JULGANDO O DISCO PELA CAPA VOL. 02

Bob Dylan – The Freewheelin (1963): O segundo álbum do trovador do rock tem uma linda capa. Não sou muito fã do Bob Dylan, confesso que não entendo como ele é tão cultuado até hoje. Mas isso é outra história, o que está sendo julgado aqui é a capa. Nesse quesito o álbum “ The Freewheelin” é nota 10.

John Lennon – Yoko Ono - Two Virvens (1968): um disco experimental lançado na fase pré-carreira solo de Lennon. Imagine o escândalo que essa capa provocou em 1968, ano do seu lançamento. A EMI recusou-se a lançar o disco e a dupla Lennon – Yoko teve que recorrer a um selo independente. O disco não tem músicas, apenas uma série de experimentos sonoros.

Dabbie Harry – Koo Koo(1981): ver o rosto belíssimo da Blondie Dabbie Harry atravessado por agulhas causou mais emoção do que a audição das doze faixas desse disco. Essa capa é sempre lembrada como uma das melhores da década de 80.

Sepultura – Roots (1996): A melhor capa do Sepultura, sem dúvidas. Essa imagem tribal marcou a guinada que a banda deu no seu som. Desagradou a muitos, é certo, mas, no geral, o disco foi celebrado. O clipe da música “Roots, blody roots” feito a partir de animação, fez muito sucesso.

Rollingssss Stones – Tatto You (1981): Os Stones são especialistas em capas boas. Essa imagem do disco Tatto You, dizem, inspirou a criação da personagem, “Mistica”, da série X-Men.

Os Mutantes – Os Mutantes (1968): capa boa e disco bom! Nada mais precisa ser dito sobre essa obra. Os Mutantes sempre foram performáticos, mas nunca deixaram que a misancene fosse mais importante que a música. Uma dádiva!

Roxy Music – Country Life (1971): Todos os discos do Roxy Music (exceto Avalon – 1981) trazem mulheres na capa. Em Coutry Life, a banda recrutou duas prostitutas que causaram escândalo ao aparecerem semi-nuas. O disco é um dos melhores da banda, traz o clássico "The Thrill Or It All".

Gal Costa – Índia (1973): essa capa sensualíssima (e belíssima) fazia a alegria dos adolescentes na década de setenta, um clássico. Esse disco é mais uma exemplo da dobradinha capa boa-dico bom.

Nirvana – Nevermind (1991): Essa clássica capa do Nirvana é tão boa que até o presidente Lula resolveu imitar (confira aqui). É um dos ícones da geração grunge. Mais um exemplo da dobradinha disco bom-capa boa.

The Clash – London Calling (1979): A capa do grande disco do The Clash foi a última grande imagem do movimento punk da década de setenta. Em quase todas as listas dos grandes discos de rock de todos os tempos, “London Calling” está entre os dez primeiros, sendo que, em várias eleições ele está no topo. Não bastasse esse histórico sonoro, tem essa iconográfica capa. Sem palavras!

GALEGUINHO DO COQUE E BIU DO OLHO VERDE - QUANDO O BANDIDO VIRA LENDA

O cinema e a tevê costumam transformar os bandidos em heróis, isso todo mundo sabe. Muitos reclamam e alegam que esse tipo de culto incentiva crianças, e pessoas de índole fraca, a enveredar para o lado do crime. No Nordeste, esse tipo de discussão remete sempre à figura de Lampião. Herói ou bandido, o fato é que Virgulino Ferreira da Silva virou lenda assim como tantos pelo Brasil afora: Madame Satã, Lúcio Flávio, o Bandido da Luz Vermelha, Doca Street, Ronald Biggs, dentre outros.

Na história policial recente de Pernambuco, alguns nomes de criminosos que atuavam nas décadas de setenta e oitenta, viraram lenda nas crônicas populares. O grande Chico Science na canção “Banditismo por Uma Questão de Classe”, citou duas dessas lendas do crime: “Biu do Olho Verde” e “Galeguinho do Coque”. Lembro-me bem desses dois nomes que aterrorizaram o Recife quando eu era criança.

Biu do Olho Verde, um jovem de 17 anos, nascido nos Bultrins, periferia de Olinda, além de assaltante era torturador, gostava de submeter suas vítimas – na grande maioria, mulheres – a torturas que deixariam os roteiristas de “Jogos Mortais” no chinelo. Uma das histórias que contam sobre ele diz que, depois de assaltar uma mulher ele perguntou: “quer levar um tiro ou um beliscão?” Logicamente, aterrorizada pela possibilidade de ser baleada, a mulher optou por um beliscão. Ele, então, sacou de um alicate e arrancou os mamilos dos dois seios da mulher, que ficou agonizando de dor. O radialista Jota Ferreira, que fazia muito sucesso na época com um programa no rádio e na tevê chamado “Blitz, Ação Policial”, declarou ter-se encontrado com Biu do Olho Verde e que o mesmo desmentira todas as histórias envolvendo torturas com alicate. Em seu blog, Jota publicou uma declaração, atribuída ao bandido, que teria sido dada num encontro que os dois tiveram na década de 80:

Jota, eu não sou 'fulêro'. Sou macho e esses cabras da Polícia são tudo maricas, 'tendeu'?...Num adianta, 'véi', tu ficar me xeretando porque tu não vai 'arrumá' nada, sacou? Num sei nem que danado é um alicate de unha, porra..! Nunca ameacei ninguém de beliscar os peitos se não me der dinheiro, 'tendeu'? Agora, já mandei uns cinco pro inferno, tá ligado?. Eu gosto de dinheiro e 'mulé'... e tem que ser boa, visse? 'Mulé' merda eu nem paro..! Pergunta às 'mulé' se eu maltratei alguma delas..!”

Galeguinho do Coque”, que nasceu “Everaldo Belo da Silva”, começou a praticar pequenos furtos ainda adolescente. Assim como Biu, ele era diferente do esterótipo dos meninos de rua incutido na mente de quase todo mundo: menino negro ou mulato. Como o próprio apelido denunciava, ele era galego e muito “paquerado” pelas meninas. O que tornou o Galeguinho do Coque famoso foram as suas espetaculares fugas. Ele assaltava e fugia para o Coque, ninguém o encontrava. Em 1971, entretanto, ele foi preso e condenado. Na cadeia, converteu-se à religião evangélica e abandonou o crime. Apareceu na tevê várias vezes falando de Deus e maldizendo sua pregressa vida de crimes. Everaldo Belo mudou para o bairro Alto do Jordão, na periferia do Recife, onde abriu um pequeno comércio.

Muitos não acreditavam na regeneração de Galeguinho do Coque. Alegavam que ele usava a religião como disfarce. Alguns anos depois, foi encontrado morto num terreno baldio na cidade de Moreno. Ao lado do corpo, uma bíblia com as páginas centrais cortadas, escondia um revólver calibre 38. Várias versões foram cogitadas na época. Houve quem dissesse que a cena foi armada para justificar a execução dele. O fato é que a saga desse meliante virou lenda e mora no imaginário de muita gente que viveu nessa época.

SHOW DO U2 INAUGURA UM NOVO CONCEITO DE VER TV

Quando alardearam que o show do U2 seria transmitido ao vivo, via Youtube, pensei: “vai ser um sofrimento: tela travando, som falhando”. Para minha surpresa, e de muitos, “Live From The Rose Bowl” inaugurou um novo conceito no que se refere a transmissões de tevê. Exatamente a 01:30h da madrugada de hoje, o canal foi aberto no Youtube e a revolução começou. De início mostraram toda a estrutura montada no Rose Bowl (palco do tetra brasileiro). Um palco redondo, no centro do estádio, cercado por uma gigantesca passarela que permitia a banda circular por entre o público, inclusive com uma ponte. Vista a distância, a estrutura lembrava uma grande aranha.

Enquanto um contador regressivo marcava a espera do início do show, imagens de outras apresentações foram mostradas seguidas de comentários dos integrantes da banda. Pontualmente às 02:00h, a banda subiu ao palco dando inicio ao show. A primeira canção foi "Breathe". O gigantesco evento foi transmitido sem interrupções e sem apresentador. Ou seja, não foi um programa de tevê, foi um show na sua essência mais pura.

Acompanhei o show e participei do fuzuê que congestionou o Twitter. A cada música, uma enxurrada de comentários, observações sobre variações nas letras – um vício do Bono – e um turbilhão de euforia. Definitivamente, quem acompanhou esse espetáculo foi "testemunha ocular da história", como diria o Repórter Esso.

O show, na íntegra, está disponível no Youtube. Quem não pôde acompanhar em tempo real, pode baixar (usando o VDownloader, é leve, eficiente e gratuito) e curtir. Abaixo o setlist do show e o vídeo disponível no Youtube:

01. "Breathe"

02. "Get On Your Boots"

03. "Magnificent"

04. "Mysterious Ways"

05. "Beautiful Day"

06. "I Still Haven't Found What I'm Looking For"

07. "Stuck In A Moment You Can't Get Out Of"

08. "No Line on the Horizon"

09. "Elevation"

10. "In A Little While"

11. "Unknown Caller"

12. "Until The End Of The World"

13. "The Unforgettable Fire"

14. "City Of Blinding Lights"

15. "Vertigo"

16. "I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy Tonight"

17. "Sunday Bloody Sunday"

18. "MLK"

19. "Walk On"

Bis 20. "One"

21. "Where The Streets Have No Name"

Bis 2 22. "Ultraviolet (Light My Way)"

23. "With Or Without You"

24. "Moment of Surrender"

O VIOLÃO FALANTE DE RAPHAEL RABELLO

Descobri a arte de Raphael Rabello por acaso. Fanático que sou pelos instrumentais da Cor do Som, buscava numa loja um disco do Armandinho e descobri um duo que o grande mestre baiano gravou com Raphael: “Armandinho & Raphael Rabello – Música Viva”. Fiquei impressionado com o talento do violonista. A partir de então, passei a acompanhar a trajetória meteórica desse grande músico.

Raphael começou a estudar violão com seu irmão e, posteriormente, passou a ter aulas com o Jaime Florence, o Mestre Meyra, um dos professores do lendário Baden Powell. Mas, a grande influência de Raphael Rabello foi o violonista “Dino 7 Cordas” com quem teve aulas e herdou o instrumento. O garoto prodígio passou a chamar a atenção dos mestres do violão. Com apenas 14 anos gravou um choro com Turibio Santos e as portas do sucesso foram abertas. Raphael gravo com grandes nomes da emepebê: Tom Jobim, Elizeth Cardoso, Ney Mato Grosso, entre outros.

Raphael Rabello fazia o violão falar. Tinha uma técnica impressionante e sabia dosá-la sem incorrer nos exageros que vemos hoje em dia. Grandes nomes da música instrumental e da crítica especializada não pouparam elogios:

"O melhor violonista que eu já ouvi em anos. Ele ultrapassou as limitações técnicas do violão, e sua música vinha progressivamente de sua alma, diretamente para os corações de quem o admirava." (Pacco de Lucia).

" Esse é um dos melhores violonistas que eu já ouvi." (Lee Ritenour – Jazz Times Magazine).

"Raphael Rabello foi simplesmente um dos maiores violonistas que já existiu. Seu nível de introspecção no potencial do instrumento só foi alcançado, talvez, pelo grande Paco de Lucia. Ele foi ‘o’ Violonista Brasileiro de nosso tempo, na minha opinião. Sua morte, em uma idade ainda tão jovem e uma perda incrivelmente dolorosa, não apenas pelo que ele já tinha feito, e sim pelo que ele poderia vir a fazer." (Pat Metheny).

"Ele foi um incrível violonista. Eu nunca vi igual… ele foi único." (Francis Heime).

"Se o violão tem se estabelecido mais uma vez como a principal voz instrumental da música moderna brasileira, muito do crédito pode ser dado a Raphael Rabello…" (Mark Holston – Guitar Player Magazine).

No auge do sucesso, Raphael sofreu um acidente de carro e precisou fazer uma transfusão de sangue. O músico acabou contraindo o vírus HIV. Essa tragédia provocou uma mudança de comportamento nele que se entregou ao álcool e as drogas. Raphael mergulhou no submundo desesperado com sua condição de aidético. Acabou morrendo de infecção generalizada no dia 27 de abril de 1995, tinha apenas 33 anos.

Os dois discos do Raphael que eu mais gosto, ironicamente, são lançamentos póstumos: “Cry My Guitar”, de 1994 e “Mestre Capiba”, uma coletânea de frevos em que Raphael atuou como arranjador, produtor, músico e até cantou numa das faixas. Nesse raro registro, nomes como “Chico Buarque”, “Alceu Valença”, “Paulinho da Viola”, “Maria Bethania”, “Caetano Veloso”, “Gal Costa”, “Ney Mato Grosso”, "Claudionor Germano", "Milton Nascimento", “João Bosco” e “Maria Rita” desfilam clássicos frevos do Mestre Capiba. O próximo dia 31 de outubro é o dia do aniversário de Raphael Rabello. Sim, ele está vivo, os artistas são imortais.

BREVE HISTÓRIA SOBRE O RADICALISMO

Há poucos dias, por mero acaso, andei discutindo com dois amigos sobre Josef Stalin. Falava eu sobre os exageros do sanguinário ditador e citei o Massacre de Katin- tema de um post recente – promovido contra oficiais e civis poloneses na Segunda Guerra. O amigo Maro (assim mesmo, sem 'i'), um velho barbeiro, comunista até a alma, contestou a veracidade da história contada pelos poloneses ignorando, inclusive, as evidências levantadas no local do massacre. Vale lembrar que em 1989, Mikhail Gorbachev reconheceu a responsabilidade russa e em 1992 o então presidente Boris Yeltsin entregou a Lech Walesa provas materiais do crime. Nada disso importa, para o materialista radical, o que vale é preservar a memória de Stalin.

Tive a mesma conversa com o amigo Hugo, professor de Física de uma das escolas onde trabalho. A reação foi a mesma: incredulidade diante dos fatos. Mesmo reconhecendo que nunca ouviu falar dos acontecimentos de Katin, radicalmente, disse que era tudo mentira. Tudo inventado para manchar a imagem do “grande líder”. Costumeiramente, os marxistas criticam os fanáticos religiosos pelo radicalismo e pela forma cega como depositam sua fé em Deus. Noto que o comportamento dos marxistas, que descrevi acima, é exatamente igual, só muda o deus.

Crentes ou não, os radicais são iguais e morrerão fiéis às suas convicções. Afinal, reconhecer o erro, ou o defeito do seu objeto de admiração, seria reconhecer o erro de uma opção de vida. Poucas pessoas têm grandeza para tanto.

LETRAS DE MÚSICAS POLITICAMENTE INCORRETAS

O Teu Cabelo Não Nega - Lamartine Babo – Irmãos Valença

O teu cabelo não nega mulata/ Porque és mulata na cor/ Mas como a cor não pega mulata/ Mulata eu quero o teu amor

Os versos acima, apesar de creditados também ao Lamartine Babo, foram compostos apenas pelos Irmãos Valença. O próprio Lamartine confessou o delito. A canção revela um forte preconceito racial quando o homem diz que quer o amor da mulata seguro que não vai “pegar a sua cor”.

Fricote – Luiz Caldas

Nêga do cabelo duro/ Que não gosta de pentear/ Quando passa na baixa do tubo/ O negão começa a gritar/ Pega ela aí pega ela aí/

Pra quê

Pra passar batom

Mais uma com preconceito racial. A negra que não penteia o cabelo nem gosta de se maquiar, como se isso fosse uma obrigação.

Loira Burra – Gabriel pensador

Existem mulheres que são uma beleza, mas quando abrem a boca, hum, que tristeza/ Não é o seu hálito que apodrece o ar, o problema é o que elas falam que não dá pra aguentar. Nada na cabeça, personalidade fraca, tem a feminilidade e a sensualidade de uma vaca.

Loira burra! Loira burra!

O preconceito contra as loiras é um estereótipo clássico da cultura brasileira. O preconceito não é percebido porque o alvo é uma mulher branca. Imagine se a canção falasse de uma “negra burra”. A letra denigre a imagem da mulher quando a compara com uma vaca.

Odeio Rodeio – Chico Cesar

Odeio rodeio e sinto um certo nojo/ Quando um sertanejo começa a tocar/ Eu sei que é preconceito, mas ninguém é perfeito/ Me deixem desabafar/

A calça apertada, a loura suada, aquele poeirão A dupla cantando e um louco gritando “segura peão”.

Essa canção não tem registro em cedê, é apenas tocada nos shows. O próprio autor confessa nos versos que está sendo preconceituoso. O alvo da crítica é o modelo de rodeio adotado no interior paulista, totalmente copiado do modelo estadunidense.

Cabeleira do Zezé – João Roberto Kelly

Olha a cabeleira do Zezé/ Será que ele é/ Será que ele é/

Será que ele é bossa nova/ Será que ele é Maomé/ Parece que é transviado/ Mas isso eu não sei se ele é/ Corta o cabelo dele!

Essa ingênua marchinha de carnaval cantada até hoje nos bailes é, na verdade, um hino homofóbico. A sexualidade do Zezé é questionada pelo simples fato dele usar cabelo grande.Na versão cantada nos carnavais mais recentes, depois do verso "Será que ele é" acrescentaram a palavra "bicha".

Rua Augusta – Ronnie Cord

Entrei na Rua Augusta a 120 por hora/ Botei a turma toda do passeio pra fora/ Fiz curva em duas rodas sem usar a buzina/ Parei a quatro dedos da vitrina/ Hay, hay, Johnny/ Hay, hay, Alfredo/ Quem é da nossa gang não tem medo/

Meu carro não tem breque, não tem luz,não tem buzina/ Tem três carburadores, todos os três envenenados/ Só pára na subida quando acaba a gasolina/ Só passa se tiver sinal fechado/ Toquei a 130 com destino à cidade/ No Anhangabaú eu botei mais velocidade/ Com três pneus carecas derrapando na raia/ Subi a galeria Prestes Maia/ Tremendão/ Hay, hay, Johnny/ Hay, hay, Alfredo/ Quem é da nossa gang não tem medo

Essa canção do Ronnie Cord é um clássico da Jovem Guarda. A letra inteira exalta as infrações de trânsito. Absurdamente impensável nos dias de hoje.

Bata Nego – Helder Lopez

A minha mulher gostava/ Quando eu lhe batia/ Quando mais ela apanhava mais ela dizia/ Bata nego pode bater/ Bata com força que eu não sinto doer/ Não me incomodo que a vizinha/ Me chame de biriteiro/ Que eu não tenho dinheiro/ Pra comprar o pão/ Tenho satisfação sou/ Mulher de verdade/ Te peço por caridade/ Não deixe de bater não/ Bata nego pode bater/ Bata com força que eu não sinto doer

Essa música é mais conhecida aqui no Nordeste. Foi um grande sucesso na voz do forrozeiro Arlindo Julião. É um descarado hino machista.

Aceito sugestões de letras politicamente incorretas, estou preparando uma segunda edição desse post.

MASSACRE DE KATYN, A VERDADEIRA HISTÓRIA

Quase nenhum livro de história relata o genocídio acontecido em 1940 na Floresta de Katyn, arredores de Smolensk, Rússia. Em 1943, soldados nazistas descobriram nesse local uma quantidade enorme de valas comuns que serviram de sepultura para milhares de oficiais do exército polonês. Inicialmente o crime foi atribuído aos alemães, teria sido mais uma das inúmeras atrocidades cometidas a mando de Adolf Hitler. Em pronunciamento oficial, o governo russo informou que deixara para trás milhares de prisoneiros em Smolensk. Os alemães localizaram os campos de concentração e efetuaram o massacre para usá-lo como propaganda política.

Durante meio século a versão russa foi aceita como verdadeira. Entretanto, várias entidades ligadas aos direitos humanos sempre alertaram para os indícios que contrariavam a história contada pelos russos. Esses indícios foram rechaçados pelo próprio governo polonês que no pós-guerra viveu sob a tutela da ex-União Soviética fazendo parte da chamada cortina de ferro. Eles alegaram que em 1943 a Cruz Vermelha polonesa exumou os corpos e constatou a veracidade da história contada pelos russos.

A Verdadeira História

Em 1940 o exército russo transportou milheares de militares poloneses para três campos de concentração: Kozielsko, Starobielsk e Ostaszkov, conhecidos genericamente como Katyn, perto da cidade russa de Smolensk. Nesses locais, os prisioneiros foram executados com tiros na nuca e jogados em valas comuns. Depois do massacre, o governo russo obrigou vários cidadãos poloneses, parentes dos desaparecidos, a assinar declarações em que reconheciam que o massacre fora praticado pelos alemães. Quem se recusou a participar da farsa, foi eliminado.

Apenas em 1989, depois de quase meio século dessa gigantesca farsa, o governo russo rendeu-se às irrefutáveis provas que atestavam a culpa do Exército Vermelho. O líder soviético Mikhail Gorbachev reconheceu a responsabilidade do seu país. Em 1992, o então presidente Boris Yeltsin, entregou ao então chefe de Estado polonês, Lech Walesa, documentos que provavam o massacre de dezenas de milhares de militares e civis poloneses em Katyn. Entretanto, em 2005, a Promotoria Militar Russa, reacendeu a discussão quando negou que o Massacre de Katyn foi um genocídio.

O fato é que um dos capítulos mais negros da história mundial foi encoberto por uma farsa agora revelada. Estima-se que mais de 140 mil poloneses entre civis e militares foram mortos nos campos de concentração de Katyn. Para uma melhor compreensão dessa dolorosa página da história, sugiro o filme “Katynn”, de “Andrzej Wajda “, lançado no Brasil no começo de 2009.

Clique AQUI e assista ao filme, na íntegra, dublado em português, via Google vídeos.

CANTA, MERCEDES!

*Mercedes Sosa dando graças à vida, porque as estrelas são eternas, nunca perdem o brilho. Seu canto é a mais bela tradução da alma latina. Canta Mercedes!

FRANCISCO JULIÃO E AS LIGAS CAMPONESAS

Por ser o Brasil um país de dimensões continentais – quase o tamanho da Europa – os problemas envolvendo a posse da terra sempre foram uma dura realidade nas diversas fronteiras agrícolas pelo país afora. No nordeste, especificamente em Pernambuco, o pioneirismo das “Ligas Camponesas” representa um marco na luta pela posse da terra.

Em 1954 foi fundada no Engenho Galileia, na cidade de Vitória de Santo Antão, a SAPPP, Sociedade Agrícola dos Plantadores de Pernambuco. Essa associação tinha como finalidade principal dar apoio jurídico aos camponeses para que estes tivessem subsídio para se livrar da semi-escravidão imposta pelos grandes latifundiários. Uma breve consulta, ao passado histórico de Pernambuco, revela que os grandes latifúndios monocultores foram a base da colonização. O modelo produtor da época dos desbravadores se perpetuou mesmo com a mão-de-obra dita livre. A liberdade, de fato, nunca existiu.

O Engenho Galileia abrigava, na época da SAPPP, 140 famílias que viviam em regime de “foro”, revertiam parte da sua produção para o proprietário da terra. Uma relação de trabalho com características feudais. O proprietário do Engenho Galileia, não acreditando na força da união dos trabalhadores, aceitou a associação. Entretanto, quando percebeu que o movimento poderia diminuir o seu domínio e consequente lucro, determinou a dissolução da SAPPP. Esse ato arbitrário deu início à luta pela posse da terra em Pernambuco.

A SAPPP procurou respaldo jurídico na capital. Foi então que entrou em cena um nome que marcaria para sempre o Movimento das Ligas Camponesas: Francisco Julião. Os camponeses não buscaram ajuda nele por acaso. Julião, que era advogado, já havia citado a associação em diversas palestras e na imprensa do Recife. No dia 1 de janeiro de 1955, a SAPPP passou a ser uma instituição devidamente registrada. Não demorou muito e os camponeses conseguiram a desapropriação do Engenho Galileia, que era de “fogo morto”, não produzia mais cana. Essa expressiva vitória da SAPPP, agora chamada de “liga”, deflagrou o movimento pela Reforma Agrária que arrefeceu com o Golpe de 64.

Francisco Julião ingressou na vida política. Teve dois mandatos de deputado estadual e foi eleito deputado federal por Pernambuco em 1962. Com o Golpe de 64, foi cassado e preso. Libertado em 1965, ficou exilado no México até 1979, ano da anistia. Julião morreu no México, aos 84 anos, em 1999, vítima de um infarto. Mais de cinquenta anos depois da experiência iniciada no Engenho Galileia, a reforma agrária ainda é um sonho a ser conquistado no Brasil.

POR QUE O BRASIL APOIOU FAROUK HOSNY?

O polêmico ministro da cultura, o egípcio Farouk Hosny, conhecido por seus discursos anti-semita, foi derrotado ontem na eleição para a direção-geral da Unesco, uma extensão cultural da ONU. A vencedora foi a embaixadora da Bulgária na França, Irina Bokova. O resultado do pleito foi comemorado pela Unesco – que se livrou de futuras polêmicas com as comunidades judaicas – e por diversas lideranças judaicas espalhadas pelo mundo.

Farouk Hosny é um nome contestado não só pelos judeus, mas por muitas entidades ligadas aos direitos humanos. Farouk, entre muitas frases polêmicas, declarou que mandaria queimar livros judaicos existentes nas bibliotecas egípcias. A disputa do cargo de diretor-geral envolvia também um brasileiro, Marcio Barbosa, que já trabalha na ONU ocupando um importante cargo. A Comissão de Relações Exteriores, no Senado, pressionou o Itamaraty a apoiar a candidatura do brasileiro. Segundo analistas estrangeiros, se apoiado pelo Brasil, Marcio Barbosa dificilmente seria derrotado.

A grande pergunta é: por que o Brasil apoiou Farouk e não Márcio Barbosa? Segundo Celso Amorim, Ministro das Relações Exteriores, o Brasil apoiou a candidatura de Farouk Hosny porque está em processo da aproximação com as comunidades árabes. Com a vitória de Irina Bokova, o Brasil sai derrotado e com a imagem arranhada perante o ocidente. Resta saber quais os ganhos que a aproximação com as comunidades árabes pode trazer para o país. Essa afirmação foi feita sem grandes detalhes. Uma questão não ficou bem clara nessa história: de quem partiu a ordem (ou a orientação) para Celso Amorim, em nome do Brasil, declarar apoio Farouk Hosny? Com a palavra o Governo Lula!

HOJE É DIA DE BRIAN


Na época do colégio, quando eu me reunia com um grupo de amigos para falar sobre música, terminávamos sempre falando dos Beatles. Brian Epstein, o primeiro empresário dos Beatles, era sempre citado com carinho e e reverência. Algo como: “esse cara descobriu a maior banda de rock de todos os tempos". Isso não é pouco. Mesmo que você não ache que os Beatles foram isso tudo, o papel do Brian não diminui.

Quem era ele, afinal? Brian, assim como os Beatles, nasceu em Liverpool, num 19 de setembro como hoje, em 1934. Oriundo de uma família judia lituana, sempre teve muita habilidade para os negócios. Sempre foi um sujeito triste e vivia em eterno conflito com seus pais. Sonhava ser designer de moda mas, seu pai rechaçava essa inclinação, acabou indo trabalhar na loja da família.

O caminho de Brian começou a se cruzar com o dos Beatles quando ele, aos 21 anos, virou gerente de uma loja de discos, a NEMS, em 1956. O jovem gerente era ambicioso. Depois de passar um período estudando artes dramáticas em Londres retornou a Liverpool, em 1961, cheio de ideias. Virou crítico de música, assinava uma coluna na revista Mersey Beat.

Foi nesse mesmo ano que aconteceu o antológico encontro de Brian com Raymond Jones. O jovem Ray foi até a NEMS e pediu um compacto com a música “My Bonnie” gravada pelos Beatles e Tony Sheridan. Brian Epstein, que escrevia sobre música, ficou intrigado por não conhecer os Beatles. O interesse aumentou quando ele descobriu que a banda tocava num pub perto da sua loja. No dia 06 de novembro de 1961 o futuro empresário assistiu a um show dos Beatles no Cavern Club. Quatro dias depois ele era o empresário da banda.

Brian foi o responsável pela mudança do visual e da postura dos Beatles. Por ter estudado artes dramáticas e ser um designer de moda amador, possuía habilidade nessa área. Muitos não reconhecem George Martin como o quinto Beatle e sim Brian. Esse título honorário seria uma retribuição ao legado deixado pelo jovem empresário.

Brian era um homem solitário. Era homossexual, mas nunca teve coragem de assumir publicamente. Esse fato só seria revelado após a sua morte. A solidão o aproximou das anfetaminas. Usava compulsivamente para dormir. No dia 27 de agosto de 1967, foi encontrado morto no seu quarto. Havia tomado uma dose excessiva de “Carbitol”. Brian Epstein morreu com apenas 32 anos. Confira abaixo, um raríssimo registro de uma entrevista (legendada em português) de Brian Epstein junto com os Beatles - 1963

ODEIO PARABÓLICAS

Aprendi desde cedo que um dos maiores bens que a pessoa tem é a sua identidade cultural. Quando era garoto costumava ir ao bairro de São José (centro do Recife) com meu pai, que trabalhava por lá. Sempre fui fascinado por aquele lugar, que conserva até hoje traços do passado. Os trilhos dos bondes ainda se estendem nas Ruas das Calçadas e Direita.

Aos sábados, naquela época, sempre tinha um maracatu tocando para animar o povo. Muita gente ignorava a riqueza daquela manifestação cultural. O popular, estupidamente, era visto como inferior. Já vi, inclusive, grupos de maracatus serem vaiados em pleno Pátio de São Pedro. Anos depois, no início da década de 90, (século passado) Chico Sciencia – contestado pelos puristas – adicionou guitarras e grooves ao som do maracatu e aproximou a velha manifestação cultural dos jovens. Não, ele não maculou o maracatu como apregoava, na época, o purista Ariano Suassuna. Depois da injeção dada por Chico, as pessoas (sobretudo os jovens) passaram a ter orgulho de ser Pernambucano.

Quem frequenta o Pátio de São Pedro ou o Mercado da Ribeira, em Olinda, não assiste a apresentações de maracatus com guitarras. O efeito Chico Science trouxe de volta o maracatu de raiz. Alfaias e abês voltaram a ser brinquedos de criança. Sonho em ver o frevo passando por um processo desses. Os blocos líricos já estão de volta com muita força. Na rua da Aurora (centro do Recife) há pelo menos uma década, acontece uma importante prévia carnavalesca que reúne os mais expressivos blocos líricos de Pernambuco. Estamos recuperando a identidade cultural.

Por outro lado, na maioria das cidades do interior, a antena parabólica está provocando um efeito inverso. As pessoas sintonizam os canais do sudeste e acabam absorvendo a cultura de lá. Ao invés de assistirem aos telejornais daqui, se inteiram das notícias de lá. Tenho amigos no interior que falam sobre isso de forma muito natural. Além das fronteiras da área metropolitana do Recife as pessoas torcem pelos times do centro-sul. ACULTURAÇÃO é o termo correto para designar esse fenômeno midiático. Odeio as parabólicas!

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