Há
bem pouco tempo, aqui mesmo nesse blog, o amigo Carlos Dornelas
contribuía com um post reclamando que o Recife estava fora do
circuito dos grandes shows. O pensamento era que estávamos “longe
demais das capitais”. Recife é vista por muitos pernambucanos
como “a maior cidade pequena do mundo”. Esse adorável paradoxo
nasceu da mania de grandeza dos pernambucanos: "Temos o maior
shopping e o maior conjunto residencial da América Latina, a maior
avenida em linha reta, o maior teatro ao ar livre (sei, não fica em
Recife, mas o povo fala como se Nova Jerusalém fosse logo ali na
esquina) do mundo" e etc. Até que um belo dia alguém sentenciou:
“Recife é a quarta pior cidade do mundo para se viver”. Ninguém
concordou, claro.
Mas,
enfim, parece que descobriram o Recife. Dois grandes shows do Iron
Maiden – estive no primeiro - abriram a porteira para os grandes
espetáculos e eventos. Nos últimos três anos vieram o A-Ha,
Skorpions, Amy Winehouse, Cyndi Lauper, Ringo Starr e Paul McCartney,
só para citar os mais importantes. Na próxima quinta-feira (26) é
a vez da Campus Party Recife. O mega evento tecnológico-geek aporta
no Recife, provando, definitivamente, que entramos na rota.
Não
bastasse essa alternância de grandes shows e eventos, tem toda o
frissom provocado pela realização da Copa do Mundo de Futebol,
Recife será uma das sedes. Como acontece em todos os lugares que
cediam jogos da Copa – espero que aqui não seja diferente –
várias obras de infraestrutura estão em vias de serem realizadas. O
que mais me anima é a promessa de um plano de mobilidade moderno e
detalhado para o Recife que vive, atualmente, um caos no trânsito. A
“maior cidade pequena do mundo” está voltando a ser uma grande
metrópole brasileira.
Mas
nem todo mundo está comemorando. No meu deslocamento diário rumo ao
trabalho, em Olinda, transito por algumas áreas que estão incluídas
no plano de mobilidade. Numa delas, o bairro dos Aflitos, área
nobre do Recife, vários grupos de moradores estão, como o nome do
bairro, aflitos. Cartazes e mais cartazes estão espalhados
maldizendo a mudança anunciada. Se fosse uma choradeira da
periferia, sabemos, não daria em nada. Mas, como se trata de uma
área nobre, possivelmente, o interesse de um pequeno grupo interferirá no reordenamento da cidade. Seja como for, vejo com bons
olhos o descobrimento do Recife.