Inaugurando
mais uma coluna no blog, reservei um espaço para postar os
resultados das minhas “garimpagens” pelo Youtube. Para começar,
um resgate da década de 80: Robertinho de Recife e Emilinha cantando
“O Elefante”, um grande hit da época, no programa dos
Trapalhões. Confira.
ARQUEOLOGIA YOUTUBEANA VOL. 01 - O ELEFANTE - ROBERTINHO DE RECIFE
quinta-feira, 21 de abril de 2011
- By ED CAVALCANTE
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Arqueologia Youtubeana
,
Robertinho de Recife
EXERCÍCIO DE ANALOGIA: A UFPE E O FEUDALISMO
quarta-feira, 20 de abril de 2011
- By ED CAVALCANTE
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NEPOTISMO NAS UNIVERSIDADE PÚBLICAS
,
UFPE
Faço
parte de uma confraria chamada “Templários”, de vez em
quando nos reunimos no Mercado da Boa Vista para trocarmos ideias
sobre cinema, música (antiga, claro), seriados de tevê, futebol e
educação. Todos do grupo são ex-alunos do curso de Geografia da
gloriosa UFPE. Sempre que o assunto “mestrado” vem à tona, todos
são taxativos: “existe uma panelinha”.
Vários
outros amigos de diferentes formações, também oriundos da Federal
de Pernambuco, têm a mesma opinião. Os cursos de mestrado, de
maneira geral, funcionam como feudos, sociedades fechadas onde só
entra quem atende a determinados critérios. O primeiro é o da
idade. Obviamente isso não é declarado abertamente, mas quase todos
os departamentos usam o PET (Programa de Educação Tutorial)
como trampolim para o mestrado. Como existe uma idade limite para
ingressar nesse programa, essa porta de entrada para o mestrado
segrega os alunos fora de faixa.
Quem
não participa do PET, normalmente, acaba adotando comportamentos que
jogam a dignidade no lixo. Cansei de ver amigos meus rastejando aos
pés de professores, praticando uma espécie de “vassalagem
acadêmica” para terem um orientador ou uma carta de apresentação.
Muitos se transformaram de tal maneira que, sequer, voltaram a
frequentar os mesmos grupos de amigos. Triste!
Nos
cursos de especialização, que são pagos e geram renda para os
departamentos, esse tipo de problema quase não existe. Se você tem
o dinheiro da mensalidade, estuda tranquilamente. Há muito tempo se
discute o problema do nepotismo nas universidades publicas do Brasil.
É muito comum a presença de parentes, amigos de professores e de
funcionários ligados ao departamento nos cursos de mestrado e
doutorado. Eles são aprovados nas “seleções” com extrema
facilidade.
Enquanto
isso, quem não tem um pistolão ou qualquer vínculo com o “senhor
feudal” que comanda o departamento pena com o projeto debaixo do
braço. O que fazer? Ora, se a universidade é pública, o ingresso
nos cursos de pós-graduação tem que ser feito por meio de uma
concorrência imparcial, aberta e sem julgamentos subjetivos. Sei que
a análise dos pré-projetos é subjetiva, mas ela não precisa ser
nominal. Assim como nas concorrências públicas, eles podem ser
analisados, identificados por um número, por uma banca imparcial.
Alguma coisa tem que ser feita para resgatar os cursos de
pós-graduação das mãos dos senhores feudais.
É
absolutamente surreal observar que pessoas oriundas das classes mais
baixas pagam mensalidades altas em universidades particulares
enquanto a elite abarrota as universidades públicas. Dirão os
otimistas: “Mas os pobres estão entrando nas universidades
públicas”. Sim, estão. Os cursos de licenciatura estão
abarrotados de pobres porque ninguém mais quer ser professor. E
mesmo nesses cursos o inalienável direito de concorrer em condições
de igualdade com os "outros" na seleção de mestrado e
doutorado é um sonho a ser alcançado. Lutemos!
AS TELENOVELAS "FORDISTAS"
domingo, 17 de abril de 2011
- By ED CAVALCANTE
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NOVELAS
,
Telenovelas
Nos
últimos meses vários nomes importantes da teledramaturgia
brasileira têm soltado farpas na rede contra o atual modo de produção
das telenovelas, sobretudo da Globo. Lauro César Muniz (Salvador
da Pátria, Roda de Fogo, O Casarão, Escalada), 73 anos, afirmou em
entrevista recente que a telenovela se “industrializou” e, por
isso, perdeu em qualidade. Segundo Lauro, as novelas da Globo
adotaram o sistema “fordista” de produção em série, abdicando,
quase que totalmente, das tramas mais complexas.
As
telenovelas atuais também são diretamente influenciadas pelos
índices de audiência. Dependendo da reação do público,
personagens são mortos, ressuscitam, trocam repentinamente de
personalidade, tudo para agradar o grande público. Essa
maleabilidade da trama, obviamente, influencia negativamente na
qualidade do produto final.
Outra
grande crítica refere-se
a centralização quase que hegemônica das tramas no eixo Rio-São
Paulo. Quem assisite as produções da Globo fora do Brasil deve
imaginar que só existem duas cidade grandes no país. A Rede Globo ambientaliza, quase sempre, suas produçoes entre Rio de Janeiro e São
Paulo. Quando alguma novela ou minissérie
é rodada no Nordeste, só se mostra o meio rural, o sertão, quase
sempre num formato bem caricato. As grandes cidades como Recife,
Fortaleza, Salvador são completamente ignoradas.
As
novelas de época, uma das marcas registradas da teledramaturgia da
Rede Globo, foram praticamente banidas da grade por conta dos baixos
índices de audiência. Clássicos como “O Casarão”, “Terrasdo Sem Fim”, “A Sucessora” e “A Moreninha” nãos teriam a
menor chance na atual conjuntura. Talvez sinalizando que pretende
mudar o rumo dessa história, a Rede Globo anunciou para o segundo
semestre desse ano o remake de um grande sucesso da década de
setenta, “O Astro”, de Janete Clair. A novidade é que a
versão atual terá apenas 80 capítulos, 106 a menos do que o original.
Abaixo,
relembre a cena final de um clássico da teledramaturgia brasileira,
“O Casarão”.
Você é
Você
é
A
música que ouve
Os
livros que lê
Os
filmes que assiste
O
alimento que ingere
A
riqueza que produz
As
verdades que diz
Os
medos que ignora
As
luzes que acende (dentro e fora de si)
As
pessoas que ajuda
Os
erros que comete e percebe
As
coisas que planeja
O
amor que cultiva
A
chama que alimenta
Os
sonhos que realiza
Seja.
80 ANOS DO MESTRE CHICO ANYSIO: MEUS DEZ PERSONAGENS PREFERIDOS
terça-feira, 12 de abril de 2011
- By ED CAVALCANTE
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CHICO ANÍSIO
,
HUMOR
Sei
que essa história de fazer listas sempre gera polêmica. A lista abaixo,
do alto da sua subjetividade, leva em consideração apenas o meu gosto
particular. Chico criou, ao longo de mais de sessenta anos de
carreira, cerca de 150 personagens. Listar apenas dez constituiu-se
numa tarefa dificílima. Deixei de fora personagens que eu curto muito
como Meinha, Washington, Popó, Haroldo, só pra citar alguns. Depois de
queimar alguns neurônios, elegi os dez que listo a seguir:

Professor Raimundo:
Raimundo Nonato Nepomuceno é um dedicado professor brasileiro que,
apesar do baixo salário, esforça-se para educar seus inusitados alunos.
Foi um dos primeiros personagens criados por Chico Anísio tendo sido
apresentado, primeiramente, no rádio e depois na tevê. O sucesso do
Professor Raimundo foi tão grande que ele acabou ganhando um programa
próprio: “A Escolinha do Professor Raimundo”. Bordões: “É vapt-vupt!”, “Vai comendo, Raimundo” e “E o salário, ó!”.
Nazareno: Nazareno Luiz do Amor Divino é um funcionário público que vive a maltratar sua horrorosa esposa Sofia (Leila Miranda) e a paquerar sua gostosa empregada. Nazareno humilha Sofia utilizando ditados populares e frases de para-choque de caminhão. Bordões: “Calada!” e “Tá com pena? Leva pra tu”.

Painho:
Ruy de Todos os Santos é um típico pai de santo baiano que atende a
pessoas famosas para falar sobre o futuro. Ajudado por várias filhas de
santo, Painho sempre implica com a menina Cunhã. Esse esquete sempre se
encerra com Painho levando um rapaz (às vezes um convidado famoso) para o
seu cafofo. Bordões: “Afe, tô morta!”, “Sou doido por essa neguinha”.

Alberto Roberto: o caricato ator, e apresentador de um talk show, fez história ao lado do diretor Da Júlia (Lúcio Mauro).
Alberto Roberto é uma sátira àqueles artistas que endeusam a si
próprios e perdem a humildade. Nesse esquete, Alberto Roberto recebe um
convidado – normalmente um artista- e suas gafes acabam tirando do sério
o Da Júlia e o entrevistado. Bordão; “Te cuida, (nome de alguém famoso)”.

Pantaleão:
Pantaleão Pereira Peixoto é um aposentado especialista em causos. Leva a
vida contando histórias sentado na sua cadeira de balanço sempre
assistido por sua esposa Tertuliana “Terta” (Suely May)
e seu ignaro filho Pedro Bó (Joe Lester - foto acima). O personagem
Pantaleão é uma colagem de várias personalidades conhecidas. O rosto foi
inspirado em Dom Pedro II, a voz e o sotaque eram uma homenagem a Luiz Gonzaga e o jeito de ser lembra os velhos coronéis nordestinos. Bordão: “É mentira Terta?”.

Bento Carneiro:
Valdevino Bento Carneiro é um vampiro brasileiro e caipira. Anda sempre
com seu ajudante Calunga (Lug de Paula - foto acima) e tem como
principais características a falta de coragem e a incapacidade de
assustar as pessoas. Bordões:
“Não creu neu, se finou-se”, “Bento carneiro, o vampiro brasileiro,
ptzzz!”, “Tomou, papudo” e “Minha vingança sará maligrina”.

Justo Veríssimo:
Justo Veríssimo de Santo Cristo é uma escrachada sátira ao político
corrupto. Com seu característico bigode vassourão, Justo destila sua
ojeriza contra os pobres e tudo que possa beneficiá-los. Bordões: “Eu tenho horror a pobre!” e “Eu quero que o pobre se exploda”.

Azambuja:
Paulo Maurício Azambuja é um típico malandro carioca. Ex-músico e
ex-jogador de futebol, vive aplicando golpes ajudado pelo seu fiel
escudeiro Linguiça (Wilson Grey). Quando o golpe dá errado, Azambuja se safa e Linguiça paga o pato. Bordões: “Tô contigo e não abro”, “Arrebenta a boca do balão” e “Tá dando, tá dando”.

Tavares: Altino Belo Tavares da Cunha é um malandro carioca que deu o golpe do baú. Casou-se com a horrenda Elizabeth (Zezé Macedo), “carinhosamente” chamada de Biscoito. Alcoólatra e descolado, Tavares vive dando em cima da empregada gostosona. Bordões: “Sou, mas quem não é?” e “Business, business”.

Tim Tones: Timothy da Silva é uma paródia ao fanático religioso Jim Jones,
famoso por organizar um suicídio em massa nas Guianas. Tim Tones
organizava cultos para arrecadar fundos para a sua “caridade”. Nesse
esquete, Tim Tones é inquirido por pessoas da plateia e suas respostas,
quase sempre, são críticas à realidade brasileira. Bordões: “Podem correr a sacolinha” e “Que a paz de Tim Tones esteja em todos os lares”.
"CRIANÇA É PRA BRILHAR"
domingo, 10 de abril de 2011
- By ED CAVALCANTE
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CRIANÇAS
,
GENOCÍDIOS
Outro
dia assistindo a um episódio da sexta temporada de Supernatural me
deparei com um questionamento proposto pelo roteirista: ceifar vidas
é um duro oficio até mesmo para a morte. Explico: Dean, um dos
personagens principais do seriado, recebeu da Morte a seguinte
incumbência:”Serás um ceifador por um dia, adianto que, antes que
o dia termine, desistirás dessa missão”. Ele aceitou o desafio e
foi à luta. Acompanhado de uma belíssima ajudante ele deparou-se
com uma cena de assalto em que o bandido perderia a vida. Com um leve
toque no corpo do rapaz, Dean ceifou-lhe a vida. Fácil e prazeroso,
pensou inicialmente. A segunda morte, porém, baratinou a cabeça do
rapaz. Tratava-se de uma criança com câncer, uma linda menina de 13
anos, que teria sua breve existência encerrada.
Dean
não cumpriu sua missão, não teve coragem de levar à morte a
criança e desencadeou uma série de acontecimentos ligados a essa
sua recusa. Até mesmo na ficção, pensar em crianças morrendo,
pareceu-lhe inaceitável. Foi exatamente assim que me senti quando vi
as imagens do massacre de Realengo. Criança morrendo é inaceitável,
criança morrendo daquela forma é algo inimaginável na vida real.
Investigar os motivos dessa barbárie, do alto da minha leiguice,
parece irrelevante. Como prever a insanidade ou um acesso repentino
de fúria?
Dizem
que cada sociedade tem suas neuras. Pela segunda vez no Brasil, um
ceifador maluco com discurso póstumo misturando religião e
psicose, promoveu uma chacina e nos aproximou da tenebrosa prática
tão comum nos Estados Unidos. Já tem gente alertando que se
levantarem o número de mortes ocorridas dentro de escolas pelo
Brasil afora, um genocídio virá à tona. Seja como for, saber de
crianças morrendo me provoca uma tristeza profunda.
OS BRINQUEDOS QUE EU NÃO TIVE
quarta-feira, 6 de abril de 2011
- By ED CAVALCANTE
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Quando
eu era garoto, lá pela adolescência, um dos meus maiores sonhos era
ter um Forte Apache. Hoje em dia, obviamente, o “politicamente
correto” aniquilou quase todos os brinquedos que colocam os índios
como vilões e os brancos como mocinhos. Nos anos setenta era
diferente, ninguém ligava, todo garoto queria ter o danado do “Forte
Apache”, supra-sumo do imperialismo ianque. Não realizei esse
sonho, birncava com miniaturas de índios e cowboys que minha mãe
comprava no Mercado de São José.
Outro
ícone dos brinquedos setentistas que eu sonhei e não consegui foi o
truculento “Falcon”. Por ser um personagem militar lançado em 1977, durante a ditadura
brasileira, a Estrela, fábrica de brinquedos que criou e distribuiu
o boneco, sofreu duras críticas por fazer apologia ao militarismo.
Lógico que a garotada não tava nem aí, todos queriam ter um
exemplar do boneco que tinha cabelo e barba de verdade. O Falcon fez
tanto sucesso que a Estrela lançou mais duas versões do brinquedo:
ambas com uma tonalidade de pele mais morena e um deles sem a famosa
barba. Em 1982, o herói barbudo saiu de linha e virou peça de
colecionador.
Na
linha eletrônicos, o brinquedo que eu mais detestei não ter tido
foi o clássico “Genius”. Um simples sequenciador de luzes
coloridas e som que virou febre na década de oitenta. A brincadeira
consistia em repetir com toques a sequencia de sons e cores
produzidas, aleatoriamente, pelo brinquedo com cara de disco voador.
O sucesso foi tanto que a ideia virou um conceito repetido por vários
games e brinquedos produzidos a partir de então. Ainda em catálogo, o
brinquedo foi rebatizado de “Genius Simon”. Ainda terei
um!
É
muito triste, sem que muitos terão pena de mim, mas eu não tive um
Caloi. Todo mundo teve, menos eu. Cansei de deixar aqueles
bilhetinhos infames espalhados pela casa, “Não esqueça a minha
Caloi”, mas sempre esqueciam. Ao menos, na época, os órfãos
dessa bicicleta (sim, bicicleta, a Caloi não era uma 'bike') tinham
as “garagens de locação”. Eu torrava minha mesada semanal
alugando bicicletas, era muito divertido. Minha primeira e única
bicicleta (que não era Caloi) ganhei num sorteio quando era
funcionário de uma multinacional lá pelos meus vinte e cinco anos
de idade.
Para
finalizar esse meu leque de frustrações de infância, dois
dos maiores clássicos dos brinquedos de todos s tempos: “O “Autorama” e
“Ferrorama”. O primeiro foi inventado em 1912 mas só chegou ao
Brasil em 1963. Desde então povoa o imaginário de quase todos os
garotos. Se os garotos gostam de brincar com carrinhos, imagine com
carrinhos de corrida numa pista particular? Um sonho! E o Ferrorama,
quem nunca sonhou em ter um? O brinquedo reinou no Brasil na década
de oitenta mas acabou saindo de linha na década seguinte.
Os
apaixonados pelo brinquedo, desde que a Estrela encerrou sua
produção, criaram campanhas, comunidades que pediam a volta do
Ferrorama. Houve um grupo de aficionados que criou um desafiou:
Provar sua fé pelo Ferrorama fazendo o Caminho de Santiago. Um site
foi criado para divulgar a saga dos loucos apaixonados pelo
trenzinho. Em 2010, enfim, a Estrela anunciou a volta do brinquedo.
Todos comemoraram e aguardaram, ansiosos, o relançamento. A
frustração foi total. A estrela importou um trem fabricado
na China e nominou de “Novo Ferrorama”. Diferentemente da versão
original, bem acabada, com riqueza de detalhes, o brinquedo atual
mais parece uma peça descartavel.
Essas
frustrações de infância, aparentemente, não deixaram sequelas, a
tristeza ficou para trás e não passa de lembranças...
buááááááááááááááááááááááááááááááááá!
A IMPORTÂNCIA DE SE PRESERVAR A MEMÓRIA
sábado, 2 de abril de 2011
- By ED CAVALCANTE
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CRÔNICA
,
FOTO OFICIAL DA TURMA
Outro
dia, num desses momentos de reflexão, lembrei-me dos bons tempos de
escola, dos amigos (sobretudo dos que não tenho mais contato), das
farras, da inconsequência, enfim, desse mundo efêmero que,
invariavelmente, para todos, se perde no tempo. Dessa época feliz da
minha vida, além das lembranças, restou-me uma foto clicada em 1986
que ilustra esse post.
Pois
bem, o resultado dessa minha viagem ao passado foi uma ideia:
institur a foto oficial da turma. Claro, essa é uma prática antiga
e tradicional em muitas escolas pelo mundo afora, mas nas redes
públicas de ensino aqui em Pernambuco, esse importante registro
escapa. Diriam os críticos derrotistas: “Em algumas escolas,
sequer, eles tem o básico, que dirá foto oficial”. Indiferente a
possibilidade de ouvir comentários como esses levei a ideia adiante
que foi prontamente aceita pela coordenação e pela direção da escola.
Na
base do improviso, fizemos quase todas as fotos. Os alunos das séries
iniciais, da Alfa até o quito ano, trataram o evento como uma grande
e importante novidade. Já com os adolescentes do sexto ao nono ano,
com idades entre onze e quinze anos, os problemas começaram a
aparecer. Aquela velha frase, “adolescente é complicado”, não
saía da minha cabeça. Explicamos a importância daquele registro,
que anos depois ele teriam um privilégio que não é comum nas
escolas públicas de Pernambuco, relembrar através das fotos amigos,
a escola, mas não adiantou. Alguns caminharam para o local da foto
como se estivessem a caminho do cadafalso.
Os
alunos do nono ano, os mais velhos, colocaram tantos obstáculos que
resolvemos não fazer o registro. Numa breve análise da situação,
facilmente, identificamos alguns indícios do porquê desse problema.
Em algumas turmas pude perceber que o grupo foi contaminado por
pequenos lideres que impuseram o seu pensamento de revolta contra uma
atividade que vinha da instituição propagando a ideia de que a foto
era “um mico”. Outros tantos não se identificam com a escola,
não têm orgulho de estudar numa escola pública e não querem,
portanto, eternizar esse período. Fora isso, tem o comportamento
natural do adolescente de ser eternamente do contra.
Seja
como for, fiquei, mais uma vez, triste com a falta de interesse dos
alunos. Esse tipo de comportamento, aliás, inibe muitos
profissionais de educação a buscar inovações. Sair do cotidiano
da sala de aula, trabalhar com atividades voltadas para novas
tecnologias, requer uma boa dose de paciência e perseverança para
superar velhos hábitos. Muitos desistem pelo caminho.
ERA UMA VEZ EM 95
sábado, 26 de março de 2011
- By ED CAVALCANTE
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O
ano de 1995 foi especialíssimo para mim: ingressei no mundo
acadêmico depois de anos sem estudar e numa época em que, diziam as
estatísticas, apenas um em cada dez estudantes de escolas públicas
chegava à universidade, sobretudo à pública. Teve também o título
do meu time do coração, o Santa Cruz. Mas nada se compara a emoção
de ser pai. Exatamente às dez horas e trinta minutos do dia 22 de
novembro de 1995, uma quarta feira, estava eu ansioso no apartamento
do Hospital Nélson Chaves, aqui em Recife, vendo pela tevê o clip
remake da canção “Free As A Bird”, dos Beatles, quando a
enfermeira bateu na porta e informou: “Pai, sua filha chegou”. A
partir dali, me tornei outra pessoa.
Lembro-me
que minha irmã, Lene, estava do meu lado. Fiquei na janelinha de vidro
olhando um enfermeiro manipulando, friamente (julgamento meu, claro),
aquela linda criança de cabelos negros, minha filha Thais. Naquela
mesma noite tentei confortar um pai que,
entristecido, me deu os parabéns e me falou que seu bebê não
nascera vivo.
Desse
dia em diante me tornei mais responsável, perdi aquela
inconsequência juvenil que teimava em não arrefecer apesar dos meus
trinta anos. Os dias ficaram mais longos e alegres, absolutamente
tudo ficou diferente. Ela era um bebê diferente, dormia ao som de
Chico Science, tinha medo do carro de bombeiro, fugia por um buraco
do portão (eu ficava desesperado) e me imitava quando eu estava
tocando violão.
Agora
ela está com 15 anos, moramos em casas diferentes, mas o sentimento é
o mesmo, talvez maior. Minha filha é o meu bem mais precioso, por
isso estou sempre por perto, será sempre assim. O cabelo dela agora
é vermelho, está linda, anda escutando umas músicas estranhas (sei
que isso passa, mas que passe logo), tem os problemas típicos da
adolescência que, certamente, serão superados, e faz um velho
professor, careca e tricolor muito feliz sempre que sorri e diz:
“Dindo, quero falar contigo”.
Ave, Liz!
quinta-feira, 24 de março de 2011
- By ED CAVALCANTE
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Elizabeth Taylor

PS: Republicado em homenagem a grande Elizabeth Taylor
DESCASO: PAINÉIS DE LULA CARDOSO AYRES DANIFICADOS PELA CHUVA
terça-feira, 22 de março de 2011
- By ED CAVALCANTE
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Lula Cardoso Ayres
Clique nas imagens para ampliar
Nesse
breve post quero manifestar minha indignação com o descaso do
Metrorec em relação aos painéis(1984) do grande pintor
pernambucano, Lula Cardoso Ayres, que "decoram" a Estação Central do
Metrô do Recife. Como mostram as fotos, uma infiltração esta atingindo a moldura de uma das obras que corre sério risco de ser
danificada. Pela importância desse artista e de sua obra, não se
justifica tamanho descaso. Rogo aos responsáveis que se pronunciem
quanto a esse absurdo.
SOBRE AS TRAGÉDIAS E A POBREZA
segunda-feira, 21 de março de 2011
- By ED CAVALCANTE
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Nos
últimos dias, as tristes notícias vindas do Japão, subverteram
algumas “verdades” que, para muitos, pareciam inalienáveis. A
certeza de que os japoneses podiam tudo e sabiam tudo sempre foi
aceita por quase todo mundo. Outro dia, no rádio, um físico brasileiro
explicava o porquê da fragilidade das usinas nucleares deles.
Segundo ele, como o Japão não tinha tecnologia para construir suas
usinas, terceirizou o projeto. Acentuou o cientista: “Quando você
contrata uma empresa para fazer algum serviço, obviamente, ela
faz de tudo para gastar menos e ter mais lucro”.
As
usinas japonesas foram construídas na década de setenta e são,
para os parâmetros atuais, absolutamente obsoletas. A tragédia dos
terremotos e dos tsunamis revelou essa mácula da, antes inabalável,
reputação de onipotência nipônica. Desde então, todos os dias, surgem notícias
mostrando defeitos e detonando críticas ao outrora perfeito modelo
econômico japonês: “Os japoneses trabalham muito, a altíssima
concorrência no mercado de emprego faz com que muitos jovens
desempregados cometam suicídio ou vivam em depressão”.
Existe hoje, na internet, vários pedidos de donativos para os japoneses.
Confesso que achei estranho. Tive o mesmo sentimento quando vi na
tevê as vítimas do Katrina em New Orleans. Imagens que fazem parte
do cotidiano dos países subdesenvolvidos e miseráveis, quando
vistas associadas a países ricos e desenvolvidos parecem ter um peso diferente. No caso do Japão, a tristeza é ainda maior. No passado
sofreu com duas bombas atômicas, agora, sofre com tragédias ligadas
a três elementos da natureza: Terra (terremoto), água (tsunami) e ar (nuvem
radioativa).
Perguntarão
alguns: E o Haiti, os países africanos, os esfomeados da América
Latina, por que ninguém faz nada? Pobre sofrendo e morrendo, ao que
parece, é coisa normal.
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