Tenho
a nítida impressão de que os dias, sobretudo a fração em que
temos que produzir, andam diminuindo de tamanho. Claro, estou
vicejando o texto para acentuar o fato de que estou até o pescoço
de trabalho. O pior de tudo é que, diferentemente das pessoas ditas
normais, eu não mudo minha rotina para privilegiar o trabalho
excedente. Não deixo de cuidar dos meus blogs, nem de navegar, nem
de ouvir música, nem de sair, faço tudo do mesmo jeito, apesar da
impressão de que o tempo está se tornando exíguo para mim.
O
sábado, que eu guardava como os religiosos, agora está tomado por
um curso de gestão escolar. Já se foram dois longos fins de semana
e nada de novo aprendi por enquanto, mas estamos apenas no começo. O
que mais me assusta – não deveria, mas assusta – é a profunda
tristeza com que os professores discutem as questões ligadas ao
exercício da docência. Não existe uma só questão que seja
tratada sem um toque de mágoa. Razões para ser triste
o professor tem de sobras, sobretudo em Pernambuco que paga o pior
salário do Brasil. A
impressão que se tem é que quase todo mundo que ali está busca,
apenas e tão somente, uma forma de sair da dura rotina da sala de
aula. Já que a questão salarial parece ser um problema imutável,
ao menos a labuta pode ser redirecionada.
Os que já desempenham cargos de gestão alertam que esse trabalho não é menos sacrificado do que o da sala de aula, mas, contraditoriamente, essas pessoas também lutam para permanecerem no cargo. Todo esse quadro de tristeza e reclamações – justificadas, repito – torna o trabalho muito mais cansativo e estressante. Alguns, inclusive, não conseguem entrar no clima da aula. Pergunto-me: por que matricularam-se no curso, então? A indagação, mais uma vez, remete à questão da fuga da sala de aula.
Os que já desempenham cargos de gestão alertam que esse trabalho não é menos sacrificado do que o da sala de aula, mas, contraditoriamente, essas pessoas também lutam para permanecerem no cargo. Todo esse quadro de tristeza e reclamações – justificadas, repito – torna o trabalho muito mais cansativo e estressante. Alguns, inclusive, não conseguem entrar no clima da aula. Pergunto-me: por que matricularam-se no curso, então? A indagação, mais uma vez, remete à questão da fuga da sala de aula.
Outro
fato interessante (e preocupante) diz respeito a estrutura montada para
esse curso. Estamos todos ali, em tese, para nos tornarmos
bons gestores. Um bom gestor, penso eu, lida com questões complexas
como relações interpessoais, violência, coisas desse tipo. Pois
bem, la no polo em que estou tendo aulas, pelo segundo sábado
seguido, atrasaram o horário do almoço por mais de uma hora. Depois
de uma manhã inteira de aula, a maioria dos professores teve que
sofrer numa fila. Eu, que tenho uma glicose
baixa, não posso passar do sagrado horário do almoço. Fui a um
restaurante curar minha fome. Muitos fizeram o mesmo.
A
grande ironia nessa história é identificar um problema de gestão –
a falta de organização – em um curso que está capacitando
gestores. Um dos cursistas ironizou: “Essa é uma aula prática
sobre os erros cometidos em uma má gestão”. O fato é que o atraso
interferiu negativamente no andamento dos trabalhos. O professor retomou a aula à tarde como se todos
tivessem feito suas refeições no horário previsto. Muita gente
acabou perdendo mais de uma hora de aula por isso. Lamentável!