No
final da década de 70 "A Cor do Som" começou a frequentar as rádios
alternando sucessivos hit's. Primeiro foi “Beleza Pura”, assinada
por Caetano Veloso, depois veio o estrondoso sucesso de Zanzibar, uma
parceria entre Armandinho e Fausto Nilo que, segundo os autores, “É
só uma brincadeira com um monte de frases que não querem dizer nada”.
Seja como for, a música abriu portas para o grupo baiano e eu me
interessei em ouvir.
O
interessante nessa minha relação com A Cor do Som foi a surpresa
que tive quando descobri que a banda não era só – e tão somente
– aqueles hist's que tocavam no rádio. Quando ouvi o
elepê “Mudança de Estação”, de 1981, descobri o outro lado da
banda, o universo instrumental. A faixa inicial, “Saudação a Paz”
(Mú), lembra a abertura de um festival de música com o destaque da
guitarra baiana de Armandinho e os teclados de Mú duelando. A faixa
03, “Ar de Baião”(Aroldo/Armandinho), é o melhor instrumental
de todos os discos da Cor. Uma combinação perfeita de guitarra
baiana e bandolim, ambos executados com maestria por Armandinho. No
meio da canção ainda tem um solo do baixo equalizado de Dadi.
Perfeito!
O
disco traz ainda, na faixa 06, “Apanhei-te Mini-mog”(Mú), uma
referência a Ernesto Nazaré - Apanhei-te Cavaquinho – mas não é
um choro, é um discreto forró. Na faixa 07, outro espetáculo, a
canção “Escapuliu Tudo Arreia”(Pepeu Gomes) começa como uma
oficina sonora. Mú experimenta sons, efeitos e de repente a guitarra
baiana de Armandinho, em perfeita simetria com os rifes de teclados,
despeja solos. Completam a lista as discretas
“Swing”(Ary, Gustavo e Joazinho) faixa 09, “Voo da
Borboleta”(Armandinho/Dadi), faixa 11, e “Cinema Mudo”(Mú),
faixa 12.
Vale
ressaltar que “Mudança de Estação” é um disco misto, tem sete
faixas cantadas, das quais, três foram hit's na década de 80:
“Zero”(Armandinho/Fausto Nilo), “Alto Astral” (Mú/Evandro
Mesquita) e “Mudança de Estação”(Paulo Leminski). Depois da
audição desse disco, me apaixonei por discos instrumentais da Cor
do Som: “A Cor do Som” (1977), e o “Ao Vivo Em Montreaux”
(1978).
Em
1982 a Cor do Som lançou o “Magia Tropical”, primeiro disco sem
Armandinho. Para a árdua missão de substituir o virtuoso músico,
foi escalado o argentino Victor Biglione, ótimo guitarrista com
formação jazzística. A saída da guitarra baiana mudou o som da
Cor. Na canção “Ping Pong”(Mú/Victor Biglione), faixa 04,
Victor Biglione destila solos leves, sem distorção, com fortíssima
influência do jazz. O mesmo se aplica a faixa 07, “A Semente
Mágica”(Mú), em que o piano de Mú divide a cena com um sax tenor
pra lá de jazzístico. Na faixa 09, um dos grandes momentos do
disco, a canção “Outras Praias”(Victor Biglione). Victor
Biglione toca violão como se estivesse dedilhando uma guitarra, uma
marca dele. Muito bom! Mas o melhor do disco está na faixa 10, a
canção “O Balão Vai Subir”(Mú), uma mistura de forró com
rock que traz no final um solo apoteótico de Victor Biglione.
Perfeita!
A
Cor do Som tem outros bons discos, mas isso é assunto para outro
post.
Clique aqui e acesse o site oficial da banda.
Comments
One response to “O SOM INSTRUMENTAL DA COR”
Essa é uma banda que ainda preciso conhecer!! Vc fala sempre tão bem que fico esperando o melhor momento pra isso!!! Acho que já chegou...
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