
Efetivamente, o trágico episódio do assassinato de John Lennon, ocorrido no final de 1980, abriu as portas para que os Beatles passassem a fazer parte da minha vida. Fui descobrindo disco a disco. Já contei aqui a historinha sobre como descobri a belíssima “In My Life” que chegou à minha casa pelas mãos do meu grande amigo Lito. Minha paixão pelos Beatles determinou também o meu ciclo de amizades. Colecionávamos revistas, cifras de violão, fitas K7 e os adoráveis LP's. Era tudo muito difícil naquela época. Só pra se ter ideia, eu tinha uma fita que gravei encostando o gravador no alto-falante da tevê. Era um “Globo Repórter” especial, sobre os Beatles, que ouvíamos de vez em quando. Som abafado, mono e com interrupções no áudio: meu pai falando, minhas irmãs reclamando. Mas ouvíamos tudo com um prazer indescritível.
Esses momentos lúdicos de beatlemaníacos temporões eram vistos com desprezo pelos garotos da época. Éramos tratados como tolos porque dávamos muita importância ao simples ato de ouvir música. Anos depois constastaria que aqueles momentos, de celebração musical, tiveram uma considerável importância na minha formação. Sou o que sou (mesmo que não seja muito) porque ouvi (e ouço) Beatles. Devo muito a eles. Isso é fato!
Por duas vezes experimentei o prazer de celebrar os Beatles como se estivesse na década de 60 ou 70 na Inglaterra. Aqui mesmo no Recife, uma banda de baile chamada Alcano realizou dois espetáculos memoráveis, em praça pública, em homenagem a Lennon e aos Beatles. Os shows aconteceram em 1986 e 1987 no Parque 13 de Maio, coração da cidade. Inesquecível! Uma imensa área verde lotada de beatlemaníacos e bichos-grilo de toda espécie. Essas boas lembranças vieram à tona porque me preparo para reviver o universo Beatle num show – cover, é claro – que se realizará nos próximos dias aqui no Recife. É a magia de volta!
Dedico esse post ao amigo Sidclay, que teve o prazer de assistir a shows de dois Beatles. Ave Sid!