meses de Setembro e Outubro. Segundo o professor Leon Szkalarowsky , Jesus, que era judeu, também comemorava o ano novo nessa data. Após a Cisão, os cristãos passaram a comemorar o ano novo a partir do nascimento de Jesus. Cabe lembrar que a data em que os cristãos comemoram o Natal, 25 de dezembro, não é exatamente a data do nascimento de Jesus, algo impossível de se precisar. Esse marco cronológico foi estabelecido na cidade de “Antióquia”, Ásia Menor, provavelmente por volta do século IV, como uma adaptação de uma festa pagã, o “Sol Invicto”. 
Independentemente do credo (ou da falta dele), o que se verifica no período natalino é uma aura de felicidade. Até mesmo nas sociedades em que o aspecto comercial se sobrepõe ao religioso, há de se convir que as pessoas se comportam de forma diferente. A roupa nova, a árvore de Natal, o presépio, o nascimento de Jesus, as luzes dos shoppings, o sorriso das crianças, o aumento da caridade, o sentimento de amor, o respeito entre as pessoas na virada do ano, tudo isso há de se perpetuar algum dia. Temos que acreditar que haverá um tempo em que as pessoas se comportarão o ano inteiro como se estivessem no Natal. Àqueles que perderam a esperança de que isso venha a acontecer algum dia, recomendo que desistam de viver. Feliz Natal!

NOS TEMPOS DA ROZENBLIT

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Eu cresci ouvindo discos de frevo, sempre gostei dos clássicos: Claudionor Germano, Capiba, Nelson Ferreira. Viciado em música e nos detalhes das gravações, sempre lia com atenção a ficha técnica. Invariavelmente, via o nome da Fábrica de Discos Rozemblit, dona do lendário selo Mocambo. A fábrica, aliás, localizava-se perto da minha casa. Descobri a importância da Rozenblit ainda garoto. O pai de um amigo meu era funcionário da gráfica da gravadora e trazia um monte de folhetos para a gente brincar. Tinha até ficha de inscrição de artistas. Preenchíamos tudo sonhando com o estrelato no futuro. Coisas de criança.
A Rozenblit não foi uma simples gravadora, foi o maior empreendimento no ramo fonográfico fora do eixo Rio-São Paulo. O grupo Rozenblit iniciou suas atividades com a comercialização de receptores de rádio. Como o estado de Pernambuco era pioneiro na radio difusão – a primeira rádio do Brasil, Rádio Clube de Pernambuco, foi fundada aqui em 1919 - esse era um mercado crescente na região. A loja da família Rozenblit diversificou os negócios passando a representar o selo RCA Victor.
A primeira criação - A loja Irmãos Rozenblit começou a importar toca-discos Garrard mas vendia o eletrodoméstico com uma adaptação: uma estrutura de móvel. Marceneiros contratados pela loja, copiavam e criavam móveis para as peças importadas. Um modelo que se tornaria popular, mais tarde, com a Fábrica ABC. A novidade agradou às famílias mais ricas e a loja vendeu bastante.
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José Rozenblit – Quando José Rozenblit passou a ter mais força no grupo, o sonho da fábrica de discos começou a ganhar força. Em Outubro de 1953, na Estrada dos Remédios, bairro de Afogados, foi fundada a Fábrica de Discos Rozenblit. Seguindo o modelo das grandes fábricas de discos, a Rozenblit criou o seu próprio selo, denominado “Mocambo”. Entre as décadas de 50 e 60 (século passado), a Rozenblit viveu sua era de ouro. Era detentora de 22% do mercado nacional e 50% do mercado regional de discos. A essa altura, tudo era feito no Recife: a prensagem do vinil, a parte gráfica e a distribuição.
Em 1966 uma grande enchente destruiu um terço das instalações da Rozenblit. A partir daí a fábrica entrou em processo de decadência. Duas outras enchentes - 1970 e 1975 – decretariam o fim da lendária fábrica de discos. Para se ter ideia da importância da Rozenblit, vale lembrar que faziam parte do cast da gravadora artistas como Jorge Ben, Johny Alf, Martinha, Bob de Carlo, Cartola, Monarco, Capiba, Nelson Ferreira, Zé Ramalho, entre outros. A história da produção fonográfica do Brasil tem na Fábrica de discos Rozenblit um dos mais importantes capítulos.

MÓRBIDO ENTRETENIMENTO

Uma das coisas que mais me intrigam, é a mórbida atração que muitas pessoas têm por notícias ligadas à violência. Isso não é de hoje. Lembro-me bem de que há anos imperam nas rádios aqui do Recife, em dois horários, os noticiários policiais. Gino César é uma verdadeira lenda na radiofonia policial de Pernambuco. O mais incrível é que essa enxurrada de notícias, sobre violência, chega aos ouvintes nos horários das refeições:

*No rádio: Café da manhã e almoço.

*Na tevê: Jantar

Muita gente se acostumou com essa rotina: alimentar-se ouvindo a lista de mortos, de prisões, de atropelamentos e tantas outras formas de violência. Esse comportamento é, no mínimo, estranho. Os veículos de comunicação, há muito, perceberam essa mórbida tendência da população e começaram a investir nessa área. Durante anos dois tradicionais jornais de Pernambuco, Jornal do Comércio e Diário de Pernambuco, dominaram as vendagens sem nunca serem alcançados pelas novas publicações que surgiram (e sumiram) ao longo dos tempos. Em 1998, porém, foi criada a Folha Pernambuco, que ganhou popularidade mostrando a violência de forma explícita. Depois que se popularizou e se firmou como um grande jornal de Pernambuco, a Folha sofreu uma reformulação mas continua trazendo um encarte onde a violência ainda é mostrada de forma explícita.

O noticiário policial virou uma estratégia para alavancar a audiência. Na década de 80, o repórter J. Ferreira fez história com o programa “Blitz, Ação Policial”, veiculado primeiramente no rádio e depois na tevê. Recentemente, o Jornal da Tribuna, um telejornal local aqui do Recife, investiu no noticiário policial e chegou a brigar pela audiência com o NE-TV, da Rede Globo. A TV Tribuna, inclusive, criou um telejornal específico para o noticiário policial, o Ronda Geral, dado o sucesso do Jornal da Tribuna.

Mas, em se tratando de sucesso no noticiário policial, nada se compara ao programa “Bronca Pesada”, apresentado no rádio e na tevê por Joslei Cardinot. O programa é um sucesso absoluto, sobretudo na periferia. Joslei Cardinot Meira é um baiano que iniciou sua carreira de radialista com apenas 14 anos na Rádio Cultural de Campos, no Rio de Janeiro. Chegou a apresentar um programa, pasmem, com Antony Garotinho, ex-governador do Rio. Cardinot (como é popularmente conhecido) chegou ao Recife em 1984 para trabalhar na Rádio Globo e foi galgando espaço até desbancar (na audiência) o lendário repórter policial J. Ferreira. Polêmico, Cardinot alterna duas faces: o jornalista durão, que grita com o bandido, e o apresentador que faz piadas com as notícias policiais. Cardinot é um dos maiores sucessos da rádio e da tevê pernambucana dos últimos tempos.

A veiculação do noticiário policial dando ênfase à violência nua e crua, que se sobrepõe ao fato jornalístico, é uma triste realidade. O mais triste nisso tudo é que a audiência é grande porque as pessoas querem que seja assim pois ligam a tevê e ajudam a popularizar esses programas. O conteúdo de qualidade é mostrado em horário alternativo, difícil de ser acompanhado. Enquanto isso, vamos nos acostumando a ver na tevê a exploração da violência como algo normal. Cabe aqui uma célebre frase de Bertolt Brecht: "Não digam nunca: Isso é natural. Para que nada passe por imutável"

Abaixo, uma das pérolas do Bronca Pesada:
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