Resolvi
falar dos chatos nesse primeiro post do ano. É que ando observando e me
divertindo muito com as neuras desse seleto grupo. Todo mundo tem um conhecido
chato. Você está num grupo de amigos, no
trabalho ou num barzinho, aí faz um comentário sobre algo que viu na tevê. O
chato se manifesta: “Eu não tenho tempo para ver tevê”. Normalmente quem
ostenta esse discurso pré-fabricado faz apenas figuração. Assiste tevê mas
adora tirar onda dizendo o contrário. Mais: diz que não gosta da telinha mas,
contraditoriamente, tem assinatura de tevê paga.
Outra
característica dos chatos atuais é se pronunciar contra a internet. “Não tenho
tempo para essas besteiras”. Inexplicavelmente, todos eles têm perfis nas redes
sociais, mas sempre falam que não sabem mexer, que nunca acessam. Se nunca
acessa, por que diabos criou o perfil, ora?
É mais ou menos o mesmo discurso dos famosos: “Não tenho tempo pra
namorar, trabalho muito” Até que um paparazzo qualquer, num clique, desmonta
esse discurso fake.
Conviver
com os chatos requer jogo de cintura, mas, mesmo para os pouco treinados, um
alento: Cientistas da Universidade
de Glasgow, no Reino Unido, comprovaram, com uma pesquisa pra lá de interessante, que o córtex auditivo ignora o que acha chato (li a matéria aqui). Ou seja,
nascemos com um antispam natural que filtra parte das chatices do cotidiano.
Mesmo assim, é sabido, tem hora que o saco enche.
Para esse post não ficar chato, paro de escrever
e reproduzo, abaixo, algumas frases sobre chatos, colhidas na rede:
"O maior chato é o chato
perguntativo. Prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir
pensando noutra coisa” (Mário Quintana).
“Por necessidade de recolhimento
livrei-me de Deus, desembaracei-me do último chato”. (Emil Cioran).
“Chato é aquele cara que você fala:
“Aparece lá em casa de vez em quando” e ele aparece”. (Millôr Fernandes).