A OBRIGAÇÃO DE SE TER FÉ

A jornalista Eliane Brum, em matéria recente da versão online da Revista Época, levantou uma questão interessante referente a prática monetária de algumas instituições religiosas: a maioria dos segmentos evangélicos não aceita o fiel que professa a fé e não frequenta a igreja. Um batalhão de argumentos blinda a defesa do modelo do fiel contribuinte, aquele que frequenta a igreja e ajuda a manter – no sentido lato – a instituição.

A fé, que deveria ser o elemento primordial dessa relação, ao que parece, é relegada a segundo plano. Eliane citou a igreja católica como exemplo de uma pratica religiosa mais desprendida, pois permite a existência de uma modalidade de fiel que não é vista em outras religiões: o não-praticante. O termo levado ao pé da letra sugere, erroneamente, que o indivíduo se diz católico, mas não pratica. Não é isso. O “não-praticante” é aquele que comunga das ideias professadas pelo catolicismo, mas não frequenta a igreja, limita-se a professar o seu credo sozinho ou em família.

Essa é uma verdade inegável, mas discordo quanto a citar o “não-praticante” sugerindo, nas entrelinhas, um certo  desprendimento, acredito que é meramente uma questão de escolha, cada um deve professar sua fé como quer. Outro ponto contraditório da Igreja Católica é o celibato. Esse preceito, que não tem nenhum embasamento bíblico, pelo contrário, fere uma doutrina divina: “crescei e multiplicai-vos”, segundo muitos estudiosos da doutrina da Igreja, tem uma razão econômica. Se o padre constituísse família, quando morresse, a igreja, como sua instituição mantenedora, teria que assumir o sustento dos seus entes. Na pratica, seria um fardo social e econômico. Não se justifica, de forma alguma, a existência do celibato nos dias de hoje.

Essa é uma discussão bastante interessante mas, infelizmente, sempre descamba para a agressão e a grosseria. Quando o assunto é religião, dificilmente as pessoas defendem seus pontos de vista sem agredir os outros. E se o assunto for a falta de fé, dificilmente mantém-se a elegância. O ateu é tratado como doente, como alguém que tem algum desvio  moral, um devorador de criancinhas. Citam discursos de tolerância – que era o que Jesus pregava – e, contraditoriamente, são intolerantes. A fé, devo concluir, é uma obrigação e não uma dádiva.

Comments

3 Responses to “A OBRIGAÇÃO DE SE TER FÉ”

Sarah Tancredi disse...
17 de novembro de 2011 às 01:16

Caro colega, até a fé vem de Deus. Fé é a certeza do que se crê, a convicção de que o que ainda não existe, pode acontecer. O catolicismo se baseia numa parte que fala que há eunucos que assim nascem e os que se tornam eunucos por amor a Deus, algo assim: "Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o." (Mateus 19:12). Jesus sempre respeitou a individualidade do homem, Ele só entra onde é convidado. Quem somos nós, pobres mortais, para agir de forma diversa? Parabéns pela reflexão!

Sarah Tancredi disse...
17 de novembro de 2011 às 01:33

Faltou dizer que sem o celibato, possivelmente findariam os escândalos sexuais envolvendo padres, bispos, freiras, etc.

Sidclay disse...
17 de novembro de 2011 às 17:10

Religião é um produto da fé, enquanto a discussão é um processo da razão... Fé e razão não caminham juntos desde que a "ciência", como produto da razão, veio contestar a fé...
Fé e razão podem habitar harmoniosamente em cada individuo.

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