CRÔNICAS DE UM ADOLESCENTE

Hoje encontrei , na rua, o colega de escola, Santana. Atualmente, um membro da igreja Assembleia de Deus. Pedalava sua bicicleta de carga carregada de pipocas, usando camisa de mangas compridas, apesar do infernal calor do Recife. Emparelhou na calçada por onde eu passava e mandou uma pergunta que queria me fazer há mais de trinta anos. Perguntou-me porque eu fazia, diariamente, um caminho duas vezes mais longo no deslocamento para a escola. “Nunca entendi porque tu sempre circulava o quarteirão se podia seguir em frente”, questionou o encucado amigo. Expliquei a ele que fazia o caminho mais longo para passar na casa de um amigo. Ele sorrio e seguiu seu caminho.

Menti para o amigo Santana, claro. Na verdade, circulava o quarteirão para passar em frente a uma janela. Um certo dia, a caminho da escola, fiz esse trajeto porque queria comprar  cartolina para fazer um trabalho da escola. Passei na frente de uma casa e vi uma mulher trocando de roupas com a janela aberta. Eu, adolescente, fiquei paralisado diante da cena – corriqueira para ela, erótica para mim – que durou alguns segundos. A mulher percebeu o voyeurismo acidental, sorriu, e fechou a janela. Depois desse episódio, passei a usar o caminho e a contemplar aquela janela que, infelizmente, nunca mais se abriu para mim.

Essa historinha de infância, com cara de roteiro de filme italiano, não teria o mesmo efeito nos dias de hoje onde a sexualidade e os mistérios do corpo feminino não são mais tabus, os tempos são outros. Lembrei-me de um monte de histórias dos meus amigos que se assemelham a essa minha doce experiência. Elcides, um grande amigo de infância, pasmem, cobrava ingresso – moeda ou objetos - dos meninos que queriam contemplar dona Nora, uma linda morena que morava no “correr de quartos” de propriedade da mãe dele. Anos depois, a própria Nora confessou ao envergonhado Elcides que sabia que era expiada e caprichava nas performances. Um luxo!

Mais interessante ainda foi a história protagonizada por um amigo do meu pai – que chamarei de Zé para proteger-lhe a identidade – na Festa do Ypiranga, um parque de diversões popular  armado no bairro para as festas de fim de ano. Zé e um monte de colegas – não lembro se meu pai estava nessa turama – foi a Festa do Ypiranga para ver uma sessão do clássico popular “Monga, A Mulher Que Vira Macaco”. Dentro da casinha lotada e escura, assim que as cortinas se abriram, como de praxe, apareceu uma moça bonita dançando de biquíni. Era a filha do Zé que, em casa, era uma moça recatada e religiosa. Foi uma confusão dos infernos, Zé atracou-se com o cara fantasiado de gorila enquanto a sua filha fugiu, de biquíni, pelo meio do parque, para alegria dos garotos. Boas lembranças que emergiram de uma simples pergunta de um amigo, vejam só. Aguardem a segunda parte desse post!

TEMPLOS SAGRADOS DA CULTURA POP – PARTE 1

CBGB – Foi um lendário espaço underground de Nova York que funcionou de 1973 a 2006. O nome completo desse lendário clube era CBGB & OMFUG ("Country, Bluegrass, and Blues and Other Music For Uplifting Gormandizers"), em tradução literal: "Country, Bluegrass e Blues e outras músicas para levantar gulosos”. O clube, na verdade, começou bem antes de 1973. Em 1965 era um espaço temático especializado em Coutry Music e Blues. Só depois que Hilly Kristal, o proprietário do local, resolveu abrir o espaço para a música punk, ele tornou-se uma referência em Nova York. Por lá passaram nomes como Lou Reed e Velvet Underground, Patti Smith, The Strooges, Ramones, Sex Pistols, Ratos de Porão e Chico Science & Nação Zumbi. Atualmente no local do lendário clube funciona uma loja de roupas. 
Circo Voador – A história do rock brasileiro está diretamente a esse lendário espaço cultural. Inaugurado em janeiro de 1982, funcionava, inicialmente, na praia do Arpoador. Nomes consagrados da música e da tevê brasileira, iniciaram suas carreiras embaixo da lona azul do Circo Voador. O lendário grupo de teatro “Asdrubal Trouxe o Trombone” participou ativamente da criação do Espaço. Nomes como Patrícia Travassos, Regina Casé, Evandro Mesquita e Luiz Fernando Guimarães faziam parte da troupe. Já com residência fixa na Lapa, o Circo viu o rock brasileiro renascer e ganhar identidade própria. Passaram por lá no inicio da carreira: Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Blitz, Legião Urbana, Kid Abelha, Capital Inicial e Lobão, entre outros. O Circo Voador foi fechado em 1996, depois reaberto em 2002. Atualmente está na ativa e funciona na Rua dos Arcos, Centro, Rio de Janeiro.
Cavern Club – Não era bem um espaço cultural, na verdade era um inferninho localizado nos fundos de um bar. Mas o Cavern Club lançou a banda pop mais famosa do mundo, The Beatles. Inaugurado em 1957, por Alan Sytner, foi idealizado para funcionar como um clube de jazz. Mas com a efervescência do rock, que estava em faze embrionária, o espaço foi se transformando e tornou-se um point de bandas de rock e skiffle. O The Quarryman, embrião dos Beatles, tocou no Cavern entre 1956 e 1959. A partir de 1961, já como “The Beatles”, passaram a fazer apresentações regulares até 1963, quando a banda tornou-se uma febre mundial e ficou grande demais para o clube. Os Beatles fizeram quase trezentos shows no Caven Clube. Além dos Beatles, passaram pelo Cavern: Rolling Stones, Queen, Elton John, The Yardbirds, John Lee Hooker e o Focus. Em 1973 o Cavern foi demolido. No ano de 1984, o jogador de futebol do Liverpool, Tommy Simth, reconstruiu o lendário clube quase no mesmo local do original. Atualmente, além do Cavern de Tommy, existe um outro, na mesma rua, funcionando a todo vapor.
Madame Satã – É um lendário espaço cultural de São Paulo. Inaugurado no dia 21 de outubro de 1983, funcionou regularmente até 2009. No dia 29 de fevereiro de 2012, foi reaberto e voltou à ativa. Na década de 80, várias bandas do rock brasileiro passaram pelo Madame Satã. Nomes consagrados tocaram no velho casarão da bela Vista no início da carreira. Passaram por lá: RPM, Titãs, Ira, Legião Urbana, Akira S, Gang 90, entre outros. 
Studio 54 – Falar da geração disco e não lembrar dessa lendária discoteca, é um sacrilégio imperdoável. Durante nove anos – de 1977 a 1986 – esse templo sagrado da cultura pop lançou moda e serviu de inspiração para outras casas do gênero. Idealizada por Steve Rubell, iniciou suas atividades no dia 26 de abril de 1977. Foi ele quem criou o formato de danceteria que eternizou a geração disco: luz estroboscópica, gelo seco e um globo espelhado girando no centro. O lugar funcionava como uma ilha da fantasia onde todos os exageros eram experimentado. A casa fechou suas portas em março de 1986. Rubell faleceu de AIDS, três anos depois. Atualmente, no endereço onde existia a Studio 54, funciona uma companhia de teatro, a Roundaboat.

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A Sony Pictures divulgou no último dia 14 de maio, o trailer com duração de quatro minutos do The Amazing Spider Man. No papel principal, substituindo o Tobey Maguire, Andrew Garfield (A rede Social) tem seu teste de fogo. O filme estreia nos Estados Unidos no dia 03 de julho. No Brasil a data marcada para estreia é 06 de julho. Confira o trailer estendido e deixe sua opinião.

FLAGRANTE DO DIA: PRIMEIRO GRANDE TUMULTO PROVOCADO PELA GREVE DO METRÔ

Integração Joana Bezerra, hoje, 16:30h, as portas da estação do metrô deveriam estar abertas. O povo foi se aglomerando e uma multidão de trabalhadores se formou. Bastaram cinco minutos de atraso para a galera perder a paciência. Começou um tumulto e a porta da estação foi arrombada. Começou uma correria, gente caindo, gritando. Esse foi o primeiro grande incidente provocado pela greve dos funcionários do metrô. Os seguranças assistiram ao tumulto, de longe, e não interferiram. Meu celular registrou tudo.


O DIA DO MEU ANIVERSÁRIO

Ontem foi meu aniversário, cheguei aos 47 anos me relacionando muito bem com o peso da idade. Passei o dia recebendo cumprimentos dos amigos – verdadeiros e virtuais, sinal da pós-modernidade – e rebuscando imagens do passado. Eu nunca tive uma festa de aniversário de verdade, com data marcada, convidados e tal. Acabei me acostumando e criei aversão por esse tipo de comemoração.

A lembrança mais longínqua que tenho de um “nove de maio” é de 1970, quando eu tinha apenas cinco anos. Minha mãe arrumou uma mesa na sala da casa da minha avó, pôs um bolo no centro rodeado de copos de vidro com círculos coloridos. Colocou na minha cabeça um chapeuzinho cônico daqueles que a gente via nas festinhas de antigamente e falou: “Vá lá na frente chamar seus amiguinhos”. Estranhamente só me lembro disso. Nada da festinha, a lembrança se encerra nessa frase da minha mãe. Acabei transmitindo para minha família o meu desprezo por festas de aniversários. Nunca fiz nenhuma para minhas filhas. Certa vez, no aniversário de dez anos da minha filha mais nova prometi para ela que iria levar um bolo para ela comemorar com os amiguinhos na escola. Ela me disse: “Não vou pagar esse mico, Dindo”.

Tenho outra lembrança bastante curiosa sobre o dia do meu aniversário: quando era bem pequeno – não lembro ao certo a idade – toda vez que chegava o nove de maio eu ia para frente do espelho e ficava olhando fixamente para ver o quanto estava crescendo. Coisa de “menino maluquinho”. O tempo passou e eu sempre me esquivei das comemorações, até que num belo dia, numa das escolas em que eu trabalhava, um grupo de alunos armou uma festinha surpresa no auditório. Nunca fiquei tão constrangido na minha vida. Sobrevivi mesmo assim.

Com a chegada do mundo virtual, quebrei um pouco do gelo com relação a minha data magna. Acho bastante divertido ler e responder mensagens dos amigos. Ficar mais velho, afinal, não é tão chato assim.


RELICÁRIO VOL. 13: ABERTURA DE SERIADOS JAPONESES DA DÉCADA DE 70

LULA QUEIROGA - TODO DIA É O FIM DO MUNDO

A vontade de conferir o quarto disco de Lula Queiroga – Todo Dia é O Fim do Mundo”-  veio depois que ouvi, por acaso, o inusitado dueto entre ele e Luiza Possi na belíssima canção “Um do Outro”. Pensei, inclusive, que fosse o Lenine. Corri pra conferir o disco inteiro. De longe, posso adiantar, é o melhor trabalho dele.

“Se Não for Amor Eu Cegue (Love)”, a canção de abertura, traz no título uma expressão tipicamente pernambucana. A música tem uma construção sonora bem parecida com o Gotye. Vocal suave e melodia marcada. A voz do Lula – ele próprio, reconhece – está muito parecida com a do Lenine. Essa, inclusive, é uma marca do disco. Na faixa seguinte, “Os Culpados”, ele ousa no vocal e experimenta sons e efeitos. É o tipo da música que você não consegue definir o estilo. Ora soa como rock, em outro momento transita pelo jazz, uma verdadeira miscelânea sonora. Bom demais!

A terceira faixa, “Voo Cego”, é o que eu chamaria de rock nordestino. Lula canta e declama situações de catástrofes usadas como metáforas para descrever situações do cotidiano. O mesmo artificio usado na faixa que dá título ao disco, “Todo Dia É oFim do Mundo”. Nessa canção, ele parece incorporar Raul Seixas. Impressionante a semelhança do estilo e da voz. Em “Unha e Carne”, a quinta faixa, Lula foge um pouco da temática do disco e se arrisca no samba. A música brinca com o fenômeno midiático das redes sociais narrando situações em que as vidas de diversas pessoas se cruzam na rede.

Na faixa “Dias Assim”, Lula brinca com pitadas de eletrônico, samplers. Em “Dos Anjos” ele volta ao rock. É uma das melhores faixas, soa como o progressivo da década de 70. Em “Lua de Mel”, o disco dá uma relaxada, uma espécie de preparação para mais um rock, “Fome Sonora”, também com cara de anos setenta. Completam o disco: “Umdo Outro”, o dueto com Luiza Possi a que me referi no início do post. Segundo Lula, a cantora viu a música e disse que queria cantá-la. “Atlantis”, mais um dueto, dessa vez com a pernambucana Izaar. As guitarras também estão presentes nessa faixa. “Poeira de Estrelas”, uma canção intimista a base de violão, piano e acordeon, encerra o disco.

Outro detalhe a se destacar é foto do álbum ter sido mixado no lendário estúdio “Abbey Road”. É um grande disco desse recifense, de 51 anos, que acentua sua maturidade como artista. Recomendo.

A INTERNET DÉBIL

Foto: divulgação

Viciado que sou em internet, atraiu-me uma postagem do Yahoo que trazia um ranking com as personalidades mais influentes da rede. Na verdade corri para verificar, já torcendo o nariz, porque a manchete destacava que a número um da lista era Ivete Sangalo (???). “Que poder de influência uma cantora de axé pode ter?” ingenuamente me perguntei. Pois bem, diante da famigerada lista veio a perplexidade. Os dez mais:Ivete Sangalo, Paulo Coelho, Marcelo Tas, Preta Gil, Ronaldo, Luan Santana, Neymar Junior, Michel Teló, Rafinha Bastos, 10ºLuciano Huck .

A lista foi elaborada por uma agência de monitoramento de conteúdo na internet, a “LabPop Content”. Busquei no site os critérios usados na elaboração do ranking. Lá consta apenas essa essa breve e evasiva descrição: O levantamento usou cinco medidores de influência na rede – Klout, TweetLevel, Twitalyzer, PeerIndex e Tweet Grader – e, a partir de seus resultados, foi montada uma média ponderada. Ivete Sangalo foi a única com a pontuação máxima (100)”.

O Yahoo mostra, ainda, uma outra lista baseada, exclusivamente, no número de seguidores: Kaká – 15 milhões, Paulo Coelho – 8 milhões, Luciano Huck – 6,2 milhões, Neymar – 3,3 milhões, Michel Teló – 2,9 milhões, Ronaldinho Gaúcho – 2,6 milhões, Ivete Sangalo – 1,75 milhões, Sepultura – 1,74 milhões, Exaltasamba – 1,6 milhões, 10°Eduardo Saverin – 1,3 milhões.

Seja qual for o critério usado, as duas listas são bizarras e assustadoras. Personalidades influentes são formadoras de opinião, certo? Você consulta a lista e vê Exaltasamba, Ronaldinho Gaúcho, Preta Gil (?????), vem na mente aquele incontrolável desejo de gritar: “Misericórdia, eu não pertenço a esse mundo”. Se o Tiririca soubesse ler e escrever, certamente figuraria nessas listas. A internet débil tem um propósito claro: o marketing pessoal. Muitos desses perfis de redes sociais – diferentes do meu e do seu – são patrocinados e os patrocinadores exercem um poder monstruoso na rede. Um simples “oi!” twitado tem uma resposta instantânea que se reverte num eficaz instrumento de propaganda.

Não estou dizendo que se apropriar desse filão é errado, claro que não. O erro está em vender gato por lebre. As celebridades acima citadas  influenciam no modo de vestir, de pentear o cabelo e mesmo assim, atingem um público pouquíssimo exigente, a turma que pega qualquer onda. O pensamento, onde reside o peso real de uma influência, felizmente, quase não é afetado. Comemoremos.

EU, TRABALHADOR

Aproxima-se o dia primeiro de maio e eu, um quase workaholic, lembrei-me de um emprego que mudou minha vida. Não, não estou me referindo ao duro ofício de docente, falo da época em que era metalúrgico da indústria automotiva. Cresci bastante no curto espaço de tempo que trabalhei numa montadora de automóveis. Aprendi sobre a vida e acabei dando uma guinada.

No início da década de noventa eu estava mergulhado numa crise existencial braba, mal saia de casa. Tudo que eu fazia dava errado, sobretudo no campo profissional. Sem que eu procurasse, caiu em minhas mãos uma ficha de inscrição da Autolatina (conglomerado automotivo que reunia a Ford e a Wolksvagem) aqui de Pernambuco. Era o meu cavalo selado passando e eu tratei de montá-lo. Em poucos dias comecei a perceber que para progredir naquele concorrido universo tinha que voltar a estudar. Percebi também que as pessoas que detinham o nível superior ganhavam mais e eram tratadas (na empresa) com mais respeito. Decidi, então, que entraria para essa turma “dos respeitados”.

Voltei a estudar e, com relativa facilidade, consegui ingressar numa universidade pública. Lembro-me como se fosse hoje. Quando fui trabalhar com a cabeça raspada, meus amigos lá da fábrica me tratavam como um herói. Passou na Federal? Ouvia sempre essa indagação do pessoal por lá. Bem próximo do local da fábrica tinha uma pequena faculdade na cidade do Cabo de Santo Agostinho, a FACHUCA. Ouvia, então, a preconceituosa pergunta: “Passou na FACHUCA, não foi?”. Eu respondia, não, na Federal. Nessa época, um aluno oriundo de escola pública ingressar numa universidade pública era um grande feito. Não existiam as facilidades de hoje.

Minha vida mudou na medida em que eu comecei a estabelecer metas. Queria ser encarregado, um cargo que exigia nível superior e tinha um salário que era quase o dobro do que eu ganhava operando uma monstruosa máquina injetora. Não cheguei a concretizar esse sonho, felizmente. A empresa enfrentava uma época de crise. Empregados e patrões viviam num embate interminável. Eu, com meu eterno espírito rebelde, participava ativamente dessa luta. Num belo dia, quando chegamos para trabalhar, encontramos espalhados pela fábrica um panfleto muito bem escrito que trazia citações de Marx e Brecht. O conteúdo era espetacular, versava sobre como o patrão se apropriava da mais valia e enriquecia às custas do operário.

O panfleto terminava com uma citação do Brecht que carrego comigo até hoje: “Não diga tudo bem diante do inaceitável a fim de que este não passe por imutável”. Já citei essa frase inúmeras vezes em outras postagens. Aprendi demais com esse simples panfleto. Inclusive tive a honra de ter sido acusado de ser autor do mesmo. Não escrevi o texto, não teria tanta competência, mas entrei para lista negra das “personas non gratas” do chão de fábrica. Operário que pensava e  frequentava a universidade era demais. Mudaram-me de função diversas vezes até que fui trabalhar numa máquina ao lado de um velho operário, seu “Ênio”. Quando ele percebeu que eu desempenhava a função – quase braçal – melhor do que ele, tratou de minar a minha vaga. Acabei sendo demitido por uma sabotagem dele.

Na época fiquei enfurecido, queria até brigar. Mas percebi, há tempo, que minha vida havia entrado nos eixos eu tinha que seguir adiante. Seu Ênio deve ter se aposentado naquela rotina e ajudou-me, sem saber, a subir degraus. Aprendi.

CRIANÇA VÊ, CRIANÇA FAZ - UM VÍDEO CONTUNDENTE E VERDADEIRO



O vídeo acima é uma criação da NAPCAM (Associação Nacional de Prevenção do Abuso Contra Crianças) um site australiano que, como diz o nome, luta contra abusos cometidos contra crianças. Não sei da idoneidade desse grupo, a descrição acima é apenas para citar a fonte desse ótimo vídeo que mostra, sem dourar a pílula, como é fácil influenciar negativamente uma criança. São vários exemplos de como o maucaratismo pode nascer. Vale conferir!

O SHOW DE ROCK E O DANADO DO SENSO CRÍTICO

Passada um pouco da euforia do grande show de Paul, no sábado passado, me vi às voltas com várias manifestações de alegria – por conta do sonho realizado – e estupidez de uma minoria que insiste em ser do contra. Dois jornalistas de dois veículos importantes de comunicação – não vou citar nomes porque é isso que eles querem, propaganda – teceram comentários preconceituosos ao descrever o evento. Se esforçaram em criticar a plateia, não o espetáculo. Algo como “o público não estava à altura do show”. Nas próprias matérias, as pessoas que comentaram trataram de descer a lenha e desmentir os dois idiotas.

Assim como esses jornalistas, percebi em algumas pessoas aqui da cidade a mesma tendência em tentar diminuir a grandeza do espetáculo. Falavam do exagero dos fãs, do grande aparato envolvendo o evento, figuras de retórica. O comum entre eles, claro, era o fato de nenhum gostar dos Beatles ou de Paul. Um comportamento irritantemente provinciano. Há pouco, numa rede social, dei de cara com uma foto em que Paul desfilava pelo palco com a bandeira de Pernambuco. Como ele foi gentil e muitíssimo agradável com o público, acharam de falar que essa gentileza era fake, manobra da produção. Dizia a legenda: “Meus produtores disseram que era importante fazer isso”. Cheguei a questionar a foto, mas, percebi que seria bobagem quando li o seguinte comentário direcionado a minha pessoa: “Esse nosso hábito de enxergar pessoas como 'lenda' entorpece nosso senso crítico”. Censo crítico num show de rock, vejam só.

O fato é que algumas pessoas perderam a capacidade de sonhar ou de aceitar a felicidade dos outros, o que é pior. Essa triste constatação se aplica ao dia a dia. Tem o chato que não vê tevê porque não quer ficar burro, só assiste a filmes de arte, jamais assistira a um episódio dos Simpsons, o senso crítico impediria. Sigo com minha inocência sendo feliz e realizando sonhos. A beleza da vida, no final das contas, está na simplicidade. Viva o povo arretado!


PAUL NO RECIFE, UMA NOITE INESQUECÍVEL

Hoje, algumas horas após o grande show, ainda estou sob o impacto do espetáculo. Não consigo acreditar que num espaço de cinco meses, dois beatles estiveram por aqui. Antes de tecer alguns comentários sobre o show, cabem algumas considerações sobre o que esse evento representa para mim. Desde a adolescência transito no universo dos Beatles. Sempre colecionei revistas, discos, fotografias, filmes e um monte de objetos relacionados à banda. A bem da verdade, já havia perdido a esperança de ver um dos remanescentes da banda.

Lembro-me que, lá pela década de 80, quando me reunia com meus amigos lá em casa para ouvirmos música e tocarmos violão, sempre cogitávamos se algum dia veríamos um show de Paul, George ou Ringo. Como Recife nessa época estava fora do circuito dos grandes shows, a ideia era tratada como uma grande utopia. Crescemos e seguimos nossas vidas e essa utopia foi crescendo, crescendo, até que no final do ano passado o destino mostrou-se generoso com nós. Inacreditavelmente um ex-beatle aportou por aqui. O show de Ringo foi a realização de um sonho, Paul continuava na esfera do sonho. A utopia começou a se desfazer no início do mês de março desse ano quando anunciaram que Paul viria ao Recife. Claro, só acreditei quando comprei meu ingresso. Para aumentar a felicidade, o show foi no Arruda, templo sagrado do meu clube do coração, o Santa Cruz.

O Show

Antes de Paul subir ao palco, iniciou-se um espetáculo visual, os telões gigantes – 18 metros de altura – exibiram uma sequência de imagens e colagens misturando a história dos Beatles com figuras do mundo pop. Tudo muito psicodélico. Ás 21:40h Paul subiu ao palco fazendo jeito de tímido e mostrando-se surpreso com a grandiosidade da plateia. Abriu o show com “Magical Mistery Tour”. A partir dai presenciamos um grandioso espetáculo Paul, gentilmente, decorou e leu um monte de frases em português e fez a plateia delirar. Falou até em “nordestinês”: “Que povo arretado”.

Destaques

Homenagem a esposa: Paul incluiu no setlist a canção “My Valentine”, uma declaração de amor a sua esposa Nancy Shevell.

Homenagem a Linda, sua falecida esposa: “Maybe in Amized”, ausente na turnê anterior, se fez presente no Recife. Uma bela homenagem a sua alma gêmea, Linda McCartney.

Homenagem a George: “Something” foi um dos pontos altos do show. Clássico absoluto dos Beatles escrita por George, ganhou uma versão que incluía um cavaquinho. Na segunda parte da música, a banda entrou e a plateia delirou cantando junto. Inesquecível.

Homenagem a Lennon: “Here Today” foi apresentada a plateia como uma homenagem a John Lennon. Durante a execução da musica o telão exibia imagens dele. Lindo demais.

Homenagem a Ringo: Não estava prevista, mas alguém na plateia gritou “Ringo”. Paul ouviu e respondeu “Yehhh, Ringo”. Ele puxou “Yellow Submarine” e a plateia cantou junto. Essa, na verdade, foi uma homenagem do fã para Ringo, que esteve recentemente no recife.

O calor do Nordeste: depois da segunda música Paul não aguentou o calor e tirou o bleiser. Transpirou muito, mas, como de costume, não bebeu um só gole de água.

Live And Let Die: muita gente se assustou com as explosões do clássico tema de 007. Foi um espetáculo visual, queima de fogos e o frisson da música (vídeo avaixo).

O show foi, sem dúvida, o maior evento realizado aqui no Recife. Absolutamente inesquecível pela grandiosidade e pela importância do artista. 


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