RELICÁRIO VOL.15: OS PROGRAMAS DE AUDITÓRIO DA TV JORNAL

ASSIM É O MUNDO


OS DELÍRIOS DE MYRIAM RIOS TORNARAM-SE LEI NO RIO DE JANEIRO

Um dos assuntos mais comentados na rede, nos últimos dias, foi a aprovação, no Rio de Janeiro, do tal “Programa de resgate de valores morais, sociais, éticos e espirituais”. Mais uma bizarrice protagonizada pela ex-atriz  Myrian Rios. Em tempos de interatividade, o rechaço foi imediato e em grande estilo: os internautas despejaram fotos antigas de uma Myriam bem menospudorosa – e muito mais legal, diga-se de passagem – do que a de hoje.

Depois que abandonou a carreira a artística e separou-se do Rei Roberto Carlos, Myrian enveredou na carreira política e conseguiu eleger-se deputada estadual pelo Rio de Janeiro. A partir de então ela caiu no esquecimento do grande público. O semianonimato seria quebrado em 2011 quando a Deputada deixou escapar seu preconceito contraos homossexuais.  Trocando em miúdos, Mirian deixou a entender que acreditava que  homossexualismo e pedofilia eram a mesma coisa.

Mesmo entendendo as declarações dela como algo absurdo partindo de uma pessoa, em tese, esclarecida, houve quem dissesse que ela tinha o direito de pensar assim. Pensar desse jeito não constitui crime algum, propagar esse pensamento equivocado é que foi o erro. Agora, ela ressurge das cinzas com mais uma bizarrice: conseguiu aproar na Câmara Estadual do Rio de Janeiro uma lei que já assusta pelo nome: “Programa de resgate de valores morais, sociais, éticos e espirituais”.

Se ela entende que homossexualismo e pedofilia são a mesma coisa, o “resgate dos valores morais”, por exemplo, implicaria em proibir que homossexuais trabalhassem com crianças.  E o resgate dos valores sociais? Diante da imensa subjetividade do termo, quem poderia determinar os parâmetros que norteariam esses valores? E mesmo que alguém – ou um grupo – se atrevesse a determinar se “isso” ou “aquilo” fere os valores sociais, seria o pensamento de uma minoria sendo imposto para a sociedade. Essa agressão, nos conta a história, serviu como justificativa para inúmeros genocídios.

O ponto mais inaceitável dessa lei é o "resgate dos valores espirituais". Partindo do princípio que a execução da lei será custeada com o dinheiro público, vale lembrar que entre os contribuintes estão pessoas de diferentes credos e muitos, inclusive, que não seguem credo algum. É no mínimo surreal um ateu pagar seus impostos e receber em troca   o  questionamento pelo fato dele não seguir nenhum credo.

Repito: que Myrian Rios tenha seus delírios, tudo bem, a cabeça é dela, mas delirar com o dinheiro público é um absurdo inominável. Mas, num pais em que pastores evangélicos recebem passaportes diplomáticos do governo, os delírios da nobre deputada soam como algo normal. Os que discordam, gritem, “não digam ‘tudo bem’ diante do inaceitável a fim de que este não passe por imutável”, sábias palavras de Bertolt Brecht.

O NECESSÁRIO PARA A VIDA


Por esses dias estive viajando revisitando um lugar que eu não via há vinte e cinco anos. Trata-se de uma cidadezinha litorânea, Maragogi, coladinha com Pernambuco, lá no litoral sul. Uma maravilha. Na minha estada anterior, no longínquo ano de 1988, fui a trabalho. Na verdade, era mais diversão do que labuta, eu era crooner de uma banda de baile e fui animar uma festa de padroeira.  Na época, Maragogi era apenas uma vila de pescadores que se estendia margeando a BR. Atualmente, a cidade ganhou equipamentos urbanos e oferece uma boa infraestrutura para atender os turistas que chegam diariamente para nadar na imensa barreira de corais.

Nos dias que passei por lá, além de me divertir bastante, fiquei observando o cotidiano da cidade, que segue um ritmo de vida bem menos frenético do que eu estou acostumado. Deu para perceber, claramente, que algumas pessoas sentiam-se extremamente felizes com a vida que levavam ali. Lembrei-me, então, de um amigo que sempre falava: “Meu pai precisa de pouco pra ser feliz, chega me irrita”. O que ele queria falar, na verdade, era que o pai não tinha ambições que fossem além do "pouco" que a vida lhe oferecia. Ele entendia aquela felicidade como conformismo.

Hoje, alguns anos mais velho, percebo que a felicidade não tem uma forma nem um tamanho definido e isso é muito bom. Eu mesmo sou um exemplo disso, houve uma época da minha vida que minha felicidade resumia-se a uma valise do tipo 007. Lá pela minha adolescência eu era uma criança retraída que sonhava em ser cantor, escrevia letras de músicas compulsivamente e as guardava dentro de uma valise preta que era o meu maior tesouro. Meus melhores momentos resumiam-se as várias noites de solidão com minha valise e meus textos que guardo até hoje. Até a solidão, um monstro que assusta  muita gente, era algo imperceptível diante da felicidade que eu tinha em escrever aqueles textos.

Esse modo de pensar foi levado ao pé da letra durante o movimento hippie em que pessoas se desfaziam do supérfluo para viver, apenas, com o necessário em harmonia com a natureza. Não cheguei a tanto, mas estive perto. O tempo foi passando e eu fui adicionando – ou deixando chegar – outros elementos que proporcionavam felicidade a minha vida. Um violão, um toca discos, um gravador, minha coleção de discos,  de revistas, meus livros, meus poucos amigos e meus muitos sonhos. Viver bem, ao final das contas, é o resultado das suas escolhas e da preservação do que realmente te traz felicidade.

OS 65 ANOS DE CARREIRA DE JOSÉ SANTA CRUZ

Quem me conhece sabe, adoro ver tevê, não tenho as costumeiras restrições que os “instruídos” adoram declarar contra a telinha. Vale, inclusive, ressaltar que quem é manipulado pela tevê, é manipulado pelo político, pelo padre, pelo pastor, pelo vizinho. Raulzito eternizou uma frase que resume essa polêmica: “É preciso cultura pra cuspir nas estruturas”.

Estou divagando, o tema desse post é outro. Como assisto a tevê desde criança, alguns ícones da rica história televisiva brasileira moram no meu imaginário.  Um deles é o lendário comediante, ator e dublador José Santa Cruz. Uma das memórias mais remotas que trago da tevê é um famoso esquete protagonizado por ele  no mitológico programa humorístico “Balança Mas Não Cai”. O quadro já foi copiado zilhões de vezes em diversos outros programas, sobretudo na Praça da Alegria e no remake “A Praça É Nossa”. José Santa Cruz e seu inesquecível “Jojoca” com o cabelo parecido com o o bigodinho do  Salvador Dali é uma referência da velha guarda do humor brasileiro.

Mas ele se destacou também – talvez até mais – no campo da dublagem. Não é de se estranhar, já que iniciou sua longa carreira  na radiofonia. Trabalhou, inicialmente,  na Rádio Tabajara, na sua cidade natal, João Pessoa, em 1948. Transferiu-se, depois, para Recife onde trabalhou na Rádio Clube de Pernambuco. A voz do José Santa Cruz, segundo ele próprio, é mais conhecida do que o seu rosto. Sua lista de personagens dublados é extensa, são mais de 50 faces que se popularizaram no Brasil através do seu vozeirão. Abaixo, com o auxílio luxuoso do Wikipédia,  destaco os mais conhecidos e aproveito para dar os parabéns ao dono de uma das vozes mais marcantes  da minha infância. Meus respeitos, Santa Cruz.

PS: Não bastasse o talento, ainda tem esse belíssimo sobrenome. Perfeito!

Lista de Personagens Dublados 

·         Claude Akins  - Xerife Lobo
·         Senhor Omar - Todo Mundo Odeia o Chris;
·         Dino - Família Dinossauro;
·         Chefe - KND - A Turma do Bairro;
·         Mad Mod - Os Jovens Titãs;
·         Frederick - 101 Dálmatas
·         O Grande Soldador - Robôs.
·         August Gusteau - Ratatouille;
·         Devon Miles de A Super Máquina;
·         Megatron - Transformers G1 (O desenho clássico dos anos 80)
·          Magneto - X-Men: Animated SeriesX-Men Evolution e nos três filmes em live-action.
·         Magneto e Megatron - MAD.
·         General Li - Mulan;
·         Professor Potter - Tarzan;
·         Yar em Dinossauro;
·         Lyle Tiberius Rourke - Atlantis - O Reino Perdido;
·         Rei Randor - He-Man;
·         Rei Mondo - Power Rangers: Zeo;
·         Gato do Mato - Desenho animado homônimo;
·         Tiamat em Caverna do Dragão 
·         Galo Roy - Fazenda do Orson (Garfield);
·         Sr. Bickley - Mork & Mindy;
·         Virus - Corrector Yui;
·         Señor Senior Senior - Kim Possible;
·         Pete Fedido (Kelsey Grammer) - Toy Story 2;
·         Rúbeo Hagrid (Robbie Coltrane) nos filmes do Harry Potter;
·         Sargento Cosgrove - Freakazoid;
·         Paizão - Os Padrinhos Mágicos;
·         Diretor Voytek Dolinski - Te Pego Lá Fora;
·         Danny de Vito, em alguns filmes;
·         J. Jonah Jameson (J. K. Simmons) em Homem-AranhaHomem-Aranha 2 e Homem-Aranha 3;
·         J. Jonah Jameson no desenho clássico e na série dos anos 70 do Homem-Aranha;
·         Nestor (Josh Shrapnel) - Tróia;
·         Personagens secundários no desenho As Aventuras de Mickey e Donald (na dublagem original);
·         Tarukami - Yu Yu Hakusho (1ª dublagem);
·         Enma Daioh - Dragon Ball Z;
·         Um dos capangas de Curt Neilson no episódio Pesadelo (Nightmares), o 11º da 1ª temporada de Profissão Perigo (1985-1992);
·         Kosta "Gus" Portokalos (Michael Constantine), no filme Casamento Grego
·         Verme Espacial em Frango Robô
·         Watari Death Note
·         Homem de Lata (Jack Haley) em O Mágico de Oz.
·         M (Bernard Lee) em vários filmes de 007
·         Detetive Will Jeffries em Cold Case
·         Boris - Balto Wolfquest e Balto Wings of Change
·         Mel Dorado (Patrick Walker) em Carros 2
·         Lawrence Limburger em Biker Mice from Mars
·         Personagens Mordekaiser e Volibear do jogo de computador League of Legends
·         Mr. Johnson Vila Sésamo 2007

OS ENSINAMENTOS DO TREMENDÃO ERASMO CARLOS

Ontem, assistindo a tevê, vi um belo depoimento do Tremendão Erasmo Carlos.  Falou da vida com muita propriedade e segurança, mostrando-se satisfeito com as escolhas feitas ao longo do seu rico caminho. Como de costume, soltou algumas pérolas da sua filosofia urbana.  A certa altura, mandou essa: “O que mais aproxima agente de Deus é a música e o orgasmo”. Estou no céu, refleti.

Entretanto, o que mais me chamou atenção no breve relato do velho roqueiro – sim, ele é um dinossauro do rock brasileiro – foi a profunda mágoa, que ele deixou transparecer nas entrelinhas, que ainda sente contra o pessoal da Bossa Nova.  O preconceito contra os integrantes da Jovem Guarda sempre existiu, todo mundo sabe.  No auge do movimento diziam que eles eram alienados porque não faziam música de protesto. Com o passar dos anos foram taxados de bregas. Sempre foram contestados.

O discurso de Erasmo revelou a mágoa  quanto à segregação – musical e social – que existia no Rio de janeiro da década de 60. Ele, um jovem oriundo do bairro da Tijuca, passou a se enturmar com a o pessoal da Bossa Nova através do agitador cultural Carlos Imperial.  Passou a frequentar as coberturas da Barra e de Copacabana, mas tinha que seguir a risca as orientações do mestre Imperial: “Não fala pra ninguém que você canta rock, senão eles vão te crucificar”, revelou.

Erasmo franziu a testa para dizer que  os abastados da Bossa Nova  não se misturavam com a turma da Tijuca.  Dirão alguns: “Essa é uma realidade social atual”. Sim, é, mas os movimentos musicais da periferia e fora do que os donos da mídia acham correto, ganharam voz com a facilidade e a voracidade da circulação da informação. O jovem Erasmo Carlos, hoje em dia, não precisaria fingir, omitir sua origem e seus gostos. O abismo social continua, talvez tenha até aumentado, mas a música, ou qualquer outra manifestação artística, chega aonde quer hoje em dia.

Alvissaras, o velho roqueiro continua vivo, ensinando e declarando seu amor ao bom e também velho rock n roll, confira:

EU, PSICÓLOGO


Resolvi falar dos chatos nesse primeiro post do ano. É que ando observando e me divertindo muito com as neuras desse seleto grupo. Todo mundo tem um conhecido chato.  Você está num grupo de amigos, no trabalho ou num barzinho, aí faz um comentário sobre algo que viu na tevê. O chato se manifesta: “Eu não tenho tempo para ver tevê”. Normalmente quem ostenta esse discurso pré-fabricado faz apenas figuração. Assiste tevê mas adora tirar onda dizendo o contrário. Mais: diz que não gosta da telinha mas, contraditoriamente, tem assinatura de tevê paga.

Outra característica dos chatos atuais é se pronunciar contra a internet. “Não tenho tempo para essas besteiras”. Inexplicavelmente, todos eles têm perfis nas redes sociais, mas sempre falam que não sabem mexer, que nunca acessam. Se nunca acessa, por que diabos criou o perfil, ora?  É mais ou menos o mesmo discurso dos famosos: “Não tenho tempo pra namorar, trabalho muito” Até que um paparazzo qualquer, num clique, desmonta esse discurso fake.

Conviver com os chatos requer jogo de cintura, mas, mesmo para os pouco treinados, um alento: Cientistas da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, comprovaram, com uma pesquisa pra lá de interessante, que o córtex auditivo ignora o que acha chato (li a matéria aqui). Ou seja, nascemos com um antispam natural que filtra parte das chatices do cotidiano. Mesmo assim, é sabido, tem hora que o saco enche.
Para esse post não ficar chato, paro de escrever e reproduzo, abaixo, algumas frases sobre chatos, colhidas na rede:

"O maior chato é o chato perguntativo. Prefiro o chato discursivo ou narrativo, que se pode ouvir pensando noutra coisa” (Mário Quintana).

“Por necessidade de recolhimento livrei-me de Deus, desembaracei-me do último chato”. (Emil Cioran).

“Chato é aquele cara que você fala: “Aparece lá em casa de vez em quando” e ele aparece”. (Millôr Fernandes).

RETROSPECTIVA 2012 - MELHORES POSTS DO ANO (SEGUNDO MEU JULGAMENTO)


Pois então, se todo mundo faz, farei aqui também, segue uma lista de doze postes publicados ao longo do ano. Obviamente, a escolha baseou-se na subjetividade do meu gosto. Escolhi um de cada mês do ano.

Janeiro


Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

MINHAS LEMBRANÇAS DO NATAL


Hoje, véspera de Natal, com o intuito de escrever esse post, fui rebuscar minhas referências dessa data comemorativa. A lembrança mais remota que tenho dessa época de festa é do início da década de setenta, eu era um garotinho, uns cinco anos, acho, e ficava animadíssimo com a montagem da “vinatal”, era assim que eu chamava a árvore de Natal. Não me reporto a esses detalhes através de relatos de terceiros, são lembranças minhas que permanecem vivas apesar de longínquas.

Lembro-me que meu tio Janja - irmão da minha mãe – era o técnico da montagem, isso porque o pisca sempre dava problemas. Antigamente tudo custava caro, uma lampadinha queimada era um tormento. Tio Janja retirava a lâmpada queimada e colocava papel laminado retirado de maços de cigarros.  Ele parecia o McGywer em ação. Incrédulo eu via a série de luzes voltar a piscar depois da gambiarra implementada pelo meu tio. A explicação era bem simples: quando uma das lâmpadas apagava, a série era interrompida e o resto não funcionava. O papel laminada, com sua cobertura metálica, introduzido no bocal, reconectava a série e tudo voltava ao normal como num passe de mágica.

O Natal da minha infância também tem um referencial fortíssimo chamado “Festa do Ypiranga”. Era uma tradição nos arredores onde eu morava. Nas semanas antecedentes ao Natal, o “Parque de Diversões Democrata” se instalava numa área militar próxima a estação ferroviária do Ypiranga, e tudo era festa. Ainda hoje o parque funciona, já está armado, mas não tem a tradição e o brilho do passado, os tempos são outros.  Hoje em dia ele funciona bem perto do antigo local, na margem oposta da linha férrea, dentro do campo do Clube Ferroviário. 

Quando criança eu nunca entendia porque quase todas as referências do Natal remetiam ao inverno, se dezembro era o mês do verão. Descobriria mais tarde que o mês de dezembro no hemisfério norte é o mês do inverno. O Papai Noel, o pinheiro, a neve, tudo era de lá. Quando comecei a estudar e a burilar o meu intelecto, "aprendi" que esse Natal com referências estrangeiras era errado, o certo era um outro  que me foi apresentado.

Aprendi sobre os autos de natal, as manifestações folclóricas. A festa estrangeira das minhas lembranças de infância eu tentava deixar de lado. Um belo dia, ironicamente assistindo a uma aula espetáculo de um bastião da cultura nordestina, Ariano Suassuna, aprendi uma grande lição. Disse ele, no meio da aula: ”Durante uns vinte anos eu tomei cafezinho no trabalho só porque os outros diziam que era bom, em casa eu nunca tomava. Deixei de lado esse habito que era dos outros, não meu”.

Percebi, a partir desse valioso exemplo, que o Natal “certo” que me apresentaram, era certo para os outros, o Natal errado, com neve, Papai Noel, Árvore, Manjedoura, esse era o da minha lembrança. Ainda tem aqueles chatos que pregam que o Natal refere-se apenas, e tão somente, à questão religiosa. Tudo bem, respeito, mas minhas lembranças são minhas, ninguém pode mudar. Minha árvore continua sendo armada todo ano, para mim é um momento de felicidade. Feliz Natal para todos!

O QUE FAZER NAS FÉRIAS


Pois então, o mundo não acabou e os bons ares das férias começam a soprar pras bandas de Ca. Para quem, como eu, trabalha o dia inteiro, trinta dias longe dos afazeres cotidianos (obrigatórios) é uma felicidade sem tamanho. O grande lance desse período de ócio, para a grande maioria, é se desligar do mundo e desestressar. Para mim não.

Tem gente que nesse período viaja para um lugar paradisíaco, no meio do nada, e passa o dia deitado numa rede tomando água de coco e olhando as ondas do mar. Eu morreria de tédio em menos de uma semana, com certeza. A questão é a seguinte: Por que tenho de deixar de fazer um monte de coisas que gosto durante as férias? Adoro acessar a internet, escrever no blog, andar pelo centro da cidade, ir ao cinema, garimpar nos sebos da cidade, tocar violão com os amigos. Durante o ano todo tenho que me desdobrar para fazer as coisas que gosto porque o tempo é exíguo. Quando chega o período de férias e tenho tempo de sobra, o “correto” é viajar para o meio do nada e me privar das coisas que gosto.

Dirão os críticos de plantão: “Mas você não gosta de viajar, conhecer lugares novos?” Claro que gosto, mas só por uns dias, não mais que isso. O bom de viajar, para mim, é o prazer de voltar para casa. Muitos pensam assim, poucos confessam. Tem gente fica numa casa de praia, entediado, olhando as paredes o ou a imensidão do mar, contando os dias para voltar para casa. Quando voltam, falam: “Passei uns dias num lugar maravilhoso”. Incompreensível.  Bom, paro por aqui, vou dar uma volta no centro!

CADA UM TEM O ÍDOLO QUE MERECE


Na última sexta-feira, pela manhã, estava dando aula – como faço cotidianamente – numa turma de 6º ano. De repente uma garota chega à janela e grita: “Sheldon está no portão!” Absolutamente todos os alunos correram e eu fiquei sozinho na sala. Minha aula foi para o espaço. Tenho uma filha adolescente e por isso sei que é esse tal de “Sheldon”. Um jovem da periferia que ganhou o estrelato (local) denegrindo a imagem das meninas. Mas elas gostam, sou testemunha ocular disso.

Fenômenos populares como esse se multiplicam com uma rapidez assustadora, é a parte – no meu subjetivo julgamento, claro - ruim do poder indiscriminado da mídia atualmente. Qualquer um pode trabalhar sua imagem e criar um personagem desses com alguns trocados, é fato. A periferia ganhou voz mas desperdiça essa força produzindo fenômenos efêmeros que banalizam a imagem das meninas tratando-as como objetos sexuais.

Eu poderia aqui lembrar do meu tempo de adolescente, falar das reuniões que fazíamos na minha casa para discutir música, mas, geralmente, esse tipo de discurso soa como papo de velho. Pois bem, não preciso voltar no tempo para justificar meus argumentos. Atualmente existe muita gente boa fazendo música de qualidade mas esse é um produto que não interessa a mídia nem a boa parte dos jovens. As “novinhas” gostam de ouvir e cantar versos que descrevem atos sexuais, usam palavras chulas, acabam com a beleza do ato sexual.

Enquanto escrevo esse breve texto estou ouvindo um cedê de Lennon que comprei em 1994 porque a música perene ultrapassa os limites do tempo, pode ser tocada no Natal, na manifestação pacifista, no protesto contra a opressão que as mulheres sofrem na sociedade, pode ser tocada em qualquer tempo em qualquer lugar. Cada um tem o ídolo que merece, os meus são eternos!

AS CONTRADIÇÕES DE UM CURSO DE GESTÃO


Volto a falar do curso de gestão promovido pelo Governo do Estado de Pernambuco, o PROGEPE, porque sinto-me profundamente incomodado pela forma como os professores participantes foram “certificados”. Cumprimos doze módulos em que foram tratadas, logicamente, questões voltadas à tortuosa tarefa de gerir uma escola.  Já teci, em outro post, comentários a respeito da organização do curso e do conteúdo oferecido, não vou mergulhar, de novo, nessa seara, a questão agora é outra.

Ao longo dos últimos anos, para se adequar a uma perspectiva construtivista, a forma de avaliação nas escolas passou por várias reformulações. Chegou-se a óbvia conclusão de que o processo avaliativo deve ser contínuo e nunca restrito a um momento, como se fazia no ensino dito tradicional. Tanto que a famosa “semana de provas” foi abolida – e proibida – na maioria das escolas da rede. As escolas integrais ainda utilizam-se desse período de aplicação de avaliações.  O discurso do processo contínuo é deixado de lado. Por quê? Não sei, rogo a quem souber a resposta do porquê dessa prática educacional incoerente, que me explique.

Os dois parágrafos acima servem de preâmbulo para a crítica que faço à forma de certificação do PROGEPE que também usou a velha e ultrapassada – segundo a própria Secretaria de Educação – avaliação final materializada  numa prova objetiva. O processo contínuo sugerido para a prática pedagógica nas escolas, ao que parece, não serve para avaliar os professores. Fiz a prova e alcancei a certificação, que fique claro. Mas alguns bons professores da minha sala, de boa argumentação e protagonistas de interessantes colocações ao longo do curso, não se saíram bem  e não foram “certificados”.

Absolutamente injusto avaliar um percurso de doze módulos em apenas um momento. As experiências e trocas de ideias vivenciadas ao longo do curso foram jogadas no ralo para quem não se saiu bem na provinha.  Uma citação extraída da apostila do módulo 11 do PROGEPE (p.09), que trata sobre avaliação, explica: “A classificação dos estudantes pode gerar estigmas que se complexificam ao longo da vida escolar caso não seja bem apresentada aos estudantes”. Avaliar um todo com base, apenas, em um momento, também resulta em estigmas.

Inevitavelmente, todos aqueles que não alcançaram nota suficiente para a aprovação estão sendo tratados como incompetentes e até incapazes. Muitos, inclusive, com anos de experiência na atividade de gestão. Até que uma nova oportunidade de “certificação” seja oferecida, vários professores carregarão o estigma da reprovação numa prova que não comprova nada. Triste!


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