Nos
últimos meses vários nomes importantes da teledramaturgia
brasileira têm soltado farpas na rede contra o atual modo de produção
das telenovelas, sobretudo da Globo. Lauro César Muniz (Salvador
da Pátria, Roda de Fogo, O Casarão, Escalada), 73 anos, afirmou em
entrevista recente que a telenovela se “industrializou” e, por
isso, perdeu em qualidade. Segundo Lauro, as novelas da Globo
adotaram o sistema “fordista” de produção em série, abdicando,
quase que totalmente, das tramas mais complexas.
As
telenovelas atuais também são diretamente influenciadas pelos
índices de audiência. Dependendo da reação do público,
personagens são mortos, ressuscitam, trocam repentinamente de
personalidade, tudo para agradar o grande público. Essa
maleabilidade da trama, obviamente, influencia negativamente na
qualidade do produto final.
Outra
grande crítica refere-se
a centralização quase que hegemônica das tramas no eixo Rio-São
Paulo. Quem assisite as produções da Globo fora do Brasil deve
imaginar que só existem duas cidade grandes no país. A Rede Globo ambientaliza, quase sempre, suas produçoes entre Rio de Janeiro e São
Paulo. Quando alguma novela ou minissérie
é rodada no Nordeste, só se mostra o meio rural, o sertão, quase
sempre num formato bem caricato. As grandes cidades como Recife,
Fortaleza, Salvador são completamente ignoradas.
As
novelas de época, uma das marcas registradas da teledramaturgia da
Rede Globo, foram praticamente banidas da grade por conta dos baixos
índices de audiência. Clássicos como “O Casarão”, “Terrasdo Sem Fim”, “A Sucessora” e “A Moreninha” nãos teriam a
menor chance na atual conjuntura. Talvez sinalizando que pretende
mudar o rumo dessa história, a Rede Globo anunciou para o segundo
semestre desse ano o remake de um grande sucesso da década de
setenta, “O Astro”, de Janete Clair. A novidade é que a
versão atual terá apenas 80 capítulos, 106 a menos do que o original.
Abaixo,
relembre a cena final de um clássico da teledramaturgia brasileira,
“O Casarão”.