EU E MINHAS TRALHAS

Sempre fui criticado por pessoas próximas (familiares e amigos) por ser uma pessoa que venera o passado. Tinha brigas homéricas com minha mãe porque ocupava o meu guarda-roupas e invadia o dela com um monte de tralhas que ninguém sabia o porquê de guardar. Outro dia recebi em casa um grande amigo de infância. Enquanto conversávamos mostrei-lhe, numa prateleira ao lado, a minha coleção de Revistas Bizz. Líamos compulsivamente esse periódico dedicado à música e esperávamos, ansiosos, pelo número seguinte. Sobre o fato de eu ainda conservar minha valiosa coleção de revistas, meu fraterno amigo, friamente, comentou: “Se fosse lá em casa minha mulher já tinha jogado fora”.

Pensei comigo: “Se minha mulher fizesse isso, me separaria dela”. Minha casa ficaria muitíssimo mais arrumada e organizada sem as minhas “coisas”, minhas tralhas, como dizem. Mas seria uma casa sem alma, sem as coisas de que gosto. Seria uma casa vazia. Bonita aos olhos dos outros – que, francamente, pouco me importam – mas não seria o meu lugar.

A internet aumentou minha ligação com o passado porque subverteu a ordem cronológica das coisas. O passado está logo ali, basta um clique. Esse maravilhoso anacronismo é a prova cabal de que não estou sozinho. O Google transformou-se num gigante desenterrando as memórias do passado e colocando-as lado a lado com o mundo pós-moderno. Todos os dias, quando sento diante do meu pecê, valho-me desse recurso que me surpreende diariamente. Recorro ao passado quase que cotidianamente. Reformulo ideias, reciclo conceitos e vou criando as minhas bases para caminhar no presente sem temer o futuro. Vivo.

Comments

4 Responses to “EU E MINHAS TRALHAS”

Bete Meira disse...
1 de junho de 2010 às 01:26

Vi um pouco da minha história nesse post. Também sou "perseguida" por não me desfazer de "tralhas" carinhosamente guardadas ao longo dos anos. Faço minhas suas palavras quando diz que a casa ficaria descaracterizada sem nossas relíquias.Um sobrinho já se ofereceu para organizar meu "quartinho da bagunça" com a condiçao de que eu saísse de casa e lhe desse carta branca para jogar tudo fora,kkkkkk. Claro que recusei a generosa oferta. Eu não jogaria fora suas tralhas, caro Ed!!!

Anônimo disse...
2 de junho de 2010 às 19:19

Entendo o que quer dizer.. O significado que o passado tem para a gente... Dizem que se ficarmos olhando muito para trás não se vive o presente. Não tenho tanto apego assim pelo passado, (sobretudo materialmente falando) até por que se diz que se nos entulhamos com passado não deixamos espaço para o novo. Até mesmo os livros que compro - algo que eu mais gosto daquilo que tenho - eu leio e passo adiante... faço trocas. Enfim, não quero ficar apegado às coisas a ponto daquilo me possuir e não o contrário, como deve ser. Gostei do post!

2 de junho de 2010 às 23:36

Duas opiniões diferentes, mas, ao menos, entendem o que falo.

Bete Meira disse...
3 de junho de 2010 às 03:08

Inaldo,não vejo como olhar o passado, nem como apego à matéria, mas encaro como guardar coisas de que gostamos para que estejam sempre por perto pra olhar de vez em quando, saber que estão lá para o caso de querer rever ou reler, emprestar a alguém... O livro é meu amigo, por isso não me desfaço, prefiro comprar para presentear, mas o meu fica aqui,kkkk. No meu caso são livros de português,livros da graduação e da pós,livros evangélicos,romances,biografias,fotos,revista saúde,seleções,nova escola, receitas,recortes de jornal,kkkkkk,parece que tenho mais "tralhas" do que Ed!kkkkk

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