Histórias
sobre intelectuais que vivem em auto reclusão estamos cansados de
ouvir, mas o caso do genial matemático russo Grigory Perelman, 45 anos, extrapola qualquer limite.
Famoso no mundo acadêmico por ter apresentado uma demonstração da
“Conjectura de Geometrização de Thurston”, aceita como a
resolução da “Conjectura de Poincaré”, o problema matemático
mais complexo de todos os tempos, Perelman espantou o mundo, em março do ano passado, ao recusar-se a
receber o prêmio de um milhão de dólares referente a resolução
do famoso problema. Ele também recusou-se a receber o “Fields Medal”, o mais importante prêmio da matemática.
Sobre
a Conjectura de Poincaré
Foi
formulada em 1904 pelo matemático francês Henri Poincaré sendo
considerada, logo após a sua apresentação, o problema matemático
mais complexo de todos os tempos. Segundo as principais universidades
da Europa e dos Estados Unidos, a conjectura de Poincaré é de
fundamental importância para a compreensão de formas tridimencionais.
O grande feito de Perelman foi encontrar a constatação algébrica
que elevou a conjectura à categoria de teorema.
Você,
certamente, já deve ter ouvido alguém dizer com tom de
preconceito: “Estudou tanto, que endoidou”. Essa observação
simplista normalmente parte de uma pessoa que não gosta de estudar
e quer agredir alguém que estuda. No caso do matemático Grigori
Perelman, ao que parece, seu intelecto alcançou um nível tão
elevado que ele se desencantou com a matemática por falta de desafios.
O genial matemático largou tudo em 2006 e foi morar com a mãe num modesto apartamento
em São Petersburgo que, segundo os vizinhos, está infestado de
baratas. Além disso, Perelman adotou um visual de eremita (foto acima) com barba
e cabelos longos. O jornal britânico Daily Mail publicou
algumas declarações de vizinhos do matemático que comprovam a vida
excêntrica adotada por ele: “Ele tem apenas uma mesa, um
banquinho e uma cama com um lençol sujo que foi deixado
ali pelos antigos donos, uns bêbados que venderam o
apartamento para ele” - “Estamos tentando
acabar com as baratas nesse quarteirão, mas elas se escondem
na casa dele” (Vera Petrovana).
Assim
como Perelman, outras figuras ilustres, por motivos diferenste,
também se fecharam para o mundo. O escritor J. D. Salinger, autor
do best-seller “O Apanhador No Campo de Centeio”, após publicar o
livro, viveu recluso até a morte. A atriz Greta Garbo seguiu o mesmo
caminho, trocou o glamour de Hollywood por um modesto e fechado
apartamento em Nova York onde morreu em 1990.
Grigory
Perelman afirmou que tem tudo que precisa no seu apartamento.
Quem vai dizer o contrário? Sobre ter recusado o prêmio de um
milhão de dólares, ele afirmou: “A simples comprovação da minha
teoria já é um prêmio”. Nada mais há que se dizer.